segunda-feira, 29 de setembro de 2008

A caminho do abis…, perdão, desconhecido/mudança!


Ainda a propósito das eleições dos E.U.A., penso que anda tudo com enormes expectativas, sobre o resultado das mesmas. Sobre qual é o melhor candidato, e qual será o melhor para comandar o destino dos Americanos, e consequentemente, do Mundo. É caso para dizer – muita parra e pouca uva… Receio… Eu bem sei que os Estados Unidos da América têm assumido, sobretudo desde a segunda guerra mundial, o papel da liderança do mundo. Também sei que muito do sistema económico, sobre o qual o mundo ocidental se baseia – o liberalismo, ou como muitos gostam de chamar, o neo-liberalismo, tem os seus principais guardiões e agentes, do outro lado do oceano. Mais concretamente, os E. U.A.. Todo o esquema como a sociedade se organiza, modelos exemplares baseados (vulgo case-studies) na meritocracia, onde qualquer um independentemente das suas origens, pode chegar longe (por vezes são mais as vozes que as nozes) – o american dream, parece agora dar sinal de ruína… O sinal é tão evidente, que parece agora estar a inventar-se uma espécie de CAPITANISMO (uma mistura conveniente entre capitalismo e socialismo/comunismo), para salvar os dedos, onde parece já não haver anéis. Pois os anéis foram todos comprados a crédito, e o subprime ao invés de ser um erro, num determinado nicho, é mais mainstream do que parecia. Se fosse por culpa só de “meia-dúzia” de desgraçados, não teria chegado para começar aquilo que todos (eu próprio incluído) anteviam – a maior crise económico-financeira desde os anos 20/30. E tenho para mim que esta crise foi mais gerada pela falta de ética e rectidão (valores), que certos senhores, (vulgo agentes, e também conhecidos por administradores/gestores) que neste sistema de capitalismo popular, onde o capital das empresas se encontra muito disperso, e onde os resultados são os verdadeiros indicadores de performance, a tendência é para fazer batota. Forjar resultados, pelo menos no curto prazo compensa, enche os bolsos dos administradores, e os investidores/accionistas ficam contentes com as performances das empresas, o mercado compensa com a cotação bolsista. É uma mentira pegada (nalguns casos, obviamente; infelizmente não foram assim tão poucos)! E reafirmo que o mal está aqui… Afinal os guardiões e propulsionadores do capitalismo, sistema que serviu de base para a democracia como a conhecemos, são os primeiros a aldrabar, e descredibilizar o próprio SISTEMA.

Acho que os problemas que os E.U.A. atravessam não serão resolvidos pela eleição de um novo presidente. Bem sei que o estilo, e o tipo de políticas podem alavancar mais depressa e facilitar certos processos. Mas neste momento vejo a maior parte dos países com medo da crise, outros nem por isso. Até porque o mal de uns é sempre o bem dos outros (e lembrem-se de que o grande impulso dos EUA, dá-se com a Europa de rastos nos pós - II guerra mundial). Mas o que está em causa é todo um sistema de equilíbrio de forças. Já se sabia que o liberalismo, e a globalização iriam por em jogo forças que certamente, para os mentores da “coisa”, iriam ser difíceis de controlar. E neste momento vemos os países “indexados” ao sistema americano apavorados, como se de uma companhia em franchising se tratasse. Onde o master está doente, e os franchisados temem pela sua saúde… E por vezes tal de facto acontece. Veja-se o caso Marks & Spencer (cadeia inglesa que detinha lojas espalhadas pelo mundo inteiro – incluindo Portugal), mas que de repente se viu em maus lençóis, acabando por ter de cingir a sua actividade à terra natal, voltando às origens . São coisas que naturalmente acontecem… Como referi em post anterior, o mundo não é linear, mas vive entre equilíbrios e desequilíbrios.

Penso que não temos razões para desanimar, apenas se está a desenhar um novo mundo e que teremos de saber viver com ele. Obviamente sem deixar de lutar por aquilo que acreditamos… Como dizia Hugo Chávez (e não nutro qualquer tipo de simpatia pelo senhor, mas o que é facto é que vai dizendo algumas verdades incómodas), na sua visita de fim-de-semana a Lisboa, o mundo neste momento passou de unipolar para multipolar, quer queiramos ou não, e independentemente daquilo que possa ser a nossa opinião sobre isso. E digo mais, como disse à comunicação social António Vitorino, aquando da vitória de José Sócrates nas últimas legislativas - Habituem-se!...

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