terça-feira, 23 de setembro de 2008

Praxes académicas: o fim?


Aproveitando a deixa académica deixada pelo regressado Padre Amaro, não queria deixar de comentar uma das notícias do dia: Mariano Gago, Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, fez circular uma carta intimidatória relativa às praxes académicas, dando conta de que "sempre que tenha notícia da prática de ilícitos nas praxes, dela dará imediato conhecimento ao Ministério Público" e que "lançará mão dos meios aptos a responsabilizar - civil e criminalmente, por acção ou omissão - os órgãos próprios das instituições do ensino superior, as associações de estudantes e ainda quaisquer outras entidades que, podendo e devendo fazê-lo, não tenham procedido de modo a procurar evitar os danos ocorridos".

Nada tenho a dizer contra esta iniciativa do Governo, porque também condeno praxes que possam constituir ilícitos civis, criminais ou disciplinares. Acontece que o tom da carta de Mariano Gago poderá assustar as instituições do ensino superior e provocar efeitos contrários não desejados como o que está a acontecer no Instituto Superior Técnico, onde o presidente daquela instituição, pura e simplesmente, baniu a realização de quaisquer praxes.

Acabo por concordar com o presidente da AE IST (que prestou declarações ao Público, ver aqui) ao considerar "precipitada" a decisão dos órgãos directivos do IST, uma vez que o Ministro apenas quis apelar à responsabilização individual e colectiva e à capacidade de prevenção de situações ilícitas.

Como todos sabem, nunca tive muito apego às chamadas "tradições académicas" que considero sinais demasiado conservadores e impróprios do universo académico lisboeta. Em todo o caso, não vejo como possam ser repudiadas iniciativas que visam a integração de novos estudantes? Não acontece o mesmo nas empresas, quando um novo colaborador/trabalhador é admitido? Ou mesmo noutras organizações? Não é importante solidificar o espírito de união dos estudantes? E, já agora, por que não olhar também para outras festividades académicas? Acima de tudo é preciso bom senso... é que, já se vê, passam as praxes a realizar-se fora das instalações universitárias para se conseguir obstar a qualquer intervenção de uma autoridade académica.

E qual é a vossa opinião sobre isto?

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