O “animal político” aos 84 anos continua fazer aquilo de que as outras bichezas politicas apenas falam.
“O caminho faz-se caminhando”, e o ex-presidente da Republica provou pela força do exemplo que mesmo um “alvo” da sua envergadura pode caminhar livremente e com segurança pelas ruas dos bairros mais problemáticos do país.
Na companhia da Clara Ferreira Alves e de um pequeno grupo de técnicos de som e imagem, Mário Soares dispensou qualquer escolta ou segurança, e com toda a espontaneidade falou sobre as origens da Cova da Moura ou da Quinta da Fonte, das pessoas que os habitantes, não no conforto do estúdio, mas lá onde as coisas e se vivem com mais ou menos ódios e solidariedades. Expôs-se aos populares no seu quotidiano, sem se intrometer no mesmo, com o mesmo saber estar entre diferentes fazendo-se passar por seu igual que lhe valeu tantas vitórias eleitorais no passado, e assim, sem preparação, viu interrompidos alguns dos seus diálogos com a jornalista, por pedidos e saudações dos habitantes por quem passava.
O programa é curto demais. Mais de que qualquer episodio diário de telenovela. A isto soma uma boa dose de improviso, que lhe confere genuinidade mas que lhe retira conteúdo. O episódio de hoje poderia ter apenas 5 minutos. Teria o mesmo efeito. Com um passeio conversado, desmascarou o sistema mediático que vende a verdade por troca de uma caricatura que lhe dê mais 1% no share. O sangue vende, mesmo quando vendido com nojo. Para a classe média cada noticia que a diferencie daqueles que lhe varrem o chão ou aspiram a casa, é confortante, e as direcções de informação sabem que é aquela que realmente lhes paga os ordenados. O espectador médio afunda-se no sofá e dedica-se à televisão, ele intima e inconscientemente espera que esta lhe retribua essa dedicação, que se preocupe com ele e o faça sentir especial. A cobertura dos incidentes gravados da Quinta da Fonte ou dos homicídios da Cova da Moura foram demonstrações cabais do excesso de zelo com que os nossos jornalistas “protegem” os que lhes são iguais daqueles que são diferentes (em etnia, posição social ou cor da pele). O que dá share não é a isenção ou a pedagogia mas sim o sentimento de pertença. Se esse sentimento é construído sobre uma caricatura dos tais “outros”, não há melhor cimento para esse sentimento do que o medo.
Na “temível” Cova da Moura, um residente (branco) interpela Mário Soares e pergunta-lhe se não tem medo de estar ali, ao que este responde:
-“Não tenho medo de nada!”
Entre seringas no chão das ruas do Casal Ventoso, Mário Soares denuncia o trafico e consumo que testemunha enquanto grava.
Na Quinta da Fonte, o popular “bochechas” responde aos anseios de quem lhe pede apoio e atenção para os problemas do bairro, mas também sabe rebater os argumentos da residente que “não gosta dos pretos”.
Tivesse a TVI feito um Jornal da Noite em directo da Quinta da Fonte como sabe fazer durante dias a fio à porta de estádios de futebol, e teria prestado melhor serviço a todos. Principalmente se noticia-se no local desses acontecimentos circunstanciais, as estatísticas que desmentem a histeria securitária com que as Manuela Moura Guedes e os Paulo Portas deste país nos querem contaminar.
Hoje sabemos que se não estamos melhor, se não vivemos de maneira diferente só a nós o devemos. Até os espanhóis já são nossos amigos.
Serve a muitos interesses económicos e políticos este alarme de desconfiança social. Querem fazer-nos crer que o nosso inimigo interno, são exactamente aqueles que são mais explorados e que estão mais desprotegidos e.
Certas são as receitas com que Mário Soares termina este episódio de “O caminho faz-se caminhando.”.
Perante as ameaças mais brutais nunca recorreu às armas.
Perante as crises mais ameaçadoras, devemos votar sempre na esquerda porque só esta garantirá alguma protecção às minorias, aos mais pobres, nos momentos mais difíceis para todos.
Ámen,
“O caminho faz-se caminhando”, e o ex-presidente da Republica provou pela força do exemplo que mesmo um “alvo” da sua envergadura pode caminhar livremente e com segurança pelas ruas dos bairros mais problemáticos do país.
Na companhia da Clara Ferreira Alves e de um pequeno grupo de técnicos de som e imagem, Mário Soares dispensou qualquer escolta ou segurança, e com toda a espontaneidade falou sobre as origens da Cova da Moura ou da Quinta da Fonte, das pessoas que os habitantes, não no conforto do estúdio, mas lá onde as coisas e se vivem com mais ou menos ódios e solidariedades. Expôs-se aos populares no seu quotidiano, sem se intrometer no mesmo, com o mesmo saber estar entre diferentes fazendo-se passar por seu igual que lhe valeu tantas vitórias eleitorais no passado, e assim, sem preparação, viu interrompidos alguns dos seus diálogos com a jornalista, por pedidos e saudações dos habitantes por quem passava.
O programa é curto demais. Mais de que qualquer episodio diário de telenovela. A isto soma uma boa dose de improviso, que lhe confere genuinidade mas que lhe retira conteúdo. O episódio de hoje poderia ter apenas 5 minutos. Teria o mesmo efeito. Com um passeio conversado, desmascarou o sistema mediático que vende a verdade por troca de uma caricatura que lhe dê mais 1% no share. O sangue vende, mesmo quando vendido com nojo. Para a classe média cada noticia que a diferencie daqueles que lhe varrem o chão ou aspiram a casa, é confortante, e as direcções de informação sabem que é aquela que realmente lhes paga os ordenados. O espectador médio afunda-se no sofá e dedica-se à televisão, ele intima e inconscientemente espera que esta lhe retribua essa dedicação, que se preocupe com ele e o faça sentir especial. A cobertura dos incidentes gravados da Quinta da Fonte ou dos homicídios da Cova da Moura foram demonstrações cabais do excesso de zelo com que os nossos jornalistas “protegem” os que lhes são iguais daqueles que são diferentes (em etnia, posição social ou cor da pele). O que dá share não é a isenção ou a pedagogia mas sim o sentimento de pertença. Se esse sentimento é construído sobre uma caricatura dos tais “outros”, não há melhor cimento para esse sentimento do que o medo.
Na “temível” Cova da Moura, um residente (branco) interpela Mário Soares e pergunta-lhe se não tem medo de estar ali, ao que este responde:
-“Não tenho medo de nada!”
Entre seringas no chão das ruas do Casal Ventoso, Mário Soares denuncia o trafico e consumo que testemunha enquanto grava.
Na Quinta da Fonte, o popular “bochechas” responde aos anseios de quem lhe pede apoio e atenção para os problemas do bairro, mas também sabe rebater os argumentos da residente que “não gosta dos pretos”.
Tivesse a TVI feito um Jornal da Noite em directo da Quinta da Fonte como sabe fazer durante dias a fio à porta de estádios de futebol, e teria prestado melhor serviço a todos. Principalmente se noticia-se no local desses acontecimentos circunstanciais, as estatísticas que desmentem a histeria securitária com que as Manuela Moura Guedes e os Paulo Portas deste país nos querem contaminar.
Hoje sabemos que se não estamos melhor, se não vivemos de maneira diferente só a nós o devemos. Até os espanhóis já são nossos amigos.
Serve a muitos interesses económicos e políticos este alarme de desconfiança social. Querem fazer-nos crer que o nosso inimigo interno, são exactamente aqueles que são mais explorados e que estão mais desprotegidos e.
Certas são as receitas com que Mário Soares termina este episódio de “O caminho faz-se caminhando.”.
Perante as ameaças mais brutais nunca recorreu às armas.
Perante as crises mais ameaçadoras, devemos votar sempre na esquerda porque só esta garantirá alguma protecção às minorias, aos mais pobres, nos momentos mais difíceis para todos.
Ámen,
1 comentário:
E que tal um título para este excelente post? É fácil... é só editar...
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