terça-feira, 30 de setembro de 2008

Atribuição de casas em Lisboa: o caso de Baptista-Bastos

Vou citar-vos esta passagem de um artigo de Baptista-Bastos no Diário de Notícias de 16 de Setembro passado (aqui), a propósito da ética republicana de Eanes ao ter recusado receber retroactivamente uma pensão:

"Propuseram ao ex-presidente o recebimento dos retroactivos. Recusou. Eu não esperaria outra coisa deste homem, cujo carácter e probidade sobrelevam a calamidade moral que por aí se tornou comum. Ele reabilita a tradição de integridade de que, geralmente, a I República foi exemplo. Num país onde certas pensões de reforma são pornográficas, e os vencimentos de gestores atingem o grau da afronta; onde súbitos enriquecimentos configuram uma afronta e a ganância criou o seu próprio vocabulário - a recusa de Eanes orgulha aqueles que ainda acreditam no argumento da honra"

Entre os poucos nomes tornados públicos no caso da atribuição discricionária de casas em Lisboa surge o nome do jornalista (escritor?) Baptista-Bastos. Quer-me parecer que Baptista-Bastos vai ter de reconhecer que também ele quis ir atrás de um favorecimento privilegiado inacessível ao comum dos mortais. Faz o que eu digo, não faças o que eu faço....

Atribuição de casas em Lisboa: o caso da Quinta do Lambert

Felizmente há memória histórica! Recomendo uma leitura ao artigo de Mário Crespo no Jornal de Notícias de ontem (29-Set) sobre a questão da atribuição discricionária de casas em Lisboa. Mário Crespo relata o exemplo da Quinta do Lambert em que os respectivos promotores imobiliários acordaram com a Câmara Municipal de Lisboa (à data presidida por Krus Abecassis) que esta receberia como contrapartida pela cedência dos terrenos um dos prédios, com 20 a 30 apartamentos completamento equipados. Mário Crespo recorda-se de a lista de beneficiários incluir advogados, arquitectos, engenheiros, médicos, muitos políticos e jornalistas, tudo gente muito necessitada, e de estes pagarem rendas absolutamente irrisórias (ver aqui o artigo).

Afinal ainda temos de apostar mais no acesso à banda larga

A Comissão deu início ontem a uma consulta pública sobre as respostas políticas e do sector privado às oportunidades que podem ser geradas pela futura Web 3.0. Para tal, procedeu à divulgação de duas comunicações importantíssimas, uma sobre o que chamam de "Internet das coisas" porque pressupõe que a interacção sem fios entre máquinas, veículos, aparelhos, sensores e outros dispositivos se processará via Internet (aqui), outra sobre as redes informáticas do futuro (aqui).

A Comissão Europeia revelou ainda o novo índice de desempenho da banda larga que compara o desempenho nacional relativamente a medidas fundamentais, tais como a rapidez do acesso, o preço, a concorrência e a cobertura da banda larga. A Suécia e a Holanda lideram este campeonato da banda larga europeia. Portugal neste novo índice não vem tão bem posicionado como seria desejável face aos investimentos que têm sido feitos: estamos apenas em 15.º lugar.


Portanto, há ainda um longo caminho a fazer... se calhar, para além de dar computadores, o Governo também devia apostar em fazer baixar o preço da banda larga em Portugal. Mesmo no índice mais tradicional de penetração da banda larga, que costuma ser mais vezes citado pelo Governo, os dados da Comissão Europeia revelam que estamos em 17.º lugar e que apenas 16,1 em cada 100 habitantes têm acesso à banda larga, abaixo da média da UE de 20/100 habitantes e dos lugares cimeiros da Finlândia, Dinamarca, Holanda e Suécia, todos entre 30 e 35 por 100 habitantes.

Ser Benfiquista



Sou do Benfica
E isso me envaidece
Tenho a genica
Que a qualquer engrandece
Sou de um clube lutador
Que na luta com fervor
Nunca encontrou rival
Neste nosso Portugal
Ser benfiquista
É ter na alma
A chama imensa
Que nos conquista
E leva à palma
A luz intensa
Do Sol que lá no céu
Risonho vem beijar
Com orgulho muito seu
As camisolas berrantes
Que nos campos a vibrar
São papoilas saltitantes

Atribuição de casas em Lisboa: os primeiros esclarecimentos


Finalmente António Costa e Ana Sara Brito vieram explicar as notícias que têm sido apresentadas na comunicação social sobre a atribuição discricionária de casas em Lisboa (ver aqui).

Por um lado, Ana Sara Brito prestou, a meu ver, os esclarecimentos factuais adequados face às suspeitas suscitadas pela comunicação social, mas não deu explicações sobre aquilo que é o ponto essencial de toda esta polémica: por que razão foi ela privilegiada com a possibilidade de um arrendamento em condições tão favoráveis no centro de Lisboa? Esse tratamento preferencial ou mais favorável que tem ser apreciado. Os restantes esclarecimentos são meros detalhes deste processo. Louve-se ainda o facto de ter denunciado, por livre vontade, o arrendamento que tinha há 18 anos no momento em que se tornou vereadora com o pelouro da habitação.

Já António Costa veio anunciar o inevitável: a lista dos imóveis, dos beneficiários e das rendas pagas será divulgada. Aguarda-se apenas por autorização favorável da Comissão Nacional de Protecção de Dados para essa divulgação. Espero que não se encontrem subterfúgios jurídicos para evitar a transparência destas práticas muito pouco abonatórias da ética de serviço público.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Ao telefone com a Casa Branca


"Olá George! Parece que o Congresso de Representantes acaba de chumbar o plano que eu e o Secretário de Estado do Tesouro Paulson tínhamos preparado."

(Do outro lado, "O quê??!")

"Sim... sim. Perdemos. 228 votos contra, 205 votos a favor. E agora, George?"

…Rir é de facto o melhor remédio!


No meio desta trapalhada toda em que o mundo anda envolvido, acontecem sempre episódios que não deixam de ter a sua graça…:

Aconteceu, na semana passada numa rádio, em Lisboa:

Locutor:- Quem fala?

Ouvinte:- É o Vicente.

Locutor:- De onde, Vicente?

Ouvinte:- Lapa!

Locutor:- Olha aí, Vicente da Lapa! Para ganhares o kit com T-Shirt e CD dos Perfume. Presta atenção! Qual é o país que tem duas sílabas e se pode comer uma delas? Prestou bem atenção? Há um país com 2 sílabas e 1 delas é muito boa para se comer. Dez segundos para responder. Ouvinte:- CU BA !!!

Locutor:(mudo por alguns segundos e algumas gargalhadas no fundo) - Está certo, senhor Vicente! Vai levar o prémio pela criatividade. Mas aqui na minha ficha estava escrito JA PÃO .

Lux Frágil – 10.º aniversário


É hoje que a discoteca mais importante de Lisboa faz 10 anos! Quem diria que já passaram 10 anos! Quem não tem boas memórias de grandes noites passadas no Lux. O Lux conseguiu impor-se – e hoje já não é o exclusivo de uma só geração – porque soube apostar na qualidade da oferta mas também na capacidade de saber, ao longo destes anos, estar à frente da mudança sem, no entanto, perder as suas referências principais. Além do mais, é um dos locais mais cosmopolitas e democráticos da cidade de Lisboa, onde tudo e todos convivem, independentemente de qualquer rótulo social, de qualquer nacionalidade ou mesmo idade. Imagino que hoje em Lisboa o objecto mais desejado e procurado deve ser o convite para a festa de aniversário.

Carla Bruni: "uma rapariga toda giraça"

A crise já atravessou o Atlântico

Para muitos inevitável, para outros indesejável e para outros improvável. O que vão dizer e fazer agora os governos e os reguladores financeiros europeus?

Pois bem, o Fortis, maior banco belga e com grandes ligações ao Millenium BCP, vai ser parcialmente nacionalizado custando 11.200 milhões de euros aos erários dos estados belga, holandês e luxemburguês, evitando, assim, a declaração de insolvência. No caso do Fortis, não foram apenas os créditos problemáticos, também se fala em falta de capacidade financeira para assumir a quota-parte de responsabilidade no negócio de tomada de controlo do banco holandês ABN-AMRO.
Por outro lado, no Reino Unido, depois do Northern Rock, o Bradford & Bingley estava também à beira de ser objecto de controlo estatal. Adivinhem qual era a especialidade deste banco comercial? Emprestar dinheiro a senhorios para comprarem imóveis para arrendamento. Mais um facto curioso: David Cameron, líder do Partido Conservador, na oposição, já se manifestou contra qualquer nacionalização por ser prejudicial para os contribuintes. Essa vai ser outra consequência ainda não previsível desta crise: até que limite os contribuintes-eleitores vão tolerar a socialização dos prejuízos dos bancos privados?

Os novos sinais deste domingo são claros: a crise chegou à Europa e vai começar a fazer estragos porque não podemos esquecer que o fenómeno financeiro, em particular o bancário, é feito de interdependências, seja em participações cruzadas, seja em partilha de riscos em negócios e parcerias conjuntas. É que não são só as economias que estão interligadas por força da globalização. Também o universo financeiro é quase plenamente globalizado e, por isso, se as instituições fundadoras mais importantes do sistema caírem, também as outras virão atrás como um castelo de cartas.

A caminho do abis…, perdão, desconhecido/mudança!


Ainda a propósito das eleições dos E.U.A., penso que anda tudo com enormes expectativas, sobre o resultado das mesmas. Sobre qual é o melhor candidato, e qual será o melhor para comandar o destino dos Americanos, e consequentemente, do Mundo. É caso para dizer – muita parra e pouca uva… Receio… Eu bem sei que os Estados Unidos da América têm assumido, sobretudo desde a segunda guerra mundial, o papel da liderança do mundo. Também sei que muito do sistema económico, sobre o qual o mundo ocidental se baseia – o liberalismo, ou como muitos gostam de chamar, o neo-liberalismo, tem os seus principais guardiões e agentes, do outro lado do oceano. Mais concretamente, os E. U.A.. Todo o esquema como a sociedade se organiza, modelos exemplares baseados (vulgo case-studies) na meritocracia, onde qualquer um independentemente das suas origens, pode chegar longe (por vezes são mais as vozes que as nozes) – o american dream, parece agora dar sinal de ruína… O sinal é tão evidente, que parece agora estar a inventar-se uma espécie de CAPITANISMO (uma mistura conveniente entre capitalismo e socialismo/comunismo), para salvar os dedos, onde parece já não haver anéis. Pois os anéis foram todos comprados a crédito, e o subprime ao invés de ser um erro, num determinado nicho, é mais mainstream do que parecia. Se fosse por culpa só de “meia-dúzia” de desgraçados, não teria chegado para começar aquilo que todos (eu próprio incluído) anteviam – a maior crise económico-financeira desde os anos 20/30. E tenho para mim que esta crise foi mais gerada pela falta de ética e rectidão (valores), que certos senhores, (vulgo agentes, e também conhecidos por administradores/gestores) que neste sistema de capitalismo popular, onde o capital das empresas se encontra muito disperso, e onde os resultados são os verdadeiros indicadores de performance, a tendência é para fazer batota. Forjar resultados, pelo menos no curto prazo compensa, enche os bolsos dos administradores, e os investidores/accionistas ficam contentes com as performances das empresas, o mercado compensa com a cotação bolsista. É uma mentira pegada (nalguns casos, obviamente; infelizmente não foram assim tão poucos)! E reafirmo que o mal está aqui… Afinal os guardiões e propulsionadores do capitalismo, sistema que serviu de base para a democracia como a conhecemos, são os primeiros a aldrabar, e descredibilizar o próprio SISTEMA.

Acho que os problemas que os E.U.A. atravessam não serão resolvidos pela eleição de um novo presidente. Bem sei que o estilo, e o tipo de políticas podem alavancar mais depressa e facilitar certos processos. Mas neste momento vejo a maior parte dos países com medo da crise, outros nem por isso. Até porque o mal de uns é sempre o bem dos outros (e lembrem-se de que o grande impulso dos EUA, dá-se com a Europa de rastos nos pós - II guerra mundial). Mas o que está em causa é todo um sistema de equilíbrio de forças. Já se sabia que o liberalismo, e a globalização iriam por em jogo forças que certamente, para os mentores da “coisa”, iriam ser difíceis de controlar. E neste momento vemos os países “indexados” ao sistema americano apavorados, como se de uma companhia em franchising se tratasse. Onde o master está doente, e os franchisados temem pela sua saúde… E por vezes tal de facto acontece. Veja-se o caso Marks & Spencer (cadeia inglesa que detinha lojas espalhadas pelo mundo inteiro – incluindo Portugal), mas que de repente se viu em maus lençóis, acabando por ter de cingir a sua actividade à terra natal, voltando às origens . São coisas que naturalmente acontecem… Como referi em post anterior, o mundo não é linear, mas vive entre equilíbrios e desequilíbrios.

Penso que não temos razões para desanimar, apenas se está a desenhar um novo mundo e que teremos de saber viver com ele. Obviamente sem deixar de lutar por aquilo que acreditamos… Como dizia Hugo Chávez (e não nutro qualquer tipo de simpatia pelo senhor, mas o que é facto é que vai dizendo algumas verdades incómodas), na sua visita de fim-de-semana a Lisboa, o mundo neste momento passou de unipolar para multipolar, quer queiramos ou não, e independentemente daquilo que possa ser a nossa opinião sobre isso. E digo mais, como disse à comunicação social António Vitorino, aquando da vitória de José Sócrates nas últimas legislativas - Habituem-se!...

domingo, 28 de setembro de 2008

Habemus acordo!


E depois de tantos avanços e recuos, o Governo e o Congresso dos EUA, com a benção dos candidatos McCain e Obama, chegaram a um acordo (ver aqui) relativamente ao plano financeiro de salvação do sistema financeiro americano. E logo no início o projecto legislativo é claro ao "conferir autoridade ao Governo Federal para adquirir e garantir determinados tipos de activos problemáticos com vista a assegurar estabilidade e a prevenir a disrupção na economia e no sistema financeiro, bem como a proteger os contribuintes". O acordo alcançado prevê que os 700.000 milhões de dólares sejam disponibilizados faseadamente, mas 250.000 milhões de dólares ficarão já disponíveis.

"Lisboagate" - transparência exige-se

Muito se tem falado sobre a atribuição discricionária de casas em Lisboa - a que já chamam pomposamente "Lisboagate" - mas ainda se sabe pouco sobre os beneficiários dessa prática pouco transparente e já com muitos anos, envolvendo todos os partidos políticos (PS, PSD, CDS, PCP) e vários presidentes (Abecassis, Sampaio, Soares, Santana, Carmona e até Costa).
Para além do natural apuramento de eventuais responsabilidades criminais e disciplinares, já em curso pela mão de Maria José Morgado, julgo que o que todos os lisboetas querem saber é quem são as pessoas que habitam em casas e outros imóveis atribuídos de forma não transparente pelo município de Lisboa. Quem são? Que imóveis estão atribuídos? Quanto pagam pelas casas? Há quanto tempo e por quanto tempo? Como foram atribuídos?
É que, pelo que tem vindo a público através da comunicação social, nos mais de 3.000 (três mil!) imóveis nessa situação não estão apenas pessoas carenciadas. Há também artistas, jornalistas, políticos, etc. Até agora os casos já conhecidos são escassos (dois motoristas de Santana Lopes, a directora da Segurança Social de Lisboa, o comandante e dois chefes da Polícia Municipal, uma artista da canção popular, secretária pessoal da fadista Amália Rodrigues, o jornalista-escritor Baptista Bastos, a actual vereadora Ana Sara Brito, a actual chefe de gabinete de Marcos Perestrelo). Se calhar nem o município de Lisboa sabe!

A posteriori

Não posso deixar de sugerir uma visita a este post no Arrastão para perceberem a que ponto chegaram os abusos relacionados com a atribuição de casas

sábado, 27 de setembro de 2008

Iraque e crise financeira: o mesmo discurso do medo



George W. Bush. Sempre o mesmo discurso, sempre a mesma ladainha retórica. A ideia é sempre a mesma: dramatizar a situação, aplicando a chantagem do medo, seja relativamente ao Iraque, seja relativamente à crise financeira.
São 4 minutos imperdíveis (via Jon Stewart)

Aquecimento global: se nós desistirmos, eles desistem


Esta campanha lançada pela Quercus pretende alertar as consciências para o problema do aquecimento global e como ele atinge todos os seres vivos que habitam o nosso planeta. Em menos de um minuto, a mensagem é clara: depende de nós.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Mais perguntas pertinentes sobre os computadores Magalhães distribuídos pelo Governo


Ontem, no programa semanal Quadratura do Círculo da SIC Notícias, discutiu-se “O Magalhães” (ver o programa completo aqui), o computador e a iniciativa do Governo.
Pacheco Pereira e Lobo Xavier fizeram a António Costa (que teve o papel ingrato de responder pelo Governo, quando se compreende que não esteja nem tenha de estar por dentro de tudo) enunciaram várias dúvidas que, como já havia aqui dito, não são assim detalhes tão insignificantes. Pacheco Pereira e Lobo Xavier fizeram as perguntas que, por razões de transparência e também para demonstrar a validade da iniciativa do Governo, que eu continuo a considerar muito positiva, há muito já mereciam ter tido uma resposta ou um esclarecimento. A saber:
Lobo Xavier
1 – O Governo aparece a dar computadores nas escolas mas o Governo comprou os computadores a alguma entidade? Sem concurso público, sem qualquer lógica de contratação pública? Ou o Governo está a dar computadores que não são do Governo?
2 – Quem é que financia a iniciativa do Governo? Quem paga os € 200 milhões que custarão os 500.000 portáteis que vão ser distribuídos? O programa vai manter-se nos anos seguintes (2009, 2010,…)?
3 – Por que é que foi escolhida a empresa JP Sá Couto, de Matosinhos, e não outra? E as restantes empresas que vendem computadores portáteis?
4 – Quem paga as licenças de software dos programas que estão instalados nos computadores? Quem é que está envolvido no fornecimento do software?
5 – Como é se chegou ao preço de € 50, quando o preço na FNAC é de € 285?
6 – Como se justifica uma decisão de dar computadores aos filhos de pessoas com rendimentos elevados e que não precisariam de ter esse apoio do Estado?
7 – Qual é a capacidade de produção dos 500.000 computadores se a empresa só consegue produzir 20.000 por semana? Qual é a logística de distribuição dos computadores?
Pacheco Pereira
8 – Faz sentido que as crianças do ensino básico tenham um computador individual para utilizar na escola, tendo em conta o tipo de aprendizagem que aí é dado? Há alguma vantagem pedagógica da utilização de um computador individual nas salas de aulas? Tem alguma utilidade do ponto de vista educativo no ensino básico?
9 – Faz sentido uma iniciativa deste género em Portugal, tendo em conta que este tipo de computadores foi pensado para países menos desenvolvidos (como vem referido no site da Intel), nos quais as crianças não têm acesso a computadores?
10 – O Governo está a oferecer um computador ou um brinquedo? A formação dos professores está a ser feita de forma adequada? Estarão os professores preparados? Como vai ser feito o escrutínio da utilização dos computadores?

São 10 perguntas pertinentes que infelizmente a página na Internet do programa e-escolas não esclarece.

Adivinhem quem vem passar o fim de semana a Lisboa

Da fogueira ainda só saiu fumo negro

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Os meninos à volta da fogueira...












...vão aprender coisas de sonho e de verdade
Vão aprender como se ganha uma bandeira
Vão saber o que custou a liberdade

Ainda não há fumo branco em Washington.

A relatividade dos números

Se o Congresso daqui a umas horas o autorizar, 700.000.000.000 de dólares (480.000.000.000 de euros) é o valor do fundo a criar pelo Governo dos EUA para assumir os créditos duvidosos resultantes do subprime, o já famoso "bail out".

É muito? É pouco? Bem, depende... como tudo na vida.

É muito se pensarmos que o PIB português em 2007 foi de uns pobres 162.919.000.000 de euros, ou seja, quase 3 vezes menos.
É muito se pensarmos que cada habitante da Terra teria de contribuir com 117 dólares para o fundo.
É muito se pensarmos que esse valor equivale à fortuna de 12 Bill Gates.
Pode não já parecer assim tanto se pensarmos que a guerra do Iraque já custou 600.000.000.000 de dólares.
Continua a ser muito se pensarmos que o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-Moon, só precisa de 1/10 desse valor para atingir os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio.

Mas é pouco se pensarmos que o Relatório Stern sobre os Aspectos Económicos das Alterações Climáticas (um calhamaço de 700 páginas que já tive de consultar por razões profissionais) estima que o custo económico e financeiro do aquecimento global pode atingir 9.000.000.000.000 de dólares se nada for feito nos próximos 10-15 anos, ou seja, quase 13 vezes mais.

Afinal de contas, os números não são assim tão relativos. As prioridades dos nossos políticos é que são relativas.

Mário Soares desarmante e não só


Qual é o 3.º elemento pictórico?

O mito da propriedade

Mesmo com o cenário de incerteza que hoje se vive, não só nos mercados financeiros, mas também na economia real, o mito persiste. Quanto mais pobre é um povo, maior a necessidade de mostrar a pouca riqueza quem tem. Em vez de se alocar recursos financeiros, vulgo rendimento familiar, já de si parco em face das necessidades, preferimos TER para MOSTRAR. São "pequenas" coisas que muitas vezes fazem a diferença entre quem pensa a longo prazo, mostrando que sabe viver, e quem procura resultados imediatos, mas muita das vezes insipientes e insustentáveis no tempo. Já para não falar da escolha da localização da casa. Escolhe-se um sítio na periferia das grandes cidades que é mais barato, e depois temos de comprar, e sustentar dois carros para nos podermos deslocar para o trabalho, ou para onde quer que seja. Temos 160m2, mas em nenhures... Além de que, como hoje em dia os empregos são para a vida, temos de ficar agarrados a um empréstimo 40 anos, pois à partida não vamos sair do mesmo sítio, não é assim !? É caso para dizer, vamos lá a pôr as nossas "cabecinhas" a pensar, para termos uma vida melhor, e não ficarmos reféns das nossas próprias opções, só porque o vizinho também tem, e eu/nós não podemos ficar atrás... O mercado apresenta várias soluções, para diversas necessidades, algumas delas pecam por não ser do nosso agrado, é certo. Mas na altura da decisão, o TER tem o peso relativo mais elevado, e apesar de por vezes ser a decisão mais irracional, acaba por levar a melhor. Haja alguém que pense, com os pés assentes na terra, por favor. Apreciem o vídeo...

Mário Soares desarmante.




O “animal político” aos 84 anos continua fazer aquilo de que as outras bichezas politicas apenas falam.
“O caminho faz-se caminhando”, e o ex-presidente da Republica provou pela força do exemplo que mesmo um “alvo” da sua envergadura pode caminhar livremente e com segurança pelas ruas dos bairros mais problemáticos do país.
Na companhia da Clara Ferreira Alves e de um pequeno grupo de técnicos de som e imagem, Mário Soares dispensou qualquer escolta ou segurança, e com toda a espontaneidade falou sobre as origens da Cova da Moura ou da Quinta da Fonte, das pessoas que os habitantes, não no conforto do estúdio, mas lá onde as coisas e se vivem com mais ou menos ódios e solidariedades. Expôs-se aos populares no seu quotidiano, sem se intrometer no mesmo, com o mesmo saber estar entre diferentes fazendo-se passar por seu igual que lhe valeu tantas vitórias eleitorais no passado, e assim, sem preparação, viu interrompidos alguns dos seus diálogos com a jornalista, por pedidos e saudações dos habitantes por quem passava.
O programa é curto demais. Mais de que qualquer episodio diário de telenovela. A isto soma uma boa dose de improviso, que lhe confere genuinidade mas que lhe retira conteúdo. O episódio de hoje poderia ter apenas 5 minutos. Teria o mesmo efeito. Com um passeio conversado, desmascarou o sistema mediático que vende a verdade por troca de uma caricatura que lhe dê mais 1% no share. O sangue vende, mesmo quando vendido com nojo. Para a classe média cada noticia que a diferencie daqueles que lhe varrem o chão ou aspiram a casa, é confortante, e as direcções de informação sabem que é aquela que realmente lhes paga os ordenados. O espectador médio afunda-se no sofá e dedica-se à televisão, ele intima e inconscientemente espera que esta lhe retribua essa dedicação, que se preocupe com ele e o faça sentir especial. A cobertura dos incidentes gravados da Quinta da Fonte ou dos homicídios da Cova da Moura foram demonstrações cabais do excesso de zelo com que os nossos jornalistas “protegem” os que lhes são iguais daqueles que são diferentes (em etnia, posição social ou cor da pele). O que dá share não é a isenção ou a pedagogia mas sim o sentimento de pertença. Se esse sentimento é construído sobre uma caricatura dos tais “outros”, não há melhor cimento para esse sentimento do que o medo.
Na “temível” Cova da Moura, um residente (branco) interpela Mário Soares e pergunta-lhe se não tem medo de estar ali, ao que este responde:
-“Não tenho medo de nada!”
Entre seringas no chão das ruas do Casal Ventoso, Mário Soares denuncia o trafico e consumo que testemunha enquanto grava.
Na Quinta da Fonte, o popular “bochechas” responde aos anseios de quem lhe pede apoio e atenção para os problemas do bairro, mas também sabe rebater os argumentos da residente que “não gosta dos pretos”.
Tivesse a TVI feito um Jornal da Noite em directo da Quinta da Fonte como sabe fazer durante dias a fio à porta de estádios de futebol, e teria prestado melhor serviço a todos. Principalmente se noticia-se no local desses acontecimentos circunstanciais, as estatísticas que desmentem a histeria securitária com que as Manuela Moura Guedes e os Paulo Portas deste país nos querem contaminar.
Hoje sabemos que se não estamos melhor, se não vivemos de maneira diferente só a nós o devemos. Até os espanhóis já são nossos amigos.
Serve a muitos interesses económicos e políticos este alarme de desconfiança social. Querem fazer-nos crer que o nosso inimigo interno, são exactamente aqueles que são mais explorados e que estão mais desprotegidos e.
Certas são as receitas com que Mário Soares termina este episódio de “O caminho faz-se caminhando.”.
Perante as ameaças mais brutais nunca recorreu às armas.
Perante as crises mais ameaçadoras, devemos votar sempre na esquerda porque só esta garantirá alguma protecção às minorias, aos mais pobres, nos momentos mais difíceis para todos.

Ámen,

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Vamos falar sobre caça?

Por princípio ideológico, caçar não é uma actividade que me atraia muito porque me parece, por um lado, que desde há muito que o Homem já não precisa de se dedicar a esta actividade por razões de subsistência alimentar e, por outro, que o Homem tem outras formas de se ocupar em actividades lúdicas. Mas acabo por reconhecer que existe uma forte tradição cultural em Portugal e que seria absurdo pura e simplesmente proibir esta actividade. Até porque também teríamos de usar os mesmos princípios para outra actividade aparentemente menos sensível: a pesca lúdica.

O que me aflige é o actual regime jurídico da caça, ou seja, as regras do jogo da caça. Também me parece aflitivo que a caça ainda possa ser definida, de forma lírica, como, e vou citar a Lei de Bases da Caça, “a forma de exploração racional dos recursos cinegéticos”, sendo estes “as aves e os mamíferos terrestres que se encontrem em estado de liberdade natural, quer os que sejam sedentários no território nacional quer os que migram através deste”. Exploração racional? Para mim, não pode deixar de ser uma tradição social muito enraizada, hoje destinada a ter um carácter recreativo.

Mesmo aceitando a caça como uma actividade económica de exploração racional, imagino que para efeitos de controlo de aves e mamíferos terrestres, ela não poderá deixar de ser realizada exclusivamente em zonas especialmente preparadas para o efeito, ou seja, bem delimitadas e separadas de zonas de habitação ou de zonas onde se exerçam outras actividades (por exemplo, rurais).

O actual regime da caça admite que uma determinada propriedade privada possa ser utilizada para a finalidade da caça porque apenas proíbe a caça, sem o consentimento de quem de direito, em algumas áreas (terrenos murados, quintais, parques ou jardins anexos a casas de habitação e quaisquer terrenos que circundem estas numa faixa de protecção que está fixada em 250 metros). Porque, para além da faixa de protecção de 250 metros, qualquer propriedade privada pode ser utilizada para caçar, mesmo sem o consentimento do proprietário. Isto não me parece próprio de um Estado de Direito. Até há um acórdão do Tribunal Constitucional (já me falaram dele, não o li, mas vou tentar descobri-lo) que já reconheceu a prevalência do direito a caçar sobre a protecção da propriedade privada.

É certo que a lei prevê o “direito à não caça”, mas mesmo esse suposto direito está definido como uma faculdade dos proprietários de requererem, por períodos renováveis, a proibição da caça nos seus terrenos, quando, a meu ver, o que deveria ser estabelecido era precisamente o contrário: o direito à caça em propriedade alheia deve apenas acontecer se tiver havido previamente consentimento do proprietário.

Mas há mais: a caça furtiva é uma realidade, o número de caçadores sem seguro obrigatório de responsabilidade civil é alarmante, as associações de caçadores (pela sua natureza) não podem ser acusadas de crimes de dano, a fiscalização pelas autoridades é inexistente (porque há um conluio muito grande entre estas e caçadores) e o SEPNA (serviço de protecção da natureza e do ambiente da GNR) não tem uma implantação territorial adequada.

Caçadeiras para os rapazes!



No nosso “ambiente” rural, as armas também são bens (bem) comuns. Nomeadamente as caçadeiras comummente utilizadas cá pela terra para, está visto, ir caçar!

No Portugal agrícola, até ao inicio dos anos 80 do século passado, haveria, por ventura, menos armas para caçar do que enxadas para lavrar. Os subsídios comunitários alteraram este panorama, e hoje não arriscaria semelhante estimativa. Certo é, que quem usa uma fisga aos 5 anos, e pega na pressão-de-ar aos 10, aos 16 já caça com o pai, e não é por isso que certo dia dá em confundir as perdizes com os colegas da escola.
As armas usadas nos massacres “americanos e finlandeses” não foram armas de caça. Vamos lá deixar o "ti Zé" e o "compadre António"em paz que esses sabem criar a prol em harmonia com a natureza e com os outros. E até é bem bom ir à caça mesmo sem disparar um tiro.

O factor diferenciador dos EUA e da Finlândia, para o nosso pacato Portugal não é o ratio arma/habitante (os gajos ganham mais e as armas são mais acessiveis). Esse factor negro é a cultura securitarista!

Nós tivemos uma padeira que limpou o sarampo a uma data de "paelhas". Apartir dai a unica coisas que nos disseram para temer são as correntes de ar e o casamento.
Quando se junta o medo do outro, com a cultura do salve-se a si mesmo, muito própria dos grandes espaços e do individualismo protestante, temos um caldo que em cabeças mais “fechadas no armário” pode azedar.
Os norte-americanos que cresceram com medo do russo mau, ensinaram os filhos a ter medo da própria sombra. O finlandês que cresceu com medo dos vizinhos comunistas, ensinou ou o filho a desconfiar dos próprios vizinhos.
O medo é o detonador.
Estes massacres acontecem em sociedades culturalmente deprimidas que sobrevalorizaram a individualidade, muito para alem da empatia pelo outro e pela sua própria ordem social.
Não haver armas de guerra disfarçadas de armas de defesa pessoal à venda para qualquer um também ajudaria imenso…
Com uma caçadeira de ir aos coelhos é mais difícil matar burros em série.
Àmen

Uma noite bem passada...

Anotem nas vossas agendas. Patricia Barber, 3 Novembro, 21h30 - Teatro Camões

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Já agora


Refere a SIC (aqui) que Maria de Lurdes Rodrigues salientou que, tal como acontece com a distribuição de portáteis a alunos do terceiro ciclo e do secundário, "este programa não é suportado por dinheiros públicos, mas pelos operadores de telecomunicações, através de um fundo que está previsto desde que foram autorizadas as licenças para os telemóveis de terceira geração".

Isso não é bem assim.

É verdade que o dinheiro resulta de uma (boa) decisão do Governo de tornar possível o cumprimento das obrigações assumidas pelos operadores de telecomunicações móveis de terceira geração baseados na norma UMTS no âmbito do concurso público realizado em 2000, atraves da criação de um fundo destinado ao desenvolvimento e promoção da sociedade da informação em Portugal (cfr. Resolução do Conselho de Ministros n.º 143/2006, de 30 de Outubro).

Já não é verdade que os dinheiros não sejam públicos e sejam dos operadores de telecomunicações móveis como alega a Ministra. Peço desculpa mas desde quando é que as receitas relativas às taxas pagas pelo licenciamento pelos operadores de telecomunicações móveis não são dinheiros públicos? E não estamos a falar de uns milhares de euros, estão em causa 1300 milhões de euros.

O que era interessante saber era: (i) como são tomadas as decisões de afectação desse dinheiro a determinados projectos; (ii) quem é responsável por essas decisões; (iii) quanto dinheiro já foi gasto e quanto dinheiro há para gastar. Um pouco de transparência republicana não seria mau neste caso.

Infelizmente é a comunicação social que temos


Subscrevo em absoluto as palavras do Daniel Oliveira relativamente àquela que foi apresentada como a grande "cacha" do dia pela comunicação social: os "Magalhães" vêm com os filtros do software de controlo parental desligados e, por isso, pobres das nossas criancinhas que vão começar a ter acesso a toda a pornografia existente na Internet.

Daniel Oliveira tem razão em duas coisas:

1.º - Devem ser os pais/encarregados de educação a decidir activar o sistema de controlo parental e os termos dos filtros a utilizar e não o Estado - como a tão chocada e puritana comunicação social veio exigir - antes de entregar os "Magalhães" às criancinhas.

2.º - As debilidades apontadas ao pobre "Magalhães" já existem em todos os computadores que estão ligados à Internet e nunca haverá um sistema totalmente infalível que evite que as crianças possam ter acesso a conteúdos menos próprios.

Foi também assinalado pela comunicação social que estes pequenos computadores afinal não são uma invenção portuguesa ou uma iniciativa orginal do nosso Governo. Foi referido que o "Magalhães", na verdade, de origem o Intel Classmate PC, têm homónimos por todo o Mundo. Se a nossa comunicação social fizesse alguma pesquisa, também poderiam dar conta do projecto de Nicholas Negroponte "One Laptop per Childen", cujo objectivo principal não é potenciar a capacitação tecnológica mas utilizar os computadores para melhorar a educação das crianças dos países mais pobres do mundo. Ou seja, um projecto com uma visão muito mais focada em dar resposta aos problemas mais difíceis dos países menos desenvolvidos.

O problema do acesso às armas


Mais um massacre numa escola, novamente na Finlândia, em Kauhajoki (depois de Jokela, Novembro de 2007), replicando os exemplos sangrentos já conhecidos dos EUA (Virginia Tech, em 2007, Columbine, em 1999, Texas, em 1991). O massacre, do qual resultaram 11 mortes, foi outra vez pré-anunciado na Internet, no You Tube, tendo a polícia chegado a questionar o autor do massacre na véspera sobre os propósito do video publicado na Internet, sem que o tivesse detido.

Não é de estranhar, porém, que este tipo de incidentes ocorram nos EUA e na Finlândia. Com efeitos, estes dois países ocupam os primeiros lugares no mundo no que diz respeito ao número de armas por habitante. Pode argumentar-se que o Canadá tem mais armas do que os EUA e que não existem registos de incidentes com armas. Pode ainda assinalar-se que é preciso não esquecer que a Finlândia é um país com grande tradição na caça. A meu ver, não pode deixar de se discutir não só a forma como é permitido o acesso às armas (controlando melhor a utilização de armas para fins lúdicos) como a forma como as crianças vão aprendendo a viver em ambientes belicosos.

Praxes académicas: o fim?


Aproveitando a deixa académica deixada pelo regressado Padre Amaro, não queria deixar de comentar uma das notícias do dia: Mariano Gago, Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, fez circular uma carta intimidatória relativa às praxes académicas, dando conta de que "sempre que tenha notícia da prática de ilícitos nas praxes, dela dará imediato conhecimento ao Ministério Público" e que "lançará mão dos meios aptos a responsabilizar - civil e criminalmente, por acção ou omissão - os órgãos próprios das instituições do ensino superior, as associações de estudantes e ainda quaisquer outras entidades que, podendo e devendo fazê-lo, não tenham procedido de modo a procurar evitar os danos ocorridos".

Nada tenho a dizer contra esta iniciativa do Governo, porque também condeno praxes que possam constituir ilícitos civis, criminais ou disciplinares. Acontece que o tom da carta de Mariano Gago poderá assustar as instituições do ensino superior e provocar efeitos contrários não desejados como o que está a acontecer no Instituto Superior Técnico, onde o presidente daquela instituição, pura e simplesmente, baniu a realização de quaisquer praxes.

Acabo por concordar com o presidente da AE IST (que prestou declarações ao Público, ver aqui) ao considerar "precipitada" a decisão dos órgãos directivos do IST, uma vez que o Ministro apenas quis apelar à responsabilização individual e colectiva e à capacidade de prevenção de situações ilícitas.

Como todos sabem, nunca tive muito apego às chamadas "tradições académicas" que considero sinais demasiado conservadores e impróprios do universo académico lisboeta. Em todo o caso, não vejo como possam ser repudiadas iniciativas que visam a integração de novos estudantes? Não acontece o mesmo nas empresas, quando um novo colaborador/trabalhador é admitido? Ou mesmo noutras organizações? Não é importante solidificar o espírito de união dos estudantes? E, já agora, por que não olhar também para outras festividades académicas? Acima de tudo é preciso bom senso... é que, já se vê, passam as praxes a realizar-se fora das instalações universitárias para se conseguir obstar a qualquer intervenção de uma autoridade académica.

E qual é a vossa opinião sobre isto?

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Do guichet da secretaria ao Congresso Marxista


O funcionamento dos serviços administrativos da Faculdade é pior que péssimo, o estudante recem matriculado pede à funcionária de serviço que lhe indique o canal através do qual pode expor a sua insatisfação pelo serviço prestado. Perante a resistência desta, o estudante recorre ao seu inato charme intelectual para melhor persuadir a exaurida trabalhadora, confessa-lhe que o conteúdo da sua comunicação visa apenas sugerir novos procedimentos, nada de queixinhas, e que estes são na defesa dos não só dos melhores interesses dos utentes mas também dos "direitos adquiridos" dos zelosos funcionários. Nem assim, talvez por temor de um mais ortodoxo desabafo, certamente agravado pelo desespero de um dia de esperas, as palavras do estudante não colhem qualquer empatia do lado de lá do "guichet". Apenas uma única justificação pré-gravada e mecanicamente reproduzida, "a culpa disto é das ordens que nos são dadas pelos superiores responsáveis"! O estudante numa tentativa de retratação e na sua humilde, reconhece ignorar o nome desses "Srs. superiores responsáveis". É então que assoma um pingo/mix de generosidade e sarcasmo ao olhar agora sibilante da "inferior irresponsável". Aquele olhar do tipo: "prepara-te que vou brilhar!"
-"A culpa é do ministério vá lá falar com eles, ou então faça queixa à associação (estudantes)" diz sua sapiência burocrática.
Um pensamento do tipo:"Eh pá, que esperta que tu és, nunca tinha pensado nisso, sem a tua ajuda não chegava lá..." acompanhado por uma gigantesca cara de parvo, corresponde às melhores expectativas da "administrativa", o estudante/utente está a caminho da “5th Dimension”, dentro de momentos sentir-se-á como se estivesse numa lista de espera com 7 anos para um transplante urgente do coração. Não há nada a fazer, e o estudante é bem mandado, e um remate do género,"se fosse nas finanças esperava mais e não refilava…", afasta-o antes de existir real perigo de contagiado do brilhante expediente.
O estudante dirigisse então à associação de estudantes.
"- É aqui que facultam os nomes e endereços dos "superiores responsáveis?"
A estupefacção é total, "o colega" não sabe que "isto é mesmo assim"?!.
- "Ò colega ainda tiveste muita sorte, só um dia de espera?! Há quem tire uma senha de um dia para o outro ", ("o colega" ou é estúpido ou mal intencionado, mas ok se quer ter trabalho...).
-"A AE tem uma caixa de sugestões, podes deixar lá um papelinho, que para a semana à reunião de direcção"
O estudante não gosto da sua letra e indaga novamente o colega da AE:
-"Não têm uma morada de e-mail para a qual eu possa dar conhecimento das sugestões que vou remeter aos "superiores responsáveis"?
-"colega tens sitio onde apontar?” (porra, que o gajo é mesmo estúpido! Espera…, se calhar é trabalhador estudante... coitado, se calhar não pode beber, se calhar já nem fod... ok, vou fazer-lhe a vontade!) É a bondade o sentimento invasivo que impele colega superior responsável da AE a ajudar?

No dia seguinte o estudante faz o que havia dito que ia fazer (estranho...), dá conhecimento à AE do texto que havia remetido aos "superiores responsáveis" da faculdade e com isso, voluntaria mas acidentalmente, revela o seu endereço electrónico aos colegas “superiores responsáveis” da AE.
.
O texto que se segue é o 1º texto que o estudante recepciona na sua caixa de correio, provindo da sua AE, após os factos relatados…



"Congresso Marxista
Call for Papers até 20 de Setembro

Call for papers prolongado até 20 de Setembro
A Comissão Organizadora do Congresso Marxista a realizar em Lisboa a 14 e 15 de Novembro dedidiu prolongar o prazo para entrega de propostas de comunicação até ao próximo domingo, 20 de Setembro, tendo em conta alguns pedidos que foram apresentados. Até agora, a Comissão Organizadora recebeu cerca de cem propostas, devendo o programa definitivo do Congresso estar concluído até final de setembro. Como oradores convidados, estão confirmadas as presenças de John Kraniauskas e Paulo Virno...[...]



Call for papers extended until september, 20
The Call for Papers for the Marxist Congress to be held in Lisbon on November 14 and 15 has been extended until next sunday, September 20. Until now, about a hundred proposals have been received. John Kraniauskas and Paulo Virno will be among the keynote speakers of the congress....[...]"


Àmen,

Hoje é o Dia Europeu sem Carros

O final da Semana da Europeia da Mobilidade tem hoje o seu dia final e também aquele mais significativo: o Dia sem Carros. Hoje, a iniciativa já não tem o impacto que teve em 2000 quando as autarquias aderentes acabaram por estabelecer objectivos muito ambiciosos (lembro-me que em Lisboa tudo o que era para dentro da chamada 1.ª circular estava vedado ao trânsito, ou seja, toda a circulação dentro da coroa Olaias, Avenida João XXI, Avenida de Berna, Praça de Espanha, até Alcântara estava proibida ou limitada).

Este ano, o dia comemora-se mais timidamente (menos autarquias, menos iniciativas, menos ambição), o que significa que os objectivos de sensibilização do público, através de melhor e maior informação, e de debate sobre os problemas da mobilidade urbana, bem como a possibilidade de as autarquias e de o Governo poderem aproveitar para testar novos meios de transporte (este ano, seria muito interessante a promoção dos carros eléctricos) ou novas formas de gestão urbana (este ano, seria também interessante que o poder político pudesse explicar o que é que as autoridades metropolitanas de transportes de Lisboa e Porto, recém-criadas, podem fazer para melhorar a mobilidade urbana e, assim, aumentar a qualidade de vida) não poderão ser promovidos de forma tão eficaz.

domingo, 21 de setembro de 2008

TED: uma experiência de permanente aprendizagem

Queria falar-vos do TED, uma conferência anual sob o lema "Ideas worth spreading", aliás dezenas e dezenas de pequenas apresentações com o máximo de 20 minutos com as mentes mais brilhantes do nosso globo. Tudo isso está reunido num site (www.ted.com), muito semelhante ao You Tube, mas focado na partilha de pequenas e grandes ideias, nos mais variados domínios (tecnologia, cultura, ciência, economia, gestão, arte, entretenimento, ambiente, etc, etc, etc).

O TED é um exemplo a juntar a tantas outras experiências que mostram como a Internet e as redes globais estão a mudar o nosso mundo. Nos dias que correm, a partilha de ideias e de conhecimentos passou a ser o motor da inovação e da creatividade.

Para mim, o TED, para além de ser uma experiência de permanente aprendizagem, passou a ser o meu novo vício diário, que, posso garantir-vos, não é nada enTEDiante.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

A propósito de mobilidade

Para os mais distraídos, estamos em plena semana europeia de mobilidade. Uma série de iniciativas estão a ser promovidas, para no futuro conseguirmos ter cidades mais sustentáveis, garantindo a mobilidade dos cidadãos e mercadorias. As causas para o actual estado da arte, são inúmeras. Vão desde o congelamento das rendas, no tempo do estado novo, e reforçado no pós-25 de Abril, passando pelo planeamento da própria cidade, a falta de uma estratégia bem definida, até à pouca racionalidade e eficiência com que são utilizados os recursos. Logo há de facto um longo caminho a percorrer, e uma série de comportamentos a alterar. Alguns deles estão a ser postos em causa, não porque as pessoas ganharam consciência disso, e de livre vontade alteram o que está mal. Mas sim porque a conjuntura macroeconómica assim o obriga. Afinal as crises também têm aspectos positivos, e alavancam a certas mudanças necessárias que de outra forma não ocorreriam.

Eu, pessoa cada vez mais atenta e interessada nestas matérias, e por acreditar naquela célebre frase de Peter Drucker – “a melhor maneira de prever o futuro é criá-lo…”, fui a uma conferência intitulada – Tecnologia Automóvel e os Desafios Energéticos: que Soluções para o Futuro? Teve como orador o Prof. Tiago Farias (DTEA-IST), e foi promovido pela Lisboa E-Nova – agência municipal de energia e ambiente.

Valeu a pena, claro que sim. Mas tenho para mim que isto da acessibilidade e formas de a fazer, onde se insere a mobilidade, ainda é um diamante em bruto. Ainda estamos na fase de investigação e experimentalismo… Aliás, atrevo-me a dizer que as soluções, e a forma como se vibra com a sua possível aplicação, estão ainda confinadas a estes pequenos auditórios. Onde por sinal só cerca de uma dúzia de pessoas (os “idiotas” da coisa e seus seguidores) vibram com estas soluções. E, temo que vibrem mas com a sua aplicação nos outros, pois eles têm estatuto para andar sempre de carro.

Resumindo, há muito trabalho a fazer. Têm sido dados pequenos passos, mas na generalidade, é tudo marketing… Carsharing da Carris, depois de ver o programa oficial completo, nem vê-lo. É pena… e mais uma vez era marketing.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Não sabemos mais que um miúdo de 10 Anos...!


Faz-me confusão toda esta instabilidade e incerteza que se vive no mundo ocidental nos dias de hoje. São, desde há cerca de um ano a esta parte, inúmeras as fatalidades e adversidades que têm acontecido em vectores fulcrais da economia mundial. Vão desde o imobiliário à energia passando pelo sector financeiro (mercado de capitais, banca e seguros).

Quando começamos a discutir as causas e soluções dos problemas que afectam os pilares da nossa sociedade, e que de certa forma já começam a beliscar a confiança das pessoas no próprio sistema, existem diversos pontos que são unânimes. Todos nós já percebemos o que está mal, os comportamentos que provavelmente teremos de mudar. Aliás, até se atribui muitas das culpas à especulação, e por vezes a uma certa usura descontrolada. Relembro que no passado longínquo era proibido a usura. Hoje temos as "Cofidis" a emprestar dinheiro a 28% ao ano. Depois dá asneira, as pessoas não têm capacidade para servir a dívida, as empresas financeiras entram em dificuldades de liquidez, os bancos centrais, e o estado por vezes intervêm. Recorremos à máxima sempre conveniente – lucros privados, prejuízos públicos…

Durante os últimos trinta anos viveu-se, de uma forma geral, com a sensação virtual, de que o mundo é linear. Ou seja, todos os anos as pessoas viviam melhor que no ano anterior, as empresas cresciam nos seus lucros constantemente, o PIB dos países crescia, ainda que às vezes de forma moderada, sendo o céu o limite… Ora isto não só não é verdade, como é insustentável, por muito que gostássemos, e que contrariemos legitimamente esta tendência.

Mas para variar ninguém ligou, as pessoas, empresas e estados sabia que isto não era eterno, mas pensaram, que não era para ligar nem para tomar medidas. Antes pelo contrário gastaram, e consumiram como se não houvesse amanhã. Portámo-nos na maioria como se fossemos um miúdo de dez anos, que além de ter o conhecimento limitado, não tem maturidade, nem experiência de vida. Logo tem desculpa para cometer certos erros. Nós, os adultos que tomamos as decisões que por vezes comprometem as gerações dos dito miúdos, Não!

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Manuel Pinho em alta

Ontem à noite, o Ministro da Economia Manuel Pinho foi à SIC Notícias para uma entrevista, que lhe correu globalmente bem.
Obviamente que a política energética do Governo foi analisada e aqui Manuel Pinho está como peixe na água. Mantém o tónico na importância das renováveis (sol, água e vento), está disposto a proteger os consumidores de aumentos abruptos do preço da electricidade (e, por isso, defende mecanismos correctivos que garantam a estabilidade tarifária, ainda que possam provocar défices tarifários) e acredita que o mercado português, uma vez libertado dos constrangimentos do passado e concretizados os investimentos em curso (reforço das eólicas e barragens) estará em condições de garantir maior concorrencialidade.
Foi também analisada a política de investimento do Governo, tendo sido analisados os macroinvestimentos em Sines, porto de águas profundas:
- reforço da capacidade da refinaria da Galp
- 2 novas petroquímicas (Repsol e La Seda)
- criação um cluster empresarial na nafta (para produção de plásticos, etc.)
- nova fábrica da Air Liquide para produção de gases raros
- construção da central de ciclo combinado.
Paralelamente, o Estado também investirá (construção de uma plataforma logística, melhoria das infraestrutura rodo e ferroviárias), sabendo corresponde às expectativas do investimento privado. O "velho sonho" de Sines pode mesmo renascer?
Julgo que Manuel Pinho neste momento, apesar da conjuntura negativa, atravessa um bom momento, tendo deixado para trás as "gaffes" e trapalhadas iniciais (2005-2006).
De facto, quando se governa bem, a probabilidade de se ser recompensado é maior.
Manuel Pinho terminou a entrevista criticando Manuela Ferreira Leite, a quem acusa de estar remetida às críticas abstractas e aos silêncios, quando os Portugueses pedem acção.

O lado negro da WWF


Todos os senhores acima já não estão vivos, faleceram alguns deles muito antes dos 40 anos.
Lembro-me na minha infância de ver na TV os “combates” de wrestling e de recordar algumas destas personagens. Um desporto, ou melhor, um espectáculo demasiado estúpido, mas que não é exclusivo dos EUA (também é muito popular no México).
O que é certo é que o abuso de esteróides, de analgésicos para aliviar as dores resultantes dos golpes que, apesar de simulados, não deixavam de provocar as suas dores, ou de drogas, bem como o treino físico extremo, só podiam ter este resultado: morte por ataque cardíaco ou outro tipo de complicações, por overdose de drogas e fármacos, suicídio, etc.
Live fast, die young, é o que se costuma dizer. Ainda sobrevivem alguns mais conhecidos como Hulk Hogan e Ultimate Warrior, o primeiro com um programa de televisão na MTC, o outro dá palestras sobre temas conservadores.

Maratona de curtas-metragens em Braga

Marquem nas vossas agendas: Festival Fast Forward Portugal nos dias 17 e 18 de Outubro em Braga.

O Festival Fast Forward Portugal é um festival de curtas metragens - já na sua 3.ª edição - em que os concorrentes são convidados a realizar um filme em menos de 24 horas. O filme em formato digital deverá ter até três minutos e respeitar o tema entregue no início do Festival a cada equipa. Partindo do tema, cabe às equipas escrever, filmar e editar o trabalho final até ao dia seguinte. Como diz a organização, "uma simples câmara de vídeo digital, um computador e software de edição de áudio e vídeo podem ser suficientes para um bom trabalho". A exibição dos filmes das várias equipas e a escolha dos vencedores será feita nessa mesma noite, este ano no Theatro Circo.

Muad'Dib não alinhas? Tu que já não és um estreante em curtas-metragens e que até já apareceste num festival de filmes de terror?

AIG também nacionalizado!

A noite já vai longa mas acabo de saber pelos jornais americanos na Internet que foi tomada mais uma decisão muito pouco própria do capitalismo financeiro americano. Duas semanas depois de o governo americano ter tomado conta das empresas de crédito hipotecário Fannie Mae e Freddie Mac, a Reserva Federal toma conta da AIG sob a ameaça de uma reacção em cadeia no sistema financeiro dada a importância da AIG a nível mundial.

Os contornos da engenharia financeira são os seguintes:
a) A Reserva Federal empresta 85.000 milhões de dólares à AIG, numa linha de crédito durante 2 anos, a uma taxa de 11,3% (Libor 3 meses + 8,5%);
b) Em contrapartida, ficam parqueadas na posse do governo federal, as acções respeitantes a 79,9% do capital social da AIG;
c) A AIG tentará vendar os activos que sejam necessários para pagar o empréstimo;
d) O governo federal poderá vetar o pagamento de dividendos aos accionistas.

Parece simples, não? Mas não acham que isto que é pôr os contribuintes (já que estamos a falar de dinheiros públicos) a avalizar a má gestão e os maus e arriscados investimentos "casineiros" da AIG? É que, sobretudo, existe um enorme problema de transparência destas empresas que leva a que esta decisão esteja sujeita a um risco também ele elevado. Será que se conseguirá afastar a incerteza do sistema financeiro mundial e recuperar a confiança dos agentes económicos?

A única vantagem disto tudo é que o debate da eleição presidencial no EUA pode centrar-se na economia e na melhor regulação do sistema financeiro americano, temas mais vantajosos para Obama, e evitar-se o isco lançado por McCain - a senhora Palin - para orientar o debate para questões morais, religiosas ou culturais.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Omissão do supervisor nacional de seguros

Os noticiários na televisão acabam por dar mais informação sobre a crise no AIG do que a própria autoridade nacional de supervisão do sistema de seguros e fundos de pensões - o Instituto de Seguros de Portugal - o que, a meu ver, é lamentável. Não há no sítio na Internet do Instituto de Seguros de Portugal qualquer comunicado ou esclarecimento aos consumidores de seguros e fundos de pensões nacionais.
Ainda assim, relata a RTP, o Instituto de Seguros de Portugal em nota à comunicação social veio dizer que "a exposição das companhias de seguros e fundos de pensões nacionais é reduzida" e que "a falência da AIG vai ter pouco impacto em Portugal".
Não estou muito preocupado com as seguradoras nacionais. Acho que deveríamos dar mais atenção aos tomadores de seguros e subscritores de fundos de pensões e de planos de poupança que, por exemplo, foram hoje resgatar as respectivas apólices nas instalações da AIG na Avenida da Liberdade, em Lisboa.
Relata a RTP que a AIG, que opera em Portugal através das suas filiais holandesa e francesa, tem 40.000 apólices activas em 10 cidades portuguesas. Não há, pois, maneira de isto não nos afectar a todos…

Tempos difíceis


Não, não vou falar do nosso CR7, nem saber se ele merece ganhar o troféu de melhor jogador do mundo. Olhem bem para o patrocinador na camisola do Manchester United: "AIG".

Ao que parece, a American Internacional Group (AIG), a maior seguradora americana, tem um dia (sim, 24 horas) para entre 75 mil e 80 mil milhões de dólares e evitar a falência, seguindo as pisadas do banco Lehman Brothers. Isto são quantas vezes o PIB de Portugal? O caso da AIG parece ser mais grave porque podem estar envolvidos fundos de pensões e outros produtos de capitalização de poupanças, bem como um montante incalculável de contratos cujo cumprimento é garantido pela AIG.

Ou se faz uma colecta rápida no metro de Nova Iorque (o que daria 1.000 dólares por cada um dos 8 milhões de habitantes da cidade de Nova Iorque) ou então tem de aparecer a Reserva Federal a providenciar essa verba, injectando esses tostões no sistema para que outros bancos possam ter liquidez e auxiliar a AIG. Despachem-se... porque só têm 24 horas.

O problema disto tudo é quem paga os riscos sistémicos provocados por esta crise financeira? No final, seremos todos nós que teremos de arcar com isto, seja nos juros, em especial os do crédito à habitação, seja nas comissões bancárias. Eu é que precisava de uma injecção de capital na minha conta bancária.



No outro dia no Bairro Alto não pude deixar de reparar num flyer que anuncia o seguinte :
"As primeiras agentes imobiliárias em Portugal para a comunidade LGBT".

De início não percebi bem de que se tratava. Afinal de contas, que tipo de necessidades diferentes terá a comunidade LGBT? Haverá apartamentos próprios para Lésbicas? ou Moradias para Gays? Será que se podem encontrar lofts para Bissexuais? Ou, eventualmente, um sótão para Transsexuais?

Tenho sérias dúvidas sobre quais serão as especificidades desta agência imobiliária, mas para uma comunidade que pretende direitos iguais e não ser discriminada, este não é um bom caminho.

Será que para usufruir dos serviços da Agência tenho q provar que me incluo numa das quatro categorias?

Tirem as dúvidas aqui: http://remaxlgbt.blogspot.com/

Consumidores e interesse público vs. interesses corporativos

Num relatório sobre o sector dos serviços profissionais e dos associações profissionais (disponível aqui), a autoridade de concorrência vem chamar a atenção para um conjunto de problemas de concorrência detectados neste tipo de serviços.

Que serviços são estes? Médicos, enfermeiros, dentistas, veterinários, farmacêuticos, arquitectura, advogados, notários, solicitadores, economistas, técnicos e revisores oficiais de contas, biólogos, engenheiros, entre muitos outros.

Que problemas são estes? São velhos conhecidos:
(i) Restrição no acesso ao exercício de uma determinada profissão;
(ii) A regra cada vez mais geral e não excepcional que faz depender o exercício de uma profissão de um determinado grau académico;
(iii) O problema da exigência de inscrição obrigatória numa ordem ou associação profissional para poder exercer uma profissão;
(iv) A pré-fixação de tabelas de honorários mínimos;
(v) A existência de regras internas nos estatutos ou código deontólogicos e de práticas dirigidas não aos interesses dos consumidores ou à garantia do interesse público mas única e exclusivamente aos interesses corporativos; ou ainda
(vi) Os limites à publicidade.

O relatório tem ainda em atenção a reforma estrutural verificada no ensino superior em consequência do Processo de Bolonha, bem como duas importantes directivas que aguardam transposição: a famosa Directiva Bolkestein ou Directiva Serviços e a directiva relativa ao reconhecimento das qualificações e graus académicos.

O contraste entre Portugal e Espanha é mais do que evidente.

Enquanto em Espanha se está a elaborar um novo enquadramento dos serviços profissionais, num quadro de grande debate nacional (daí a apresentação pela autoridade de concorrência espanhola do relatório atrás referido), já em Portugal - e sem qualquer discussão pública - foi aprovada uma lei ainda mais corporativa do que o "status quo": o chamado "Regime das Associações Públicas Profissionais" (Lei n.º 6/2008, de 13 de Fevereiro) que tem a esperteza saloia - não pode ter outro nome - de apenas ser obrigatório para as associações que venham a constituir-se após a sua entrada em vigor e nem sequer prever qualquer exigência de adaptação às já existentes, ainda que durante um período de transição.

Houve quem argumentasse que com este diploma, com regras aparentemente mais rígidas sobre a criação, a organização e funcionamento das associações públicas profissionais, se daria uma resposta efectiva à pressão sobre o Estado para a criação de novas associações públicas profissionaisl. Esta seria uma espécie de "lei travão" nesta matéria. Acontece que já na senda deste diploma foi criada mais uma nova ordem: a Ordem dos Psicólogos (de que já falei aqui há uns tempos). Gostaria de ver o estudo independente, que o "Regime das Associações Públicas Profissionais" passou a exigir, sobre a necessidade da Ordem dos Psicólogos em termos de realização do interesse público e sobre o impacto sobre a regulação da profissão de psicólogo.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Alessandro Zanardi

Este piloto italiano, hoje com 42 anos, estreou-se na Fórmula 1, com 25 anos. Disputou entre 1991 e 1999, cinco temporadas na categoria máxima do automobilismo, passando pela Jordan, Lotus e Williams, tendo chegado a vencer uma corrida. Ganhou ainda dois campeonatos CART (1997 e 1998) em quatro temporadas. Desde o final da temporada de 2003 que compete no campeonato de WTCC (World Touring Car Champion) onde, até ao momento, obteve uma vitória.

Por que é que falo hoje de Alessandro Zanardi? Primeiro, porque faz hoje 7 anos (15 de Setembro de 2001) que no "American Memorial on the Europeedway", no autódromo de Lausitziring (Germany), ele sofreu um acidente que teve como consequência a perda das suas duas pernas, depois de várias paragens cardíacas. Segundo, porque Alex Zanardi, além de ter voltado às pistas após o acidente, tem mantido uma actividade desportiva ímpar... ainda no ano passado disputou a maratona de Nova Iorque em "hand bike" na qual terminou em 4.º lugar e está presente nos Jogos ParaOlímpicos de Pequim'2008. Alex Zanardi, um exemplo de coragem...

Mais um ao fundo

Mais uma estocada no sistema financeiro americano. O Lehman Brothers, quarto maior banco de investimento dos EUA, pediu hoje que fosse iniciado o processo de insolvência desta instituição centenária. Depois do Fannie Mae e do Freddie Mac terem ido ao fundo (ainda assim receberam uma mãozinha divina e foram nacionalizados, pasme-se, pelo Governo federal), chegou a altura da banca de investimento começar a sentir os efeitos da crise financeira mundial.

E ao que dizem os analistas, os restultados que outros bancos de investimento bem conhecidos - Morgan Stanley e Goldman Sachs - vão apresentar também não são famosos... Fruto da notícia de hoje, os mercados financeiros mundiais estão todos em queda abrupta.

Queria, no entanto, mostrar um outro lado sobre o Lehman Brothers:

Primeiro, e esta informação consta do site oficial do banco, o Lehman Brothers teve este registo em 2007, que vou citar:

"- Lehman Brothers ranks #1 "Most Admired Securities Firm" by Fortune.
- Achieves record net revenues, net income and earnings per common share (diluted) for the fourth consecutive year based on record results in all three business segments.
- Acts as financial advisor on largest-ever M&A transaction in financial institutions sector: $98 billion acquisition of ABN AMRO by a consortium of the Royal Bank of Scotland, Santander and Fortis.
- #1 dealer on the London Stock Exchange by annual trading volume for the third year in a row."

Segundo, e fruto daquilo que era (aparentemente) a situação financeira do banco, o CEO Richard Fuld recebeu, relativamente aos anos de 2006-2007, um pacote de prémios no valor de 40 milhões de dólares e ainda dizia "Do we have some stuff on the books that would be tough to get rid of? Yes. Is it going to kill us? Of course not". Agora, talvez, seja altura de engolir em seco estas palavras.

domingo, 14 de setembro de 2008

Da democracia na América (II)


Não é só em Portugal que se fala do alheamento dos jovens e dos cidadãos em geral da política e como isso se traduz tanto no imenso número de jovens que não fazem o respectivo recenseamento eleitoral como nas elevadas taxas de abstenção. Ainda na semana passada, em Castelo de Vide, no encerramento da Universidade de Verão do PSD, Manuela Ferreira Leite nos falou disso.

Em véspera de eleição presidencial, surge nos EUA uma campanha dirigida aos jovens que não se encontram recenseados e que, por isso, não podem sequer votar. Acontece que me parece que um dos cartazes desta louvável campanha vai um bocado longe e pode gerar outras interpretações.
Não acham que a actriz Jessica Alba dá ideia de misturar mensagens de apelo ao recenseamento e à participação eleitoral com jogos sado-masoquistas ou de "bondage"?

sábado, 13 de setembro de 2008

Então e "ramona"?

Prometo que não vos chateio mais. Mas, finalmente, o Ciberdúvidas da Língua Portuguesa tem algo a ensinar-nos!

«[Pergunta] Sou professora de português na Sorbonne e tenho a meu cargo uma cadeira de tradução. Para traduzir a expressão francesa "panier à salade", termo da gíria para designar o "fourgon celulaire", um amigo propôs-me a palavra "ramona" como tendo valor idêntico. Encontrei-a, com efeito, num dicionário do calão. Será que ainda se usa actualmente? Ou haverá outro termo? Desde já muito obrigada.
Delfina Bottin :: :: França
[Resposta] Ramona é o termo genérico que conheço para designar, em calão, o veículo de transporte de presos, ou seja, o carro celular. É um termo actual, embora menos usado por camadas mais jovens. Também existe a expressão carro da bófia, para designar o carro da polícia e que, por extensão, se poderá aplicar ao carro celular.
Maria João Matos :: 25/02/2003»

Ou seja, "olha a ramona" = "olha o carro da polícia".

E, já agora, qual é a origem de "bófia"?

Boa pergunta...
Pois adivinhem o que nos diz outra vez Ciberdúvidas da Língua Portuguesa.

[Pergunta] Qual a origem da palavra bófia e por que razão significa polícia?
Fernando Manuel Santos :: :: Portugal
[Resposta] Bófia é de origem obscura, sabendo-se apenas que é palavra que surgiu do mundo do crime, estando hoje generalizada nos meios urbanos e, sobretudo, entre os jovens, em Portugal. (Vide Novo Dicionário de Calão, de Afonso Praça, Notícias Editorial, Lisboa)

Mau... também de "origem obscura"??? Origem obscura, 2 - Curiosidade linguística, 0

Enigmas da humanidade lusitana

Alguém me sabe explicar por que raio os/as tradutores/as de filmes e séries de televisão quando querem traduzir "cop" ou "cops" para português usam o termo "chui" ou "chuis"?? Que raio de livro de estilo seguem eles, já que hoje ao jantar perguntei se alguém usava esta formulação... e não só ninguém usa, como ninguém sabe donde é que ela poderá ter vindo.

O sempre útil Ciberdúvidas da Línguas Portuguesa explica-nos alguma coisa:

«[Pergunta] Sabe-se alguma coisa sobre a origem da palavra chui, significando «agente de polícia»?
Obrigada. Carolina Martins Ferreira :: Jurista :: Lisboa, Portugal
[Resposta] A palavra chui é «de origem obscura». O Dicionário da Língua Portuguesa 2008, da Porto Editora, diz que é termo coloquial, portanto «informal, familiar». Por sua vez, o Dicionário Eletrônico Houaiss também diz que chui é «de origem obscura», tratando-se de um regionalismo de uso informal em Portugal, Angola e Moçambique. Acrescenta ainda que é de uso «ger[almente] pejorativo».
C. M. :: 23/06/2008»

A resposta é recente... estranho que nunca ninguém colocado esta questão ao Ciberdúvidas... Nem o Houaiss nos salva! Diz-nos que "chui é de origem obscura". Vá-se lá saber o que é que isto quer dizer.

Mantém-se, pois, este enigma da humanidade lusitana.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Estão-se a pôr a jeito...

No final do mês de Julho, Cavaco veio explicar ao País - com algum excesso de tecnicalidade e pecando na forma de o fazer - que existiam disposições no Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma dos Açores que punham em causa seriamente o estatuto constitucional do Presidente da República. Isto depois de o Tribunal Constitucional já ter declarado a inconstitucionalidade de um conjunto de disposições do Estatuto, obrigando o Presidente da República a devolver o diploma ao Parlamento para serem expurgadas as inconstitucionalidades.

Hoje, numa entrevista ao Público (por sinal, uma boa entrevista), Cavaco vem alertar que, se a Assembleia da República não acolher ou der resposta às dúvidas suscitadas, poderá utilizar o poder de veto político ou recorrer à fiscalização sucessiva da constitucionalidade.

Tenho de dar razão a Cavaco: não só o Estatuto não foi discutido com a amplitude devida e não só os dirigentes partidários, em especial o PS e o PSD (por razões que todos sabemos) têm insistido em fazer orelhas moucas da necessidade de discutir com os Portugueses as questões e o impacto do alargamento da autonomia regional como, sublinhe-se, efectivamente o Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma dos Açores afronta seriamente a Constituição e a soberania e unidade do Estado.

Espero que a entrevista de hoje seja um sinal e que se evite uma querela político-institucional desnecessária (muito mais preocupante do que a querela inventada pela comunicação social a propósito dos comentários do Ministro da Administração Interna).

Mais um foco de criminalidade violenta

Relata o Expresso Online: jovens detidas com dinheiro e jóias escondidos nos genitais:

«Duas jovens que foram detidas em Lisboa pela Polícia escondiam, na vagina, 1.500 euros e artigos de ouro e prata, revelou hoje o Comando da Polícia de Segurança Pública de Lisboa.
A detenção aconteceu quando a PSP mandou parar uma viatura em que seguiam duas jovens de 16 e 19 anos. Não só a ordem não foi acatada, como se verificou uma tentativa de atropelamento do agente de autoridade. Após perseguição policial, foram detidas e encaminhadas para a esquadra, onde foram revistadas. Foi então que se constatou que as jovens tinham nas áreas genitais, embrulhados em plástico, vários artigos em ouro e prata, para além de 1.500 euros.
A PSP suspeita que os artigos recuperados tenham proveniência criminosa. Presentes a tribunal, o juiz determinou que as duas jovens se apresentem periodicamente na esquadra.»

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Outra vez os hospitais

Alguém me pode dizer se faz sentido a Caixa Geral de Depósitos, banco integralmente detido pelo Estado, ser proprietária do Hospital dos Lusíadas, aberto em Maio deste ano?

Faz sentido um banco público canalizar recursos para um hospital privado, concorrente dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (por exemplo, o Hospital de Santa Maria, hoje já gerido de forma empresarial) mas sobretudo concorrente de outros hospitais do sector privado (por exemplo, o Hospital da Luz)?

A CGD (o Estado) constrói e explora hospitais porque tem de concorrer com outros estabelecimentos hospitalares? É essa a sua missão?

Diga-se que a sociedade HPP - Hospitais Privados de Portugal, SGPS, S. A., detida pela CGD, tem mais 6 hospitais privados em todo o País e também já venceu o concurso relativo à Parceria Público-Privada relativa ao novo Hospital de Cascais.

Fica aqui a reflexão... talvez não esteja a ver o lado certo desta questão. Mas também está anunciado - à semelhança do Hospital da Luz de que já aqui falei - um acordo com a ADSE para a prestação de serviços aos funcionários públicos.

"You can put lipstick on a pig, but it's still a pig"

Depois do El Cid ter aqui iniciado o tema suíno, não resisto a contar um episódio da campanha presidencial americana que também envolve sabedoria popular associado a este animal tão importante nas nossas vids.

Relata a imprensa americana que Barack Obama disse num comício recente no estado da Virginia a frase que dá título a este post, "You can put lipstick on a pig, but it's still a pig". E logo caiu-lhe em cima todo o estado-maior da campanha de McCain, alegando que Obama estaria, no fundo, a fazer uma metáfora pejorativa sobre a candidata republicana a vice-presidente, já nossa conhecida, Sarah Palin... no fundo, estaria a chamá-la de "porca".

Rapidamente o porta-voz da campanha de Obama veio refutar a acusação, dizendo que aquela expressão não é mais do que um provérbio mais velho do que os avós dos nossos avós e que o provérbio apenas pretende sugerir que uma coisa, por mais mascarada e alindada que seja, não deixa de ser uma coisa, não muda a sua essência...mesmo que pintada com batôn.

Não sei se esta resposta convenceu McCain e o seu staff. Sei que estes animais andam a ser vítimas de um assassinato mediático que fere a sua credibilidade.

A propósito, Obama, no discurso em que disse que "You can put lipstick on a pig, but it's still a pig"... ainda acrescentou "You can wrap an old fish in a piece of paper called change. It's still gonna stink" e "We've had enough of the same old thing", o que mostra que, afinal, ele sabia o que queria dizer...

Uma coisa é certa: os porcos já devem estar fartos destas pérolas.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Da democracia na América

Meus amigos, faltam menos de 2 meses para a eleição do novo presidente dos EUA (a data concreta é 4 de Novembro, 3.ª feira), pelo que recomendo um acompanhamento mais atento destes três blogues nacionais:
  • Margens de erro - de Pedro Magalhães, politólogo do Instituto de Ciências Sociais

  • O valor das ideias - de Carlos Santos, professor de econometria da Faculdade de Economia da Universidade do Porto

  • Eleições americanas de 2008 - de Nuno Gouveia, mestrando em Ciências da Comunicação na Universidade Fernando Pessoa

Todos eles trazem notícias recentes, sondagens, "gossip", "fait-divers" e outros dados sobre esta eleição presidencial. Em breve, colocarei aqui links para jornais e blogues americanos que também merecem ser acompanhados.

Tudo o que sobe desce; tudo o que entra sai; tudo o que abre fecha


Rússia admite apontar mísseis contra escudo na Europa

Os locais na Polónia e na República Checa onde vão ser instalados elementos do escudo anti-missil norte-americano poderão tornar-se alvos de mísseis intercontinentais russos, declarou hoje o chefe das Forças estratégicas russas, citado pela Interfax e a Itar-Tass.
"Não posso excluir (...) que sejam escolhidos para alvo para uma parte dos nossos mísseis intercontinentais os locais do escudo anti-míssil na Polónia e na República Checa e outros potenciais locais similares", declarou o general Nikolai Solovtsov.
Estas declarações de Solovtsov surgem um dia antes da visita do chefe da diplomacia russa à Polónia, país que decidiu aceitar a instalação dos mísseis interceptores norte-americanos.
A Polónia e os Estados Unidos chegaram a um acordo no último mês que prevê instalar até 2012 dez mísseis norte-americanos em território polaco.
In Jornal de Notícias, 2008-09-10

Como tudo o que sobe, desce; tudo o que entra sai; também tudo o que abre fecha. O que outrora fora conseguido (pelo menos em teoria), 1) quanto à livre circulação de pessoas, bens e serviços 2)na organização mundial do comércio, por todos conhecida por globalização, hoje em dia começa a suscitar dúvidas. Li há poucos meses, num discurso do presidente da Cemex – empresa cimenteira do México com implementação internacional, que o processo de globalização para ter sucesso tinha de ser inclusivo, e não exclusivo. Para mim, estas palavras além de sábias, são exactamente o ponto crítico de todo o processo, pois as empresas multinacionais com posturas demasiado sustentadas no curto prazo e nos resultados imediatos têm a tendência para ignorar estas palavras. O que interessa é explorar/defender recursos, sejam eles quais forem, e a “preço”(alto ou baixo depende de que lado se está).

É claro que o que episódios como o que está retratado no artigo são grãos de areia postos numa engrenagem, que já de si era de difícil funcionamento. Aguardamos cenas dos próximos episódios, que ao contrário da novela do Tio Franco, temo que esta seja uma daquelas super produções de Hollywood, com muitos efeitos especiais à mistura…