quarta-feira, 30 de setembro de 2009

O Pântano II, ou uma breve reflexão dos resultados eleitorais

Acto I

PCP (a CDU é um artificio) / Jerónimo de Sousa

Este é um partido fora de tempo, que não se modernizou nos conteúdos nem na forma, vive preso de uma memória distorcida do passado, e cultiva uma superioridade moral (que é extensível à generalidade da esquerda) como mecanismo de defesa para não se confrontar com a realidade.

“… o voto comunista é um voto mais consciente…” é um slogan patológico tipo de um mundo clivado.

Jerónimo de Sousa, com a sua bonomia própria de um homem honesto e simples, foi uma excelente escolha para retardador de um fim anunciado, enquanto partido relevante na cena política portuguesa.


BE / Francisco Louçã

É um partido moderno, cosmopolita, e de protesto, como ficou evidente nesta campanha eleitoral (para mim sempre foi, pois conheço muitos dos protagonistas de outros filmes em que já desempenhavam este papel).

É um partido que se alimenta do ódio ao poder (ou será inveja destrutiva), que capitaliza o descontentamento contra o sistema, embora nesta campanha tenham deixado (estrategicamente) cair o termo revolucionário afirmando-se como um Partido Socialista, Republicano e Laico!

Como diria o Sérgio Godinho: Pode alguém ser que não é?

Francisco Louça é eficaz no papel do florentino Girolamo Savonarola, na sua luta entre o bem e o mal, mas nunca a assumir o papel da responsabilidade e do compromisso.

CDS / Paulo Portas

É um partido unipessoal, que vive do brilhantismo mediático, da argúcia política e da combatividade do seu líder.

Procura nichos de mercado (ex-combatentes, lavoura, pensionista, etc…), é exímio no discurso (sound-bytes), e agita fantasmas (criminalidade, emigração, subsidio à pobreza, etc..) com máxima eficácia.

É um político camaleão: um dia mete uma boina e umas botas caneleiras e é o defensor da lavoura; outro dia mete o fato inglês riscado e é o Ministro da Defesa; outro dia abre os 3 primeiros botões da camisa e é o Paulinho das Feiras, etc…

Fala-se que o Jonnhy Depp não quer fazer a 4ª sequela dos Piratas das Caraíbas, porque não Paulo Portas? Consta que entende de Submarinos…

Breve comentário

É preocupante como estes partidos têm reforçado a sua posição, são partidos relevantes apenas enquanto representantes de uma consciência crítica da sociedade, mas nunca relevantes nem formatados para exercerem uma acção governativa.

Na Alemanha aconteceu o mesmo com o reforço dos partidos dos extremos, assim como no resto da Europa está a acontecer o mesmo, com preocupante referência para a extrema-direita.

Nos próximos tempos vamos assistir aos três partidos a fazerem de Carochinha (cada qual com o seu caderno de encargos), tentando seduzirem o João “Sócrates” Ratão para um casamento (alias união de facto) sem amor.

Coligações seriam defraudar os eleitores (e mesmo as várias sensibilidades internas do PS), acordos de incidência parlamentar não permitirá uma governação reformista que o Pais precisa.

Proximo acto:

PSD / Ferreira Leite

PS / José Socrates

As perguntas que um jornalista não pôde fazer

Um jornalista vai a Belém ouvir o Presidente da República, mas não pode fazer perguntas e fica com um 'montão' delas entaladas na garganta.

Um jornalista em Belém ouve o Presidente dizer que houve "manipulação" com o seu nome e a sua figura durante a campanha eleitoral e não pode perguntar por que não a denunciou.

Um jornalista em Belém fica, ali, sentado, a ouvir o Presidente a dizer que considera "graves as declarações de destacadas personalidades do Governo" sobre a eventual participação de membros da sua Casa Civil na elaboração do programa do PSD e que elas são "mentira", e não pode inquirir por que ele não o disse.

Um jornalista em Belém ouve o Presidente afirmar que tem dúvidas sobre os termos exactos das declarações atribuídas a um membro da sua Casa Civil e não pode perguntar a razão pela qual se calou.

Um jornalista em Belém escuta o Presidente dizer que desconhecia totalmente a existência de um e-mail publicado num jornal e que duvida da veracidade das afirmações nele contidas, e não pode perguntar porque razão então houve esse e-mail.

Um jornalista em Belém vê o Presidente, crispado, dizer que não vê onde está o mal de um membro do seu staff ter sentimentos de desconfiança em relação a outros, e não pode perguntar: mesmo se esse outro é um "elemento do gabinete do primeiro-ministro", como está escrito no e-mail?

Um jornalista em Belém ouve o Presidente reafirmar que há dúvidas de que alguém pudesse ter falado em seu nome não estando para tal autorizado e que é por isso que faz "alterações" na sua Casa Civil e não perguntar se o seu colaborador foi ou não demitido ou se permanece ao seu serviço.

Um jornalista em Belém entende que o Presidente se interroga sobre a confidencialidade dos seus computadores e não pode perguntar: mas foi só agora que tem essa suspeita ou há mais tempo?

Um jornalista em Belém ouve o Presidente dizer que se ultrapassaram "os limites do tolerável e da decência" e, finalmente, pergunta-se: e agora, como é que Presidente e Governo vão coabitar, logo agora, que o país mais precisa?

Luisa Meireles (www.expresso.pt)

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Justiça - Aquela máquina



Hoje de manhã quando chegava ao escritório, na zona das Amoreiras, junto ao hotel D. Pedro, vi um fotógrafo de máquina em punho. Interrogava-me sobre o que se passaria. Lembrei-me logo que tinha sido normal durante o ano transacto as visitas da comunicação social a esta zona, nomeadamente a este edifício, até porque se trata do edifício que alberga importantes escritórios de advogados. Mais tarde e após o almoço a massa de jornalistas e televisões adensou-se, o que fez a minha curiosidade aguçar-se. Era tudo por causa dos submarinos... Aí percebi que era a máquina da justiça, vulgo DCIAP a funcionar. Curiosamente, esta máquina tem um ritmo próprio de funcionamento, e acaba sempre por nos surpreender quanto aos timings em que actua. Agora uma coisa é certa, aparece sempre que é preciso, como no afamado e popular anúncio da Regisconta.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

E agora mãos à obra em Lisboa

No meio da noite eleitoral de ontem logo surgiram matemáticos de conveniência apontando que o resultado conjugado do PSD e do CDS-PP na cidade de Lisboa (28,9% + 11,48% = 40,38%) fora muito superior ao resultado do PS (34,78%).

Nas hostes santanistas houve logo que prenunciasse a vitória, esquecendo-se que estamos perante eleições bem distintas e que - sobretudo e acima de tudo - os Lisboetas olharão para a sua cidade, para a gestão rigorosa de António Costa nos últimos 2 anos e para o seu programa de acção para os próximos 4 anos. É isso que está em jogo.

Aguardando as vossas análises...

O mistério Português...

Num momento de rescaldo das eleiçoes, deixo-vos a opiniao de um escritor portugues que viveu muitas anos em Espanha e que foi recentmente publicado no La Vanguardia, um jornal de Barcelona, com forte influencia Catala, mas que é de ambito nacional (Espanha).
A los españoles se les olvida Portugal. Claro que saben qué es y dónde está, pero se les olvida. A los portugueses a veces también se les olvida España, pero no tanto. Cuando se construye una nacionalidad, hay que desconocer un poco los demás países, sobre todo los más cercanos. Pessoa lo dijo muy bien: "Todas las naciones son misterios. Cada una es el mundo entero a solas". Los pocos textos que los diarios españoles dedicarán a las elecciones legislativas portuguesas del 27 de septiembre no cambiarán esta situación. Los nombres de los políticos lusitanos sonarán rarísimos a los pocos lectores que no se salten la noticia. Y todo volverá al olvido de siempre.

No obstante, cada vez más españoles se enamoran de Portugal y se adentran en el misterio portugués. Lo primero que comprenden es que se trata de un país apasionado por las distancias. Cuando se está en Portugal no se está en Portugal, sino más bien en el prólogo de algo que se continúa en América, en África, en Asia y en el más lejano Oriente. El destino del país vecino es el viaje: se trata de una cultura que se busca a sí misma en el más allá. La consecuencia es que Portugal se descentra, se transfiere para su periferia. Y después pasa que uno se encuentra en Lisboa con una ciudad que es un hueco de nostalgias. Este culto de la distancia se refleja también en pequeños detalles de la vida cotidiana. Al portugués no le gusta, por lo general, convivir en la calle. Lo hace en la lejanía de las casas particulares. El primer contacto entre las personas adultas casi nunca empieza por el tú,sino por el usted.Hay amigos de muchos años y de férreas solidaridades que jamás se han tuteado. Siempre la distancia, aunque sea la distancia social de un tratamiento. Y en las cafeterías las mesas individuales se imponen a la barra multitudinaria. Quizás por todo esto al portugués, cuando llega a España, le parece que las personas están hablando a voces y que las cosas se han acercado peligrosamente a su cuerpo. Para los lusitanos, que son seres soñadores y muy virtuales, visitar España es como darse un buen masaje de realidades. Entretenido con esta dimensión erótica de la hispanidad, el portugués suele olvidar el laberinto de culturas y nacionalidades que constituye una de las riquezas y uno de los problemas de España. Piensan muchos españoles que Portugal es un país de pobres y se equivocan redondamente. Portugal es un país de ricos pobres, lo que es muy distinto. La nación vecina tiene, para quien la conoce bien, ese encanto polvoriento de las familias aristocráticas venidas a menos. Aunque su exterior pueda ser menesteroso, la mentalidad portuguesa es la de un rico. Pocos países habrán despilfarrado tanto. Pocos países se han relacionado con su economía, a lo largo de los siglos, de un modo tan perdulario. El rey Juan V, monarca de la primera mitad del siglo XVIII, envió al papa Clemente XI una embajada memorable, cuyos carruajes increíblemente lujosos se pueden visitar aún hoy en día en el Museu Nacional dos Coches. Al monasterio de Mafra, obra millonaria que fue uno de los símbolos de su reinado, le puso dos carillones porque uno le pareció barato. Quizás el origen de todo esto sea la época espléndida de la expansión marítima y del imperio, los siglos XV y XVI, en que Portugal, entrando en contacto con otros mundos del mundo, se perfiló como una novela de ensueño, inventando el realismo mágico antes de que fuera inventado. Lisboa se transformó en una ciudad muy rica: una "orgía de mercaderes", en palabras del historiador Oliveira Martins. En El burlador de Sevilla,se cuenta que existían comerciantes lisboetas que medían el dinero en fanegas, como se medía el trigo, porque no había tiempo ni paciencia para contar monedas. En los pisos bajos del Palacio Real se situaba la Casa de la India, que controlaba el comercio imperial. Y en el estuario del Tajo podían verse más de 500 naves ancladas, venidas del mundo entero. Lisboa era en aquella época lo que Nueva York está dejando de ser para que Shangai empiece a serlo. Al español le cuesta entender que el indigente portugués tenga una mentalidad tan aristocrática, pero así es, más por timidez que por orgullo. Resulta curioso comprobar que los lusitanos han sustituido los títulos nobiliarios por títulos académicos. A los licenciados se les trata socialmente de doctor y a los doctorados de profesor doctor,y en estas palabras hay como un eco de antiguos tratamientos de señor conde o señor marqués.Por lo demás, el portugués es muy barroco. Le gustan los detalles, no las estructuras. Aprecia, en todo, el talento decorativo. En un restaurante, el filete de ternera se sirve con patatas, arroz y verduras: el filete es pequeño, pero notable su séquito gastronómico. En España, los filetes de ternera son grandes y vienen con patatas fritas. Amante de las distancias y de los ensueños, perdulario y barroco, el lusitano es además muy individualista, lo que conlleva una cierta desorganización. Portugal transmite una suave impresión de caos, parecida a la que uno siente en una tienda de antigüedades. En España reina una mentalidad más geométrica, más germánica, quizás recuerdo del esplendor alemán de los Austrias. La historia no basta para explicar esta manera de ser tan encantadora cuanto, a veces, exasperante. Portugal nació en el siglo XII, fruto de la ambición de una familia francesa (el primer rey portugués, Alfonso Henríquez, es hijo de un aristócrata borgoñés), que se apoyó en la nobleza que existía entre los ríos Duero y Miño. En el remolino político de la reconquista nació este pequeño Estado, que en un principio intentó crecer hacia el norte, hacia territorio gallego, formando la unión lógica del noroeste peninsular. Pero la historia no es lógica, aunque pueda ser comprensible: fracasando en su aventura gallega, la expansión del nuevo reino se hará hacia el sur. Galicia y Portugal, que básicamente son lo mismo en lo que respecta a sus raíces, se separaron para siempre, y la especificidad portuguesa se desarrolló a partir de la fusión de su raíz galaica con las culturas árabes y semíticas meridionales. En 1385, con la victoria de Aljubarrota sobre los ejércitos castellanos, Portugal se aleja de la unión peninsular y, pocos años después, con la conquista de Ceuta, en 1415, se lanza a su aventura marítima. En menos de cien años, este país construye el primer imperio de dimensión mundial, con posesiones en América, África, Asia y Extremo Oriente. En realidad, es el primer imperio global, muy frágil por supuesto, pero el imperio español y el francés, el glorioso imperio británico y el actual imperio virtual norteamericano son una continuación de este primer boceto portugués. A partir de aquí, Portugal vive en la esquizofrenia de ser una pequeña nación que ha llevado a cabo grandes cosas: el portugués actual es un enano cuyos abuelos resulta que eran unos colosos. Desde el siglo XVIII hasta la actualidad, la cultura portuguesa, consciente de su decadencia, ha vivido marcada por la obsesión mimética de lograr parecerse a los grandes países occidentales: la misma obsesión que existió en España, pero en el caso español esta manía imitadora se equilibraba con el amor hacia la pandereta y hacia todo lo castizo. En Portugal, casi no existe este orgullo nacional. El portugués ama demasiado lo extranjero. Las películas en otros idiomas siempre se han subtitulado. Por el contrario, España no es país de subtítulos, sino de doblajes. ¿Cuáles son los retos actuales de la portugalidad? El lector ya se ha dado cuenta de que, en realidad, Portugal es un país inviable. Siempre lo ha sido. No posee una individualidad geográfica; sus raíces más profundas las comparte con Galicia; su propio idioma es una evolución, una mundialización del gallego. La independencia portuguesa hay que crearla todos los días. Por eso, ser portugués cansa muchísimo. Se puede ser alemán, británico o francés tranquilamente, pero sólo se puede ser portugués en la intranquilidad. Sin personalidad geográfica específica, los portugueses tuvieron que labrarse un territorio propio en la mar. Es con prodigios de este tipo que la portugalidad se ha ido construyendo. Cuando una pequeña nación se decide por un destino separado, rápidamente descubre que tiene que reinventar su independencia en cada nuevo día de su historia. La identidad portuguesa se fragua en este estado espiritual de vivir en la perpetua invención de su individualidad. Esto lo explicó muy bien Fernando Pessoa en Mensagem:el portugués es un militante de la imposibilidad. De su imposibilidad. Ser portugués constituye, en el fondo, una forma de heroísmo. En un occidente laico y hedonista, la sociedad portuguesa tiene alguna dificultad en aceptar el extraño sacrificio que conlleva la identidad lusitana. Y aquí se abre una paradoja: uno de los problemas del Portugal del último siglo ha sido su exceso de felicidad. La última invasión extranjera ocurrió en 1807; la última guerra civil se concluyó en 1834. Después de esto, las grandes catástrofes han ocurrido a lo lejos, como si fueran sueños. A lo largo del siglo XX, Portugal fue un país lunar. Y la nación se ha dormido. El Portugal actual no sabe por dónde tirar. No sabe cómo despertar. Pero este problema, que parecía ser específicamente portugués, se ha visto que, al final, es de todo el mundo occidental. Quizás a causa de la fragilidad de su economía, Portugal sintió primero los síntomas de una crisis que es de todos. Efectivamente, la Península Ibérica constituye un lugar profético. Profética fue nuestra relación con el mundo árabe, a partir del 711: un anuncio de la tensión que marca, aún en la actualidad, las relaciones entre las naciones occidentales y el islam. Profética fue también nuestra expansión colonial: un bosquejo de la actual globalización. Profética fue en fin la guerra civil de España. Quizás esta capacidad de profecía ocurra porque llegan aquí primero las pateras de la historia. En el callejón sin salida que es el presente de Occidente, Portugal se siente, por decirlo de alguna manera, en su ambiente. El futuro que no tenemos hoy los occidentales es el futuro que Portugal siempre ha tenido. Y puede que la capacidad de inventar y de inventarse de los lusitanos sea una de las llaves del porvenir.

Escrito por Gabriel Magalhaes para La Vanguardia
Profesor y escritor portugués (Luanda, Angola, 1965). Residió muchos años en España. Sobre temas ibéricos ha publicado las obras "Estar Entre" (2007) y "Garrett e Rivas: o Romantismo em Espanha e Portugal" (2009). Su novela "Não Tenhas Medo do Escuro" (2009) obtuvo el premio Revelación de la Asociación Portuguesa de Escritores. En la actualidad trabaja en la Universidad de Beira Interior (Portugal), donde ha desarrollado el proyecto de investigación Relipes (Relaciones lingüísticas y literarias entre Portugal y España desde el siglo XIX hasta la actualidad

O País político depois de 27 de Setembro

Quem tenha apenas visto as intervenções dos líderes dos cinco maiores partidos terá ficado com a ideia de que todos , com excepção do PSD, ganharam. E isso é possível porque, em certo medida, quatro dos cinco maiores partidos alcançaram resultados animadores, dentro das expectivas que se vinham gerando desde as eleições europeias de Junho passado.

PS: todos os partidos consideram o Partido Socialista o grande derrotado destas eleições por ter perdido a maioria absoluta. No entanto, é preciso não esquecer que o PS conseguiu resistir às condições mais adversas vividas por um partido no poder na história democrática recente. E isso mostra a obstinação de Sócrates e a sua grande habilidade de inverter uma opinião pública largamente influenciada pelos media para diminuir as suas capacidades pessoais.

PSD: objectivamente o grande derrotado das eleições, em particular a sua líder, Manuela Ferreira Leite. Jogou o tudo ou nada na estratégia da asfixia democrática e faltaram-lhe ideias mobilizadoras de um eleitorado cada vez mais exigente. O PSD acabou esmagado pela incapacidade manifesta de MFL para ser uma líder credível. As autárquicas, que o PSD poderá vir a ganhar, apenas servirão para alinhar os candidatos à sua sucessão. Mas da noite eleitoral resulta uma excelente lição para a democracia: como não desbaratar uma distância tão curta para o PS.

CDS: o grande beneficiário da conjuntura política portuguesa (Governo naturalmente fragilizado pelos resultados da crise económica e PSD sem fôlego para ser uma alternativa). Portas recebeu um voto de confiança da direita portuguesa para se tornar o líder da oposição mas o apetite governativo já começou a notar-se.

BE: apesar de passar a contar com 16 Deputado, teve um resultado abaixo das previsões mais pessimistas. Foi penalizado pela demagogia de Louçã e pelas contradições ideológicas que ainda encerra. Tal como o CDS, o BE é cada vez mais um partido implantado em todo o País.

CDU: Baixa do 3.º lugar para o último lugar dos partidos com representação parlamentar o que, a meu ver, trará um efeito psicológico significativo na sua performance parlamentar. O resultado obtido – mesmo com alguns novos eleitores – demontra como Jerónimo de Sousa desperdiçou a melhor oportunidade de alargamento da base eleitoral do PCP.

Pequenos partidos: sinal negativo para o MEP, uma vez que depois de conseguir 52.828 votos nas Europeias com Laurinda Alves, não foi além dos 25.338 votos nas Legislativas, dos quais 8.974 em Lisboa, 3.611 no Porto e 1.497 em Aveiro, os seus distritos com candidatos mais fortes. Talvez não tenham entendido que um partido político em Potugal não pode funcionar como uma ONG. Sinal positivo para o PCTP-MRPP que superou, pela primeira vez, a barreira dos 50.000 votos. O seu slogan deveria ser “Ousar lutar, ousar vencer, ousar sobreviver”.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Prognósticos para dia 28 de Setembro


Temo que independentemente do partido(s) que ganhe(m) as eleições de 27 de Setembro, das promessas que têm feito, dos ataques, das vontades..., dia 28 tudo ficará na mesma. Isto não quer dizer que atribuo toda a culpa aos políticos. Desenganem-se! A culpa é acima de tudo, um pouco de todos os Portugueses. Esperemos para bem do país que eu não tenha razão, e que as ameaças que teimam pairar na economia e na sociedade nos façam de uma vez por todas mudar de atitude.

PS - Isto é a conclusão da triologia dos 3 posts anteriores. Convém ver todos. Depois é só somar as peças...

E o povo no meio disto tudo, como é que é?

M Ferreira Leite - Uma visão sobre a "outra senhora"

Esmiuçar a Governação dos últimos 4 Anos



Declaração de interesses: 1)vale a pena ver o vídeo todo pois está com piada; 2) concordei e concordo com muita políticas levadas a cabo por este governo, e elogio a sua atitude (nomeadamente a do primeiro-ministro); 3) agora não me venham dizer que não se fizeram asneiras, algumas bem grossas, que não houve inabilidade e escolha de más políticas, pois o povo pode ter memória curta, mas não exageremos...

Apreciem!

Não se brinca com quem usa cornos

Em homenagem ao nosso ex-ministro da economia, que, ao que parece, irá tourear em breve o Ricardo Araújo Pereira, aqui deixo um singelo repositório audiovisual da pacífica tradição da Ilha Terceira nos Açores.


P.s.: ao que parece o Francisco Louça quer proibir esta como outras tradições nacionais como são exemplos: o falar ao telemóvel à custa do patrão, ou o fugir aos IRS com a ajuda do IRS. Mas dizer que é contra os "rodeos"para protecção dos animais?!
Aqui fica demonstrado que nesse, como em outros temas, o homem não faz a mais pequena ideia do que está a falar.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

... à beira de um ataque de nervos

Tenho cá para mim que esta brincadeira ainda vai acabar mal. Os ânimos estão a ficar exaltados demais, não se discute política, não se discute soluções (ainda bem que houve debates televisivos), e assiste-se a uma batalha entre o bem e o mal. Alguém acredita neste desequilíbrio? Mais uma vez, eu não! Parece-me que há algo mais ainda para vir...

O 15º melhor do Mundo



Alegre-se senhor Presidente Cavaco Silva, nem tudo são más noticias aí para o bairro, depois de Barroso, temos mais um pastel a conquistar a Europa, e desta vez até é seu vizinho.
Um antigo inquilino aí do palacete preferia os de bacalhau, pessoalmente acho que se os "bifes" do "The Guardian" tivessem degustado primeiro um bem frito sequinho, não só o "pastel de nata" ficava mais bem classificado como tínhamos mais um pastel no top 20. É que nisto dos pasteis "como na vida", aos pares, caiem sempre melhor.
Pastel de bacalhau, pastel de Belém.
Durão Barroso, Paulo Rangel.
Fernando Lima, José Manuel Fernandes.
Para ser mais doce só mesmo polvilhando a Manela... perdão, queria dizer "a canela";)

"Se queres um túnel, vai de Metro!"

No mesmo dia em que apelidou de demagógica a iniciativa pedagógica de António Costa pela promoção do uso de transportes públicos e não poluentes, Santana Lopes apresenta o seu plano de sustentabilidade baseado em túneis, silos, e em mais automóveis na cidade. Clarificador!

A certeza

O trabalho de reportagem do "Diário de Notícias" é das mais notáveis e consequentes peças jornalísticas na história da Imprensa em Portugal. O e-mail com registos claros da encomenda feita por Fernando Lima não é "correspondência privada" que se deixe passar pudicamente ao lado. É uma infâmia pública de gravidade nacional que exige denúncia.
Mário Crespo dixit

A pergunta

Ao ver o presidente e a Casa Civil metidos nisto fica-me também uma inquietante dúvida. Aníbal Cavaco Silva, referência do PSD, ainda tem condições para continuar a ser o presidente de Portugal depois de causar uma trapalhada desta magnitude a dias das eleições?

Mário Crespo dixit

Crime Público

Mais um artigo extraordinariamente centrado do jornalista mais bipolar da televisão portuguesa. Mas ficará sempre a duvida, será que está a tentar agradar a José Sócrates para manter manter o emprego? Será que o fundador PSD, Francisco Pinto Balsemão também está no "bolso" do PS? Get real!

Quase não dá para respirar..

... já me doí a barriga de tanto rir da figura ridícula que tem feito o PSD com os seus patéticos discursos sobre as mirabolantes tropelias do Primeiro Ministro e suas "agências" de controlo dos media e afins.
Para quando um pedido de desculpas aos "filhos da mãe dos socialistas"?

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

David e Golias

Sócrates requere abertura de processo contra jornalista João Miguel Tavares

A mentira só acaba quando a verdade aparece.

Fernando Lima, braço direito de Cavaco Silva para a comunicação social desde 1985 acaba de ser demitido.
Fui a saída mais fácil, era a única saída possível.
É legitima e evidente a assunção de culpa do PR em todo este processo. Cai por terra a teoria da "asfixia democrática" e com ela quaisquer hipóteses do PSD conquistar as próximas eleições e até ver fica fragilizada a reeleição de Cavaco Silva, para além de abalada a sua credibilidade aos olhos dos portugueses.
Volto a escrever, a lama tem vindo sempre do mesmo lado e constantemente na mesma direcção, pelo meio tudo mas absolutamente tudo, é posto em causa, até a própria democracia que já ouviu dizer que devia ser "suspensa por seis meses".
Quer queiramos quer não, não vale tudo para ganhar. Quem quer ganhar e vai perder, agora a toda a linha, a direita, demonstra um profundo desprezo por todas as instituições sejam tribunais ou policias. É o vale tudo! E até os escândalos que estalam entre portas, como a compra de votos, e que nas palavras dos visados (Helena Lopes da Costa) não passam de ataques internos à líder, são rapidamente travestidos de contributos de Sócrates para a asfixia democrática.
O PSD tem que assumir a sua liderança é fraca e que sempre foi "para queimar". Este desespero delirante apenas o afasta do essencial, e o essencial é retomar o caminho deixado a meio por Marques Mendes. O cancro do país está na sua direita maniqueísta revisionista e demasiadas vezes avessa à democracia.
O PSD que trate primeiro do PSD Madeira, do Fernando Ruas e das suas pedradas, até de Isaltino e Valentim que apesar de se candidatarem como independentes continuam com as "máquinas" locais do PSD nas mãos.
Para este PSD a "política de verdade" acabou quando a mentira apareceu.

Comício dos filhos da mãe#


#segundo Fernando Ruas

Asfixia Democrática


No Largo do Rato já devem estar a distribuir espadas laser azuis para lutar contra o Império do mal (Cavaco e Ferreira Leite)… se calhar a asfixia democrática é por causa da Máscara do Darth Vader…

Camarada Félix, essa visão maniqueísta entre os bons e os maus é um caminho perigoso… potencia a clivagem social e o descrédito da classe politica… campo fértil para a demagogia e para os extremismos.

Quanto ao estado de direito, entendo que é condição fundamental para uma democracia, mas a verdade é que não é nenhuma vaca sagrada, que não possa ser questionada, como se fosse um fim e não como um meio.

Na minha opinião existem 3 valores fundamentais para o Estado: Coesão Social, Equidade e Transparência (por oposição da eficácia e da eficiência que foram (tentaram ser) os valores do estado nas ultimas legislaturas).

Quais destes valores são garantidos pelo actual estado do nosso sistema Judicial?

Separar as águas.

Se Moisés fosse candidato às próximas eleições presidenciais em Portugal, ganhava de certeza. A confusão é tanta, tamanha é a quantidade e a variedade de fontes e de pseudo informações e informadores que parecem jorrar debaixo de cada calhau, que o que do que precisávamos mesmo, não era de outro jornal de sexta, mas sim de um Moisés que abrisse caminho pelas águas tortuosas da desinformação a caminho da terra prometida da confiança.

Quando os homens não estão à altura dos momentos, devemos procurar refúgio nas nossas reservas éticas morais e legais. A nossa primeira reserva colectiva seria porventura a que esta personificada na figura maior do nosso Estado, mas nem esse cidadão está a salvo do presente lamaçal, e até é suspeito de ser um dos principais chafurdadores.

Resta-nos a Lei, resta-nos o Estado de Direito, resta-nos acreditar no princípio da separação de poderes e na fiscalização e auto-regulação de forças que estes exercem entre si:

  • Podemos acreditar que o que temos funciona, que a Lei prevalece, que a Lei é a expressão máxima da nossa vontade democraticamente demonstrada.
  • Podemos não acreditar em mais nada, podemos desconfiar das instituições, pôr em causa os seus fundamentos e desrespeitar os códigos sociais, desrespeitar as leis, quem as produz e aplica.

Neste momento, a escolha mais simples para os portugueses é assumirem a sua boa fé ou má fé naquilo que entendemos por República Portuguesa, pela nossa democracia, pelos nossos tribunais.

Aqueles que respondam negativamente, aqueles que para a resolução de um diferendo ou de um problema social acham mais legitimo e eficaz recorrer-se à difamação num qualquer pasquim do que aos tribunais ou a qualquer outro instituto público, então que tomem bem consciência do caminho que começam a trilhar.

O nosso Primeiro-Ministro pode não ser a pessoa mais simpática aos olhos de muitos portugueses e alguns deles naturalmente votarão contra ele no próximo dia 27, mas sustentar essa decisão não na avaliação critica da eficácia das suas políticas, mas sim no achincalhamento não apenas de José Sócrates mas já de todos os princípios e valores que sustentam a nossa democracia?

Agora, até o processo Casa Pia serve para a campanha política contra a credibilidade das nossas instituições. Quem ataca o conselho superior de magistratura a pensar que ataca o PS saiba que ataca antes de mais os juízes em quem temos de confiar para bem da nossa sociedade. Da mesma forma, quem defende a “Casa Civil da Presidência da Republica”, com o argumento de que em Portugal é mais fiável e eficaz ao Presidente da República recorrer a denuncias semi-anónimas e veladas a meios de media seleccionados, ao invés de recorrer às instituições do Estado como a Procuradoria Geral da República ou a Policia Judiciária, está a pôr tudo em causa.

O que é preocupante, é verificarmos que quem joga o jogo democrático não hesita em fazer batota quando em desvantagem. O PSD recorre à mesma imunda estratégia do fascismo em que a desinformação e a calúnia sobre “os do reviralho” conseguia a lealdade de cidadãos que de boa fé neles acreditavam. Tivemos 50 anos parados no tempo, com um regime sustentado nos bufos e nos invejosos que conspurcavam a honra e dignidade de muitos dos nossos melhores apenas e só porque eram “perigosos democratas”.

O destacado líder do PSD, Fernando Ruas sob o beneplácito de Manuela Ferreira Leite soube separar bem as águas quando evocou uma quadra em que julgava em desuso: “Um cravo na lapela fica sempre bem, principalmente a certos filhos da mãe”.

É aceitável que o carácter de uma pessoa possa ser colocado em causa pelas suas opções políticas com tamanha leviandade?

Portugal não pode ser uma imensa Vise, eu não aceito ser alcunhado “filho da mãe” por usar um cravo na lapela, da mesma forma como não quereria ser “uma ratazana” por usar uma cruz de David na Alemanha de Hitler.

Este é o tempo de separar as águas, esta lama que vem sempre do mesmo lado e na mesma direcção só pode aproveitar a quem desrespeita por completos os valores da nossa democracia.

Nestas eleições, mais do que escolhermos entre a esquerda e a direita temos mesmo que fazer uma outra opção bem mais grave e consequente, ou defendemos o Estado de Direito que tanto custou a ganhar e construir ou alinhamos com aqueles para quem o Estado de Direito e as suas instituições com poderes autónomos e equilibrados são uma imensa “força de bloqueio”.

A Dúvida

Neste fim-de-semana, e para quem tinha dúvidas, elas foram desfeitas. Mário Soares veio a público dizer que a ideia de coligação com o Bloco de Esquerda não o repugna nada. Que é a mesma coisa de que dizer, venha de lá o Louçã, até porque devemos ter sempre os inimigos do nosso lado, independentemente de estarmos a dar forma àquele que pode ser o governo mais incoerente da história de Portugal – juntar um Trotskista com “pinta” de gestor de condomínio a um social-democrata (ou socialista de 3ª via), prémio sexy platina do Correio da Manhã. A melhor metáfora que me vem à cabeça é de que isto equivale a juntar numa qualquer arca de Noé apenas duas espécies completamente antagónicas tais como um cão de raça pitt-bull e uma cobra piton. Mas comparações à parte se dúvidas havia quanto à coligação que seria feita pelo PS caso ganhe as eleições (inicialmente falava-se que seria Paulo Portas a ter o passaporte para o governo no bolso, independentemente de quem ganhasse), elas foram desfeitas. Não tem nada que saber, junta-se o 1º com o 3º, e já está, temos governo. Mas o 3º é aquele partido anti-poder que defende básica e unicamente ideias românticas temperadas de soluções demagógicas. Não tem problema! É tudo em nome da estabilidade democrática. Vale tudo, até por partidos que não foram talhados para ser governo, no próprio governo. A dúvida vai sempre persistir, irá Portugal resistir a estas experiências?

PS – Não tenho nada contra nem a favor do Bloco de Esquerda. É um partido necessário à democracia portuguesa. Daí até poder ser governo, é um enorme passo, que penso que o Bloco não está talhado, nem tem capacidade de resposta para o fazer de uma forma capaz.

O Corpo da Mentira


Mentiras ditas muitas vezes tornam-se verdade. Falcatruas, umas sabem-se outras não. Nesta coisa da política e no exercício da governação não há inocentes. Veja-se o último ano quão fértil foi – caso freeport, caso bpn, gafes a pontapé (Mário Lino, Manuel Pinho, M Ferreira Leite). Mais recentemente, Listas do PSD (António Preto e Helena Lopes da Costa), com uma pitada de saneamento de ala que não interessa à líder (Pedro Passos Coelho e Miguel Relvas)… Ainda mais recentemente temos o Caso dos votos comprados nalgumas secções e distritais do PSD (No Coments). No meio disto temos uma notícia que passou quase despercebida – O Juiz Rui Teixeira (trazido para a ribalta pelo Caso Casa Pia), que viu a sua progressão na carreira cortada por três elementos do PS no Conselho Superior de Magistratura, que puseram em dúvida a sua avaliação. Neste como nos outros casos fico com a sensação de que os filhos da puta se protegem muito bem uns aos outros. Isto claro , sem deixar de por o Presidente da República ao barulho com o caso das escutas em Belém, caso este que tem tudo para parecer fabricado - mais uma cabala contra os "anjinhos" do governo. Curiosamente e relativamente ao partido que tem estado no governo nos últimos 4,5 anos, nada tem saído na comunicação social (pelo menos desde que calaram a outra). Alguém acha isto normal? Eu não!!!

"Cruelty Doesn't Fly" with P. Anderson

sábado, 19 de setembro de 2009

Chegou o carteiro!


Começa a ser cómico e é apenas um pouco trágico que ainda haja quem lhe dê ouvidos. Agora Manuela Ferreira Leite veio dizer que já nem o correio é seguro. Mas em que país é que vivemos? Ou melhor, em ano? A violação de correspondência é crime. “A Senhora” já apresentou alguma queixa? Ou alguém do seu “staff”? Ou será que é como “o outro” que não gosta de PPR`s mas tem mais de 30.000€ nessas aplicações? Se calhar “A Senhora” não confia nos correios mas continua a enviar cartas ao Pai Natal, talvez a pedir uns pastéis de Belém na peúga...

Das duas uma..


... ou o Presidente prova que é vítima de escutas por parte do Governo, o que justifica em parte, e ainda que de forma criticável, a intriga que teceu contra José Sócrates, ou então não consegue provar absolutamente nada e comprova à vista de todos que não tem a dimenção ética e institucional para ocupar o cargo que ocupa.

O Presidente tem que falar agora e antes das eleições, explicar ao país o que o leva a promover este jogo de poker. Caso tenha algo na mão mostre já, não será depois das fichas distribuídas pelas legislativas que terá qualquer autoridade para então "esclarecer" o que o leva a ter este comportamento nada institucional e altamente condicionante da campanha eleitoral em curso.

Senhor Presidente da República, fale agora ou cale-se para sempre!

O Donaldim do PSD


Pronunciar-me sobre as questões de ética jornalística relacionadas com todo o folhetim das escutas em Belém, é chafurdar na lama de uma classe profissional que não respeita os leitores, e que acima de tudo não se respeita a si mesma.

Quando notícias sobre histórias infundadas que fizeram notícia vêm à praça pública pelas mãos de outros colegas de profissão, só fica demonstrado que apesar dos pesares na classe profissional dos jornalistas ainda há alguma capacidade e fiscalização entre pares, e de auto-regulação numa actividade que tem que ser por natureza pouco regulada e muitíssimo protegida. Mas este não é o caso, o DN ao revelar um e-mail interno do “Público” passa vários limites:

Em primeiro lugar, revela a fonte que pretensamente fundamenta a peça que José Manuel Fernandes decidiu publicar a 18 de Agosto. A revelação de fonte jornalística é inclusive uma pratica criminalizada em alguns países.

Em segundo não revela a sua própria fonte. Aquele e-mail é uma agulha num palheiro. Quem do palheiro saberia sequer da existência da agulha? Não sabendo quem reenviou aquele e-mail, pode o DN fazer 1ª página com um assunto desta gravidade?

Em terceiro lugar, assume-se definitivamente como contraponto ao jornal Público, o que terá como efeito a conquista do epíteto de “jornal do regime”. A médio-longo prazo temo pelas consequências que este fardo trará para o Diário.

Mas o que interessa aqui e que é mais relevante do que o comportamento do DN neste ultimo episódio das suspeitas de escutas em Belém, será com toda a certeza como se inaugurou a serie.

Comprova-se o que é vox populi desde os tempos de Durão (amigo pessoal desde a faculdade) na liderança do PSD, José Manuel Fernandes capricha, nos fretes que faz às suas “fontes” laranja. Não podemos vestir de alvo virginal, num aquário como o nosso, toda a gente se conhece e dificilmente não toma partido, ou no mínimo, não desenvolve um relacionamento privilegiado com este ou aquele protagonista. Mas neste caso em concreto, exigia-se ao director de um jornal de referência outro comportamento. Aquele que escolheu ter levanta várias questões:

  1. A notícia 18 de Agosto é legítima, mas porque foi apenas publicada em 18 de Agosto quando o jornal foi informado pela fonte vários meses antes? Para cair em cima da reentre politica? Para dar a pedra-de-toque de que necessitava Ferreira Leite para continuar a asfixiar o debate político com as suas delirantes paranóias?
  2. Porque ignorou o desmentido oficiai do insuspeito Governo Regional da Madeira (GRM), relativo a uma supostamente “estranha” inclusão de um adjunto do Primeiro-Ministro no programa oficial da visita presidencial ao arquipélago? Porque é que mesmo tento a confirmação de que nada havia de anormal, e que tudo tinha seguido as vias institucionais adequadas, optou por ignorar o GRM e alimentar a suspeição sobre este facto numa nova noticia publicada a 19 de Agosto?
  3. Porque veio agora, que o escândalo está a descoberto, lançar insinuações sobre hipotéticas intrusões dos serviços de informação do Estado no sistema informático do Público (numa acusação velada ao Governo) para depois passadas poucas horas dar o dito por não dito, pois terá sido detectado um vulgar reenvio do famigerado e-mail para fora da redacção do jornal?

Se à coisa que decerto José Manuel Fernandes (JMF) terá aprendido com o seu melhor amigo e actual Presidente da Comissão Europeia, é que uma mentira dita muitas vezes e pelos devidos meios, pode até legitimar guerras e mudanças de paradigma à escala mundial.

No caso das escutas, como no caso das supostas armas de destruição massiva do Iraque, JMF defendesse como um inimputável, o homem que só vê à sua direita porque é cego da vista esquerda?! Tal como o pato de pano do ventríloquo, não é ele quem emite qualquer palavra ou sentença, ele limitasse a publicar aquilo que quem o tem de mão lhe envia, e se a coisa se descobre a culpa já se sabe, não é do péssimo serviço ao jornalismo que fez mas sim, como sempre, do governo.

Belémgate.


É da autoria do Professor Cavaco Silva a introdução, e mesmo a criação, do conceito político de “tabu” no léxico nacional. O “tabu”, não é apenas aquele jogo de esconde que o Presidente tanto gosta de jogar de cada vez que as coisas afiguram-se virem a correr-lhe mal. O “tabu”começa pela produção, ou antecipação, de determinado acontecimento, real ou virtual, que terá suposta força para condicionar não só o futuro do protagonista (Presidente Cavaco Silva) mas essencialmente o futuro de umas eleições (hoje como em 95 - as eleições legislativas).

Em 1995 demorou em lançar a bomba (da não candidatura). O seu partido, o PSD, passou da maioria absoluta para o calvário que ainda hoje atravessa. Com a “demora” e discurso ambíguos minou quaisquer hipóteses de uma sucessão condigna, e nestas condições, o mínimo que lhe era exigível, tanto por apoiantes como pelos opositores, era que se submetesse ao julgamento popular, mas não foi assim.

Agora assistimos de camarote ao remake da mesma cena. Nesta história das supostas escutas em Belém apenas o Presidente parece ter alguma informação e capacidade de condicionar a agenda e o ritmo a que as informações vão passando para a opinião pública. Atenção: estamos a 8 dias das eleições!

Fundada ou infundadamente, o Presidente da Republica, quis criar um facto político superveniente em vésperas de umas eleições que podem entregar o poder absoluto à direita.

A questão não é de somenos, segundo fonte da casa civil da Presidência da Republica autorizada pelo próprio, o Presidente desconfia(va) estar sob escuta do Governo! E o que fez o Presidente?

Chamou o Primeiro-Ministro a Belém? Não.

Convocou o Conselho de Estado? Não.

Sequer confirmou oficialmente o teor da notícia que sub-repticiamente mandou publicar no jornal Público? Não.

Oferece a “cacha” a um jornalista “amigo”, que espera o momento em que a popularidade do Governo atinge mínimos da legislatura para lançar a atoarda (apesar de ter dados oficiais que desmentem a fonte primária, mas que ignora ostensivamente como o refere o próprio provedor dos leitores do jornal Público).

Depois, confrontado com a exposição pública do problema aconselhou os portugueses a não desviarem a atenção dos portugueses dos verdadeiros problemas do país. E assim, temos tido no último mês e meio a líder da oposição a cavalgar a suspeita da alegada asfixia democrática de que o país a seu ver está a ser alvo, com a Presidência a assobiar para o lado.

Pelo que sabemos hoje, Belém terá pedido um despiste de escutas aos serviços de informação do exército que terá terminado sem nada revelar de irregular. Nada está provado ou sequer existem indícios palpáveis de alguma vez terem existido escutas em Belém, quanto mais que estas tenham sido promovidas pelo Governo.

Comprovado por este episódio é o retorno do “tabu”. O retorno do sacrifício do interesse público às mãos da agenda particular do Professor de Boliqueime. Em 1995 o objectivo do então Primeiro-Ministro, foi tentar passar entre os pingos da chuva do desastre governativo em que se tinha transformado o polvo laranja, de forma a propiciar uma candidatura presidencial que havia de perder para Jorge Sampaio.

Neste Verão o objectivo claro, tanto do lançamento da notícia do silêncio seguinte foi sustentar o argumentário difamatório pré-eleitoral da sua ex-ministra.

Independentemente de vir a provar que está a ser escutado, o que esta sucessão de episódios comprovam é que o Presidente da Republica preferiu conspirar contra o Governo, manipulando a comunicação social com a seguir as vias legais e institucionais.

E agora ou a Presidência prova rapidamente o que fez transpirar para a comunicação social, ou estaremos na presença de um dos golpes mais baixos alguma vez desferidos na história da democracia portuguesa vindo precisamente do mais alto magistrado da nação. Se assim for, o mínimo que o Presidente da Republica deverá fazer é não fugir de novo ao plebiscito, para que o povo prenuncie sobre quem recorre a semelhantes artimanhas.