quinta-feira, 25 de setembro de 2008

O mito da propriedade

Mesmo com o cenário de incerteza que hoje se vive, não só nos mercados financeiros, mas também na economia real, o mito persiste. Quanto mais pobre é um povo, maior a necessidade de mostrar a pouca riqueza quem tem. Em vez de se alocar recursos financeiros, vulgo rendimento familiar, já de si parco em face das necessidades, preferimos TER para MOSTRAR. São "pequenas" coisas que muitas vezes fazem a diferença entre quem pensa a longo prazo, mostrando que sabe viver, e quem procura resultados imediatos, mas muita das vezes insipientes e insustentáveis no tempo. Já para não falar da escolha da localização da casa. Escolhe-se um sítio na periferia das grandes cidades que é mais barato, e depois temos de comprar, e sustentar dois carros para nos podermos deslocar para o trabalho, ou para onde quer que seja. Temos 160m2, mas em nenhures... Além de que, como hoje em dia os empregos são para a vida, temos de ficar agarrados a um empréstimo 40 anos, pois à partida não vamos sair do mesmo sítio, não é assim !? É caso para dizer, vamos lá a pôr as nossas "cabecinhas" a pensar, para termos uma vida melhor, e não ficarmos reféns das nossas próprias opções, só porque o vizinho também tem, e eu/nós não podemos ficar atrás... O mercado apresenta várias soluções, para diversas necessidades, algumas delas pecam por não ser do nosso agrado, é certo. Mas na altura da decisão, o TER tem o peso relativo mais elevado, e apesar de por vezes ser a decisão mais irracional, acaba por levar a melhor. Haja alguém que pense, com os pés assentes na terra, por favor. Apreciem o vídeo...

2 comentários:

André Miranda disse...

Meu caro,
Infelizmente foi esta sociedade do "ter" que foi estimulada nos EUA.
A crise do "subprime" gerou-se precisamente porque, para fomentar e aumentar a propriedade imobiliária junto de minorias e dos estratos sociais com rendimentos menos elevados (e, por isso, com menos poupanças e com mais risco de crédito) as famosas Fannie Mae e Freddie Mac aligeiram as avaliações dos "créditos arriscados" que adquiriram às instituições bancárias que emprestaram dinheiro ao segmento "subprime".
O "ter" é um fenómeno que tende a ser explorado nos momentos de maior apogeu económico. Isso aconteceu, nos EUA, com o segmento "subprime" que cresceu exponencialmente no período de ouro do Presidente Clinton, e, em Portugal, no 2.º mandato do PM Cavaco e no 1.º mandato do PM Guterres, com a classe média, a mesma que agora se vê tão aflita com a subida galopante da Euribor...

Marcos Caldeira disse...

Aqui esta um tema, que tantas discussoes tem gerado nas nossas tertulias e que a mim tanto prazer me dá.
No filme o primeiro casal afirma que ao preço que estao as rendas, comprar é mais vantajoso, que apesar de um maior esforço, no final sempre podem vender e é sempre um investimento.
Vou evitar fazer uma vez mais o meu excel, para provar que esta afrimaçao, além de totalmente erronea, revela bastante ignorancia dessa bela matematica.
Apenas lembrarei à Natacha e ao Hugo, que o esforço é durante 40 anos (pelo aspecto tem 30, por isso ao 70 poderao gozar a sua vida, ou melhor reumatizmo) e que a tal hipotetica venda (será melhor procriarem para que hajam outros casais com 30 anos daqui a 30 anos, pq ao ritmo que todos vamos) acontecerá quando eles tiverem 70 anos... pergunta se vendem a casa para comprarem uma habitaçao assistida no Hospital de Benfica