A noite já vai longa mas acabo de saber pelos jornais americanos na Internet que foi tomada mais uma decisão muito pouco própria do capitalismo financeiro americano. Duas semanas depois de o governo americano ter tomado conta das empresas de crédito hipotecário Fannie Mae e Freddie Mac, a Reserva Federal toma conta da AIG sob a ameaça de uma reacção em cadeia no sistema financeiro dada a importância da AIG a nível mundial.
Os contornos da engenharia financeira são os seguintes:
a) A Reserva Federal empresta 85.000 milhões de dólares à AIG, numa linha de crédito durante 2 anos, a uma taxa de 11,3% (Libor 3 meses + 8,5%);
b) Em contrapartida, ficam parqueadas na posse do governo federal, as acções respeitantes a 79,9% do capital social da AIG;
c) A AIG tentará vendar os activos que sejam necessários para pagar o empréstimo;
d) O governo federal poderá vetar o pagamento de dividendos aos accionistas.
Parece simples, não? Mas não acham que isto que é pôr os contribuintes (já que estamos a falar de dinheiros públicos) a avalizar a má gestão e os maus e arriscados investimentos "casineiros" da AIG? É que, sobretudo, existe um enorme problema de transparência destas empresas que leva a que esta decisão esteja sujeita a um risco também ele elevado. Será que se conseguirá afastar a incerteza do sistema financeiro mundial e recuperar a confiança dos agentes económicos?
A única vantagem disto tudo é que o debate da eleição presidencial no EUA pode centrar-se na economia e na melhor regulação do sistema financeiro americano, temas mais vantajosos para Obama, e evitar-se o isco lançado por McCain - a senhora Palin - para orientar o debate para questões morais, religiosas ou culturais.
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
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