quinta-feira, 31 de julho de 2008
Não basta...
Ora aqui temos um excelente exemplo.
Não basta ter ganho três eleições seguidas, duas delas com maioria absoluta (e ter sido o primeiro e único a fazê-lo até agora).
Não basta ter sido Primeiro Ministro durante uma década, sem pantânos, fugas para a Europa ou dissoluções (make my day e falem da Moção de Censura do PRD e do sagaz político Constâncio...).
Não basta ter sido eleito Presidente da República à primeira, contra o "Pai" (ou parvo como preferirem) da Democracia Portuguesa e contra o "Poeta" (ou novamente o parvo) desta mesma Democracia.
Não basta ter feito tudo isto sendo de direita num país que em 74 descobriu que era de esquerda (de Rio Maior para baixo, pelo menos).
Não basta ter tido a coragem de fazer o que era preciso fazer, mesmo quando isso significou perder votos e eleições (se fosse hoje o buzinão da ponte só acabava em Agosto pq o povo de revoltava por não poder ir para férias)
Não basta ter lançado obras como a Expo ou a Ponte Vasco da Gama (por favor comparar com a nova ponte, o aeroporto ou o TGV...).
Não basta ter feito tudo isto afrontando os media (só dedico 5 minutos por dia a ler jornais, ah Leão, quem mais neste país os tem no sítio para dizer isto?).
Não basta ter feito tudo isto sem que sequer um grão de pó de suspeita sobre a sua conduta ética e moral se tenha levantado (por oposição a ...Iberdrola, Mota Engil, BES, Sobreiros, etc)
O que é preciso mais? Quem é que se pode de alguma forma comparar?
Ninguém é perfeito, e quanto mais de faz, maior a probabilidade de errar...
Mas os Guterres, Santanas, Durões, Portas, Sampaios ou Sócrates é que são bons...?
Se calhar são, pelo menos não destoam tanto da mediocridade, facilistimo, demagogia, cobardia, incapacidade, estupidez e imbecilidade que tão bem caracterizam boa parte do país...
O discurso do Sr. Presidente...
É hoje às 20h que sua excelência o Presidente da República, vai discursar utilizando o prime time televisivo, ao país. Já está tudo muito expectante… Afinal o que será que ele tem a dizer? De novo, claro. Os assessores já ajudaram a criar a cortina de fumo à volta do dito acontecimento, agora tornado mediático. São aqueles tiques que nunca se perdem. Durante 24h, é um tabu. E o povo desorientado, pelo menos aquele que não está ainda mais preocupado com os problemas do Benfica. Esse sim para muitos dos portugueses um verdadeiro problema nacional. Fica “em pulgas”. Será que ele vai dizer alguma coisa de novo? Nós vemos o primeiro-ministro tão atarefado a selar acordos de investimento que visam dinamizar o país. Com uma atitude proactiva, dando o exemplo de que só há um caminho para sairmos da situação em que o país, e o mundo se encontra: Trabalho aliado a uma boa dose de criatividade. Ou será que, pelo facto do índice de confiança de Junho estar ao nível de 1986, ou seja incrivelmente baixo, altura em que o Prof. Cavaco estava no Governo, ele venha apontar uma receita que na altura usou e resultou. Mas aí tínhamos acabado de entrar na então C.E.E., que fez jorrar muitos milhões no “quintal”. Hum… Também não deve ser. Ou será que vem “puxar as orelhas” aos governantes por causa dos faraónicos investimentos em aeroportos e TGV’s. Pois se vier a crise que muitos antevêem, irá criar muito desemprego, tensões sociais alarmantes, tendo os cofres do estado estar com provisões suficientes para pagar muitos subsídios de desemprego. Ah, não me digam que vem pedir a todos os jovens portugueses para irem ao festival Sudoeste, edificado pelo seu son in law, que tem sabido tão bem entreter os jovens cá do burgo. Não, não me parece, o Prof. é como diria Miguel Cadilhe, como os eucaliptos, seca tudo à volta. Nem pelo genro (que por sinal, às vezes é um belo trafulha), ele se ia atravessar, pois podia comprometer a sua helénica carreira política, e a sua imagem social. Sabem que mais, é mais um daqueles momentos, de menino mimado que perante as visitas em casa, para mostrar o seu talento e virtuosismo, diz – “posso cantar?”, ao que as vistas porque já não o podem ouvir mais, dizem – “canta lá rapazinho”. Mas o melhor é esperar para ver. Aliás parece-me que o primeiro objectivo desta comunicação ao país já foi conseguido.
quarta-feira, 30 de julho de 2008
"Poteo" em San Sebastian
Passou hoje na TVE 1 em Espanha:
http://www.rtve.es/mediateca/videos/20080729/curso-pinchos-san-sebastian/236445.shtml
segunda-feira, 28 de julho de 2008
Uma coisa perfeita.
Uma coisa diz-se perfeita, não quando já não sei lhe consegue acrescentar mais nada, mas sim quando já não se lhe consegue retirar mais nada… Isto é uma dica apara todos aqueles que procuram "reinventar a roda", e para aqueles que como muitos de nós andam perdidos à procura de caminhos e soluções. Por vezes ela (a solução), não só é evidente, como bestialmente simples. Até porque se formos analisar os negócios simples, desde que bem geridos, são aqueles que perduram.
sábado, 26 de julho de 2008
Semana horribilis
sexta-feira, 25 de julho de 2008
O ranking que saiu pela culatra
“Fethullan Güllen lutou pelo aceitar das diferenças entre fés e raças. A sua história de vida merecia um Prémio Nobel da Paz, e não apenas o lugar cimeiro na lista dos 100 maiores intelectuais do mundo”.Harun Tukak, presidente da Fundação de Escritores e Jornalistas, em declarações ao jornal turco, Today’s Zaman“Como é possível que o mundo muçulmano não tenha uma única universidade cotada no ranking das 500 melhores e que, ao mesmo tempo, produza os 10 melhores intelectuais eleitos através da sondagem realizada em conjunto pela Prospect e pela Foreign Policy?”.Andrew Norton, comentador político, no seu blogEle há tiros que saem pela culatra. Tudo começou quando a americaníssima revista Foreign Policy (FP) e a inglesíssima Prospect elegeram os 100 intelectuais “públicos” de topo do mundo. Economistas, escritores, filósofos, laureados com o Nobel, líderes religiosos, professores universitários, entre outras personalidades “cujas ideias influenciam os demais”, das mais diferentes partes do mundo, constavam do ranking. Mas, de seguida, as duas publicações resolveram pedir ao público que votasse nos 20 que maiores honras de destaque mereceriam. Ao longo de quatro semanas e mais de meio milhão de votos depois, os 20 mais foram divulgados e os 10 primeiros são todos... Islamitas. O resultado, inesperado não só para os editores das duas revistas, provocou uma onda de comentários na imprensa, mas é passeando na Internet que se chega aos mais recônditos contornos de um ranking que está a dar muito que falar.Em primeiro lugar, todos sabemos o quão subjectivo pode ser um ranking. Contudo, uns são, efectivamente, muito mais subjectivos que outros. E existem critérios mínimos a ter em conta quando se decide nomear um país, uma personalidade, uma cidade, uma escola ou seja lá o que for para que conste, para a posteridade, que x ficou em y lugar no ranking z. Esta é a primeira crítica que se faz aos responsáveis da Foreign Policy e da Prospect que elegeram, eles próprios, aqueles que deveriam constar no top 100 dos intelectuais mundiais. Os critérios exigiam que “os candidatos deviam estar vivos, ter voz activa na vida pública e que já tivessem demonstrado distinção na sua área particular de actividade bem como a capacidade de influenciar um debate alargado, para além das fronteiras dos seus próprios países”. A lista dos 100 eleitos incluía nomes tão díspares como o linguista e activista Noam Chomsky (que em 2005, a última vez que este ranking foi produzido, foi o primeiro classificado), o pai da microfinança e Nobel da paz, Muhammad Yunus, o Papa Bento XVI, o escritor Salman Rushdie ou o economista Jeffrey Sachs. Nestes poucos exemplos, torna-se evidente a diversidade dos eleitos, tanto ao nível das suas áreas de influência, como dos países que os viram nascer.Até aqui, nada a apontar. Opiniões são opiniões e rankings valem o que valem. O problema começa a colocar-se quando é anunciado, no website da Foreign Policy, que o público iria escolher os “20 mais” da intelectualidade global. E o que se esperava vir a ser uma consulta pública, acabou por se transformar numa bem-feita, pelo menos por alguns, campanha de marketing. E se avaliar a influência de outrem pertencente a determinada cultura já é difícil, imagine-se quando em disputa estão culturas, crenças e línguas distintas.O império muçulmanoO número 1 da lista é Fethullah Güllen, um líder religioso muçulmano da Turquia. Na verdade e como já foi referido, os 10 primeiros lugares são ocupados por pensadores muçulmanos provenientes de países com populações predominantemente islâmicas. “O que não é uma coincidência”, afirma Kate Palmer, uma das editora da revista americana. Para além do ranking ser altamente subjectivo, a sondagem transformou-se numa verdadeira competição vorazmente alimentada por legiões de apoiantes e, em alguns casos, pelos próprios intelectuais “a concurso”. Num dos muitos blogs visitados, o blogger afirmava até, com uma certa ironia, que não fazia ideia que o reputado economista Paul Krugman tivesse o seu próprio website e que nele fizesse publicidade a si próprio (embora sem resultados notórios).A surpresa começou a instalar-se na Foreign Policy quando, da noite para o dia, Güllen saltou para o primeiro lugar do ranking – e lá permaneceu. Contam os próprios editores da FP e da Prospect que, de início, julgaram que algum membro tecnologicamente hábil da Fethullahcy – o nome colectivo para os milhões de seguidores que Güllen tem por esse mundo fora - tivesse entrado no sistema e manipulado os votos. “Nós teríamos identificado o culpado, descontaríamos os votos, tudo voltaria ao normal e Noam Chomsky [que acabou por liderar os ocidentais com um 11º lugar] iria repetir a vitória de 2005”, afirmam. Só que a verdade se transformou em algo ainda mais interessante, como conta Tom Nutall, editor sénior da Prospect. No início de Maio, o Zaman, o jornal mais vendido na Turquia, com uma circulação superior a 700,000 e com várias edições internacionais, publicava, na sua primeira página, uma história sobre o aparecimento de Güllen no ranking e o facto de ambas as revistas estarem a convidar os seus leitores a votarem online. Nas semanas que se seguiram, o jornal – que se diz ser apoiante do movimento de Güllen – fez várias referências ao facto do líder religioso fazer parte da lista, o mesmo acontecendo com outros jornais turcos e com os websites do próprio concorrente, oficiais e não-oficiais. Ainda de acordo com a Prospect [ambas as revistas sentiram necessidade de justificar o ranking, com editoriais e artigos escritos não tanto sobre os vencedores, mas sobre a sua legitimidade], “a eficácia e disciplina da Fethullahcy é lendária e a tentação dos seguidores de Güllen de elevarem o seu homem ao topo de uma sondagem organizada por duas revistas ocidentais influentes foi irresistível”. Mais ainda, o editor da Prospect afirma que a vitória do líder religioso muçulmano pode ser entendida como a emergência de um novo tipo de intelectual – aquele cuja influência é expressa através de uma poderosa rede pessoal, ajudada pelo poder da internet, e não suportada por publicações ou instituições.E o que dizer dos restantes vencedores do top 10?O segundo lugar, ocupado por Yunus, polémica alguma deu. O fundador do Grameen Bank e Nobel da Paz deve ser dos poucos que, unanimemente, reúne admiradores em todos os cantos do planeta. Mas nomes como Yusuf Al-Qaradawi (Egipto/Qatar)– um popular clérigo com um ainda mais popular show televisivo na Al Jazeera- , Orhan Pamuk, turco e Nobel da Literatura em 2006, o político e conhecido advogado Aitzaz Ahsan, opositor de Pervez Musharraf, o teórico religioso, iraniano, Abdolkarim Soroush ou o antropólogo cultural Mahmood Mamdani, seguiram-se na lista, colocando o islamismo no topo da intelectualidade mundial. Salvaguardando-se (ou não) as questões políticas – os vencedores são dados como moderados e com leituras diferentes do islamismo.Para os que tentam explicar este “fenómeno”, o que acabou por acontecer foi uma espécie de “contágio” ou, como explica o editor da Prospect, este “efeito islâmico” reflecte o poder da ligação estreita existente no seio da comunidade muçulmana, especialmente no que diz respeito às suas facções mais liberais, exemplificando com os três milhões de utilizadores que tem o Facebook na Turquia, mais do que qualquer outro país, sem contar, obviamente com os Estados Unidos da América, a Grã-Bretanha e o Canadá.Seja como for, o que importa aqui realçar é a seguinte questão: continuará o público a gostar tanto de rankings (que são sempre matéria de polémica, mas que vendem) agora que sabe como é fácil manipulá-los? Para a comunidade islâmica, a pergunta não tem cabimento. Pelo menos e oficialmente, neste momento, são eles que lideram o ranking dos neurónios publicado por duas revistas muito ocidentais.
E quem são os “outros”?
Noam Chomsky, linguista e activista, e crítico da política estrangeira norte-americana – desde a guerra do Vietname -, fica à frente do muito inteligente Al Gore, político, ambientalista, Nobel e, ao que se sabe, promotor de uma ópera que terá como tema a sua Verdade Inconveniente. Segue-se o historiador e professor na Princeton University, Bernard Lewis, conhecido pelos estudos que faz relativamente ao antagonismo entre o Islão e o Ocidente, um conflito que atribui ao fracasso do primeiro em se adaptar à modernidade e o italiano romancista e semiólogo , Umberto Eco. Um pouco mais à frente (ou melhor, atrás) na lista encontra-se o indiano Amartya Sen, um economista do desenvolvimento e Nobel da Economia em 1998 e o famoso jogador de xadrez russo, Garry Kasparov, que para além de mover peças em tabuleiros, é um activista da democracia e opositor de Putin. O biólogo britânico Richard Dawkins, acérrimo defensor da ciência e da racionalidade fecha a lista dos 20 em conjunto com o gigante da literatura Mario Vargas Llosa, que utiliza as palavras para expor a tirania e a injustiça."
terça-feira, 22 de julho de 2008
Saudades...
segunda-feira, 21 de julho de 2008
Lição de Vida - não acontece só aos outros... (II)
Não conheço o Ricardo Matos, nem sei se a história dele, narrada pelo El Cid, é verídica ou não, mas sei que, aparentemente, no caso dele, não foram necessárias centenas de relações para ficar contagiado e transmitir o vírus à mulher dele.
Lição de Vida – não acontece só aos outros…
Chamo-me Ricardo Matos, tenho 35 anos e não sei se faço os 36!
Irónico? Não. Sou realista… e já vão perceber porquê.
Sou casado (em união de facto, o que para mim é a mesma coisa) há 6 anos. Um casamento feliz, vários desentendimentos ao longo deste tempo, mas nada que possa ter posto em risco os sentimentos fortes e recíprocos
entre mim e a mulher da minha vida – a Paula. A prova está nos 2 seres mais importantes do mundo para mim – os meus piolhinhos – Nádia e André.
Antes de nascer o André, passei por um período complicado. Eu e a Paula discutíamos muito, a gravidez dela foi complicada, ela passou muito mal, o humor dela alterou-se completamente, teve algumas complicações e ficou
de baixa a partir do 4º mês de gravidez… e eu não tive paciência nem coragem para a apoiar. Eu não fui um bom marido, nem um bom pai, optei pelo caminho mais fácil e refugiei-me nos meus amigos, na noite, nos copos… O ambiente em casa ficou de cortar à faca, tudo era problema para a Paula, em contrapartida, lá fora tudo era maravilhoso, não havia stress com nada, eu era solicitado pelos meus amigos, ninguém fazia perguntas, ninguém me criticava, tudo era perfeito!!!
Até que um dia, numa das minhas saídas nocturnas, conheci mais profundamente uma das amigas da noite: o nome dela era Mónica, tinha 25 anos, não era propriamente bonita, mas era aquilo que se chama 'um chuchusinho'. Até esse dia, brincávamos um com o outro, provocávamonos mutuamente, chegámos até a trocar uns beijinhos inocentes, nada de importante. Mas nessa noite, foi diferente, eu tinha vontade de extravasar, não me apetecia pensar na minha vida actual, naquele momento, rejeitei completamente pensamentos sobre a minha vida, a minha mulher, a minha filha… o meu filho que vinha a caminho. Acabei a noite num hotel, achando que o meu acto era apenas um desabafo, pois se a minha vida estava virada do avesso, que mal fazia tentar alegrar-me um pouco?!
Cheguei a casa à hora do almoço,desculpei-me com os copos, arranjei o álibi perfeito, disse que bebi demais, não estava em condições de conduzir e fiquei a dormir no carro, juntamente com um amigo. Não sei se a Paula acreditou. Só sei que não disse mais nada. Eu senti-me mal, mal por mentir, mal porque senti nojo de mim próprio, pelo que tinha acabado de fazer. Uma noite perfeita acabou num peso brutal na minha consciência. A Paula não merecia nada do que eu tinha feito.
O tempo foi passando, as mágoas foram-se atenuando, mas as coisas entre mim e a Paula nunca mais foram as mesmas. Até que nasceu o André. Aí, baixámos as armas por completo e prometemos um ao outro que nunca
mais íamos deixar as coisas chegar à exaustão. Éramos uma família e tínhamos que lutar por ela, por nós e principalmente pelos nossos filhotes.
Esqueci o assunto, 'redimi-me dos meus pecados', dedicando-me à minha família. Mas sempre que me olhava ao espelho, sentia-me um cobarde pela traição e por não ter assumido os meus actos. Mas também, isso poderia
estragar tudo. Era melhor ninguém saber de nada.
Há cerca de um ano atrás, a Paula foi ao médico, por causa de umas dores que andava a sentir. Fez exames e detectaram que tinha quistos nos ovários. Teve que ser operada e para tal, foi submetida a uma série de análises – prática comum antes de uma cirurgia. Entre as análises estava a avaliação sobre o HIV. Qual o problema? Nenhum. Nunca poderia acusar nada… mas acusou. A Paula estava infectada com o vírus da sida e a tempestade caiu de novo nas nossas vidas.
Tive que admitir o meu erro e automaticamente, fiz também análises. Estava também infectado, fui eu o causador de tudo, de certeza absoluta. Lembrei-me da inconsciência daquela noite, de tudo o que fiz e do que não fiz. Como é que eu pude fazer o que fiz sem usar preservativo, com uma pessoa que eu conhecia há tão pouco tempo. Mas tinha tão bom aspecto… quem haveria de dizer… Percebi também porque é que os antibióticos que andava a tomar não
faziam efeito como deviam.
Estraguei a minha vida, a vida da minha mulher, dos meus filhos, dos meus pais, de toda a família. A Paula ficou portadora do vírus, por minha culpa. A lição que aprendi, a um custo tão elevado foi que o amor vence tudo. A
Paula deu-me uma chapada psicológica que eu nunca vou esquecer. Perdoou o que eu lhe fiz e tem-me proporcionado os melhores momentos da minha vida.
Hoje, estou deitado numa cama, sem fazer esforços. Estou com uma broncopneumonia grave, o meu organismo não responde aos tratamentos, não sei quantos dias vou durar. Se me safar desta vez, vou continuar a viver cada momento como se fosse único. Estou angustiado por não haver nada a fazer, pelas consequências do meu
acto inconsciente.
Quanto à minha amiga, a Mónica, perdi-lhe o rasto, tentei contactá-la logo que aconteceu tudo, mas nunca atendeu. Será que sabia o que tinha? Quantas mais pessoas teriam a mesma coisa? Estas são perguntas para as quais nunca vou ter resposta. Percebi a importância da vida, que, se tivesse uma 2ª oportunidade,nunca desperdiçaria os melhores momentos, as gracinhas dos meus filhos, o amor da minha mulher.
Porque escrevo? Porque quero passar a mensagem a todos os meus amigos e a todos os amigos dos meus amigos.
Eu não tive uma 2ª chance, não pude voltar atrás, estraguei tudo. Por isso peço-vos: não desperdicem as oportunidades da vida.. Ponderem sobre o que é mais importante para vocês.
Quando 'brincarem' com alguém, conhecido ou desconhecido, por mais confiança que possam ter, protejam-se. O bom aspecto das pessoas não indica se estão ou não contaminadas. Cuidado com as caras bonitas (isto é
válido também para as mulheres, claro). Mesmo com protecção, façam o teste HIV, porque nunca se sabe.
Quando o fizerem, se estiverem a trair alguém como eu (custa muito admitir, mas foi mesmo traição o que eu cometi), cuidado, pensem que não podem estragar mais ainda a vida das pessoas. Eu não consegui voltar atrás mas quero que o meu caso sirva de exemplo.
Não vou chegar aos 36 anos, vou deixar para trás uma história de vida muito bonita, os meus filhos, a minha mulher, toda a minha vida. Eles vão ficar marcados para a vida toda, principalmente a Paula que tem a vida dela estragada à custa da minha irresponsabilidade. Peço que não escondam nada dos meus filhos, quero que lhes contem tudo o que o pai fez, que lhes mostrem esta carta, quando puderem entender. Perdi o rasto a muitos amigos de escola, da faculdade e de outros andamentos. Por isso mesmo, quero pedir a quem tem esses contactos, que forme uma corrente e mostre a minha mensagem. O meu exemplo tem que servir para alguma coisa. Como não posso viver,
pelo menos a minha morte poderá evitar outras, assim o espero. Às pessoas que me conhecem, provavelmente vão ler a mensagem depois da minha morte: nunca tive inimigos por isso posso dizer que tive todo o prazer em vos conhecer, em ser vosso colega, vosso amigo… não chorem a minha morte, ou se chorarem, sorriam ao mesmo tempo e pensem que a vida é maravilhosa, basta nós querermos.
Por último, peço a todos os que lerem a minha mensagem, que pensem sobre o significado de curtir a vida.
Curtir a vida não é fazer o que eu fiz. Pensem muito nisso.
CURTAM, PROTEJAM-SE E VIVAM FELIZES!!!
Com saudades da vida
Ricardo Matos
Lisboa, 27 Fevereiro 2008
domingo, 20 de julho de 2008
Lisboa vista de fora
É sempre um exercício interessante perceber que imagem têm de nós.
E nesse aspecto este artigo do NYTimes é particularmente interessante.
Dá-nos uma perspectiva de Lisboa que não é seguramente aquela que a esmagadora maioria dos Lisboetas conhece. Ou alguma vez conhecerá.
É uma Lisboa elitista, virada para consumidores com poder de compra elevado, com tempo e muito dinheiro para gastar. Aceito que seja esse o target do NYTimes.
Já aceito com menos facilidade o facto de em todo o texto transparecer sempre o tom de que tudo o que por aqui se passa é surpreendente num país que é, claramente para o autor do artigo, um país de pacóvios.
É triste perceber que é essa a imagem que têm de nós e , pior, a imagem que passam de nós...
sexta-feira, 18 de julho de 2008
Rock in Rio, no nos tomes el pelo
Entrada de Rock in Rio. (Foto: Carlos Alba)
2 de julio.- Si Paco el Pocero montase un festival de música, le saldría Rock in Rio.
Porque los símiles, una vez transitado el festival un par de días, están a huevo. ¿A qué se parece este supermercado pop? Elija su opción:
- A un Carrefour de secano. Aparcamiento pedregoso, compra-compra-compra todo lo que te vendemos-vendemos-vendemos, gigantismo en las distancias y un público, con perdón, bastante Carrefour.
- A una urbanización de los años del pelotazo inmobiliario. Mobiliario urbano chungo, sensación de deshumanización, aires de secarral, horterez por doquier... Faltan los adosados, pero démosles tiempo.
- A una versión musical de Fitur. Avalancha de marcas, cutreatracciones aquí y allá, impactos publicitarios a cada metro... Y encima hay que pagar para entrar. Brillante.
- A una Expo aún más absurda que las Expos. Rollo 'vamos a meter aquí a 100.000 de tíos y ya nos inventaremos con qué excusa'.
Ah, es verdad, el gancho es la música. Pero el cartel, de tan ancho, tan familiar y tan para todos los públicos, es un globo flácido a morir, casi sin aire. Neil Young, Bob Dylan, Police y poco más. El resto, música de mayor o menor valor artístico, pero de intención tan comercial como el propio emporio en sí.
La otra coartada asalta al visitante a la entrada: "Por un mundo mejor". Y la cantinela de la sostenibilidad, la ecología, el buenrrollismo y tal.
Más bien por un mundo igual o peor que este: Rock in Rio usa como pantalla la cultura para promover el credo ideológico de los tiempos: no somos ciudadanos, sino consumidores. ¿Quiere vivir? Pague. Sí, por un mundo mejor, pero mejor para el bolsillo de algunos. Un mundo regido por la pasta, y de la mano del egoísmo.
Si algo sabemos a ciencia cierta hoy es que las causas solidarias suelen ser, salvo excepciones, una puta en manos de las industrias culturales. Una treta que, para ellas, es pan para hoy y hambre para mañana: es imposible engañar a todos todo el tiempo. Aún parte del público viejuno podría tragarse el engaño; el joven no tiene excusa.
Dicho lo cual, importante: ¿sobra Rock in Rio? No, Rock in Rio no sobra. Música es música, aunque sea hecha principalmente para forrarse, e igual satisfacción pueden causar Shakira y Dylan en sus respectivos fans. No sobra, también, porque no llega por aquí tanta música como para andar derrochando. Y no sobra porque un centro comercial es un centro comercial, y como tal hay que tomárselo: uno va, compra, y vuelve a su casa.
Pero que no nos camelen. Rock in Rio, bienvenido y tal, pero no nos tomes el pelo.
(Y eso que servidor no presenció la apertura del evento el jueves pasado, con Esperanza Aguirre en plan Madonna castiza y varios cazas surcando los aires, según me cuentan. Esta crónica me habría salido más divertida pero, mecachis, no estuve).
Fonte: http://www.elmundo.es/elmundo/2008/07/02/rockandblog/1214957902.html
quinta-feira, 17 de julho de 2008
Osório, “O Coveiro”.
Luís Osório, será até uma personagem simpática a determinadas correntes político-sociais mais ou menos próximas do Partido Socialista, mais ou menos próximas de uma burguesia lisboeta com queda para a cultura e movida mais cosmopolitas.
Num país de morenos cegos quem tem um olho azul é rei.
Ora Luís Osório tem dois olhos azuis e ainda por cima é loiro. Só assim se justifica que, depois de ter sepultado o diário “A Capital” debaixo de um gigantesco monte de erros de gestão, noticias falaciosas, e “jeitinhos” a amigos, tenha tido esta oportunidade para fazer o mesmo com o Rádio Clube Português.
Ok, as condições estavam lá todas, os tios residentes da Media Capital e os “tios” pró-PSOE da Prisa, só podiam escolher um “Osório” qualquer para dirigir a sua rádio "de informação”. Como o país é pequeno e “Osórios” há poucos, foram buscar o que estava disponível e desempregado.
Trágico percurso do Rádio Clube Português nas mãos de Luís Osório. Com um orçamento 5 vezes superior ao da concorrente directa TSF, está a 80.000 ouvintes dos 200.000 mil de objectivo mínimo pretendido. Ana Sousa Dias bateu com a porta na "palhaçada", o homem de mão João Adelino Faria já disse que vai apresentar a sua demissão. Luís Osório está a 3 meses de ser despedido.
Quem acidentalmente “zappa” no RCP sabe que a frequência da saudosa Nostalgia é agora ocupada por uma emissão que não é carne nem peixe, foi vendida como lagosta mas não chega a maionese de delicias do mar, E como este tipo de produtos (mesmo os produtos de media) têm que ser consumidos dentro do prazo, a validade do projecto expirou e já podemos falar de um RCP “estragado”,”insonso”, “feito de restos”. Um director intectual que não resiste à tentação social e à pressão comercial é um coveiro para qualquer jornal ou estação de rádio.
Luís Osório atingiu o seu “limite de Peter” à muito tempo, e é comprovadamente um péssimo director de orgão de informação.
Ámen,
quarta-feira, 16 de julho de 2008
Bomba Napalm
A revisão das previsões dadas a conhecer pelo governador do Banco de Portugal, vieram confirmar uma realidade que nós todos já suspeitávamos. Portugal não está imune à crise internacional. Quem pensasse o contrário, era porque certamente não vivia neste planeta…
De facto é uma situação de frustração, tanto para os governantes que tiveram, a bem da saúde das contas públicas, de implementar medidas impopulares exigindo esforços às famílias e às empresas. Assim como para os governados, que, uns mais que outros, fizeram os esforços que lhes foram pedidos. Ou seja, as contas estavam a equilibrar, tínhamos conseguido sair da zona dos “cábulas” em Bruxelas, baixando o défice para valores abaixo dos 3%. E até estávamos a ter um crescimento do nosso PIB, comparando com os anos anteriores, mostrando que se conseguiam fazer sacrifícios sem penalizar o crescimento económico.
Eis senão quando, começa a surgir da banda de lá do atlântico, mais propriamente da maior economia do mundo (pelo menos até à data, e até prova em contrário), surge uma coisa que ficou conhecida por subprime. Era o início de uma à muito anunciada crise do ocidente e do seu paradigma. Juntamente com a crise financeira, que graças à livre circulação do capital, um fenómeno que tem a origem num ponto, espalha-se mais facilmente por todos os pontos interligados em rede (bancos na Europa), afectando assim todo o sistema financeiro do mundo ocidental. Aos quais lhe valeu o socorro dos bancos centrais que injectaram liquidez no sistema. Mas como alguém não se cansa de referir, “não há almoços grátis”, e até os bancos centrais emprestam dinheiro a juros. Ou seja, não só mas também, pois também existem os mecanismos de controlo da inflação, o preço do dinheiro para os bancos aumentou. Para ajudar à festa, perdoem-me a expressão, surge a “suposta” crise energética (que para mim, não é mais do que o mundo inteiro a pagar os custos da invasão do Iraque). Crise essa, que pessoalmente creio que poderá ter aspectos positivos. O facto de, devido ao aumento dos combustíveis, possa facilitar o aparecimento no mercado, de automóveis e aparelhos mais eficientes e limpos ambientalmente, que proporcionem o mesmo uso que os actuais. Até lá o que assistimos é a escalada injustificada de preços dos combustíveis de forma aparentemente injustificada. Será que, pelo facto de sermos todos tão dependentes do petróleo e derivados, que já estamos a financiar o investimento em alternativas que o substituam? Ou será que estamos todos a ser “vítimas” do lucro fácil e ganância da venda das opções e futuros, com base em que o petróleo há-de chegar aos 200$/barril? Outra coisa que pode assustar: já se fala que os especuladores depois do petróleo, que estima-se já não terá muito mais para especular, irão voltar-se para os alimentos… será que também vamos ter de criar uma cadeia alimentar alternativa? A juntar a este ramalhete (e prometo que termino por aqui) temos que contrariamente ao que a estratégia de Lisboa previa, a Europa está longe de ser a zona mais competitiva do globo. Estando esse papel mais com os BRIC, coadjuvados pelos “senhores do ouro negro” que não sabem o que hão-de fazer a tanto dinheiro e poder. Mas dou uma dica: salvo raras excepções, asneiras…
Eu prometi que era a última desgraça mas enganei-vos (isso também é uma coisa que tem de acabar de uma vez por todas…). Esqueci-me da inflação. Era um mal que não nos afectava. Até estávamos a ser vítimas de remédios administrados pelo Sr. Trichet, às economias alemãs e francesas, essas sim com níveis de inflação mais altos. Mas até esse mal já nos começou a atingir. E já foi reflectido nos dados do INE relativos ao mês de Junho. Pior será se caminharmos para uma situação de estagflação. Caracteriza-se por um período arrefecimento económico (não crescimento, ou mesmo recessão) e por um aumento do preço dos bens. Viveu-se período semelhante na década de 70. A palavra tem origem durante a crise económica que assolou o mundo durante a década de 1970, de um lado pelo superaquecimento das economias dos “países desenvolvidos”, a partir da excessiva expansão de procura agregada, o que levou a pressões inflacionistas; do outro lado, pela redução da oferta agregada, a partir das restrições impostas pelos países produtores de petróleo, perdas de safras e redução das actividades em sectores que dependem do petróleo como matéria-prima, ou simplesmente como complemento, levando ao desemprego.
Como eu referia no título do artigo todos estes efeitos conjugados, numa altura em que estávamos a percorrer um caminho já por si difícil, e numa economia pequena, e principalmente frágil como a nossa, tem o efeito de uma bomba napalm…
Uma coisa tenho a certeza: temos um árduo trabalho pela frente!
O valor da palavra dada.
Mais espantoso será então a indignação contra a certificação digital da declaração de vontade verbal e presencialmente expressa.
Caros amigos, homens como vós, bondosos de coração, inventivos de vontade, transbordantes de paixão pela vida, escravizados nos neo-costumes do e-mail e do sms! Como é que é possível meus irmãos!
Não é preciso ser proferida por um padre continuarem a confiar na palavra de um homem.
Se disse que ia à sardinhada de quinta-feira e nada mais disse em contrario é porque vou. Como a honra que encerra um compromisso assumido numa conversa séria, é um valor que todos continuamos a respeitar, dispenso-me de me obrigar à escravatura do e-mail e do telemóvel para conquistar o eterno retorno à companhia dos meus mais dilectos.
Se disse que ia e nada mais disse em contrario é porque vou!
Ámen,
terça-feira, 15 de julho de 2008
Cá vos espero
Teremos peixinho grelhado e outros pitéus…
quinta-feira, 10 de julho de 2008
Reflexão do dia... mais uma
Sun Tzu
quarta-feira, 9 de julho de 2008
O Estado (a)crítico da Nação.
Depois vieram buscar os ciganos, não era cigano, era-me indiferente.
Depois vieram pelos comunistas, não era comunista, era-me indiferente.
Depois levaram os doentes e deficientes, era saudável, era-me indiferente.
Por estes dias haverá algum sinal de alarme que estejamos a ignorar? Alguns convites ao silêncio que não sejam desejáveis aceitar?
Portugal, pais anémico e expropriado, em divergência com quase todos os parâmetros de desenvolvimento que dizemos perseguir sobe 3 lugares, quase que incompreensivelmente, no ranking dos países mais pacíficos do mundo. Paulos Portas deste pais, calema as vossas sirenes, deixem os vossos milicianismos em casa, porque Portugal é o 7º país mais pacifico do mundo e entre os países da UE aquele que melhor acolhe os estrangeiros e imigrantes.
Será este indicador motivo de orgulho?
Sim e não.
Não é necessário fundamentar opinião, no optimismo matemático de Paulo Teixeira Pinto, nem no cepticismo catedrático de Vítor Bento, para sentir o odor necrótico de uma sociedade civil inerte, sem espaço público que permita a critica bondosa e a síntese de soluções diversas para os mesmos problemas, que todos conhecemos, que persistem, e teimamos em inventaria sem resolver. Aqui cito PTP, a matemática ensina-nos que para cada problema existe pelo menos uma solução, simplesmente muitas vezes é mais fácil para nós convivermos com o problema do que com a solução.
O que é necessário para se encontrar a solução? Experimenta-la, pô-la à prova, correndo o risco de falhar. E aqui é que a “porca troce o rabo” como diz o povo. Seremos mesmo a “forte nação de fraca gente” que cantava Camões?
O risco, a incerteza, uhhhhhhh que medo!!! É melhor estar quieto, como sempre nos ensinaram desde os bancos da escola primária.
Quando apareceu a televisão em Portugal, um bloco noticioso batia recordes de audiência e até ao advento das televisões privadas foi sempre o momento televisivo mais apetecido, ele era “O tempo que faz amanhã” (assim se chamava o espaço da meteorologia no então “Primeiro canal”). O “português médio”, esse ente místico que todos os indígenas tentam mimetizar, prefere andar o dia todo carregado com um chapéu de chuva e encafuado dentro de um automóvel, a apanhar com umas gotinhas de chuva no nariz. É o popular “pelo sim pelo não é melhor não arriscar”.
O que Portugal precisa não é de meteorologistas é de quem faça chover!
Quem arrisque a feitiçaria de fazer mais e diferente do que já foi feito, mesmo arriscando o fracasso. Uma coisa terá como certa: a chacota dos medíocres.
Infelizmente essa chacota, é o desabafo que alivia o corpo do “português médio” das dores do seu imobilismo e da sua cobardia. E assim, pacificamente, convivemos bem a dizer que tudo está mal. E enquanto nos afastamos cada vez mais da Europa (esse continente distante) vamos acalmando com uma mão na “Super Bock” e outra no telemóvel para ligar para a Cetelem.
Triste pais este que só vê na rua o PC a reivindicar a manutenção dos chamados “direitos adquiridos”, quando deveria sair todo à rua a exigir a abolição das heranças que PREC`s (processos reactivos em curso) vários nos foram legando ao longo dos anos.
Pobre pais este, que mais rapidamente diz mal de quem faz alguma coisa por todos, do que de quem nada faz nem por si mesmo.
Empreendedorismo ensinado nas escolas por funcionários públicos?! Deixemo-nos de tretas. Acabem-se com os QREN`s e com os IAPMEIS. Fechem-se os notários, fechem-se os tribunais se for preciso (para abrir outros nos dia a seguir) mas acabe-se com imobilismo judicial que sufoca empresas e cidadãos, não se promova a dependência do estado.
Os funcionários públicos saem à rua por causa de décimas de aumento, e o que fazem os pequenos e médios empresários que têm 20 e 30% de crédito mal parado porque também ninguém lhes paga e não existe uma Justiça que os obrigue a pagar? Esses trabalham, e andam para a frente, porque parar é inevitavelmente morrer.
Na conferência da SEDES (Fórum Económico e Social) sobre o estado da Nação, PTP avançou com várias medidas para a resolução dos nossos problemas, umas mais inovadoras do que outras, mas são contributos validos para discussão. Para referir algumas: cheque-ensino; seguro nacional de saúde; criação de raiz de uma universidade de excelência em Portugal; fecho imediato das ESE`s (com reforma compulsiva da Ana Benavente); fortalecimento do papel do Estado mas redução das suas áreas de actuação nomeadamente ao nível da economia.
Concorde-se ou não, para o que já não há pachorra, é para ouvir a Maria Filomena Mónica falar do sucesso escolar das netas e de como foi ser professora da actual ministra da educação em 74. O que é que isso interessa para o estado da nação?
Ainda menos toleráveis, são os bombeiros que despeitosamente viram incendiários.
Ateiam fogachos em papeluchos alcunhados de relatórios, e sem fundamentação pratica e teórica (porque isso dá trabalho), que servem sound bytes à hora de jantar, para televisão aparecer. A quem serve então este ditos “relatórios da SEDES”? Servem apenas e só os interesses pessoais de Campos e Cunha`s que querem mostrar que ainda estão politicamente vivos… infelizmente.
Portugal segue dentro de momentos.
Ámen.
Para reflectir
-Um jovem de 18 anos recebe 200 euros do estado para não trabalhar, um idoso recebe de reforma 236 euros depois de toda uma vida de trabalho.
-Um marido oferece um anel à sua mulher e tem de declarar a doação ao fisco.
-Nas zonas mais problemáticas das áreas urbanas existe 1 polícia para cada 2000 habitantes, o Governo diz que o País não precisa de mais policias.
-Numa empreitada pública, os trabalhadores são todos imigrantes ilegais, recebem menos do que o salário mínimo e o Estado não fiscaliza.
-Um polícia bate num negro e é racista, um bando de negros mata 3 polícias, não estão inseridos na sociedade.
-O café da esquina fechou porque não tinha WC para homens, mulheres e empregados, no Fórum Montijo o WC da Pizza Hut fica a 100 metros, nem tem local para lavar as mãos.
-O governo incentiva as pessoas a procurarem energias alternativas ao petróleo e depois multa quem coloca óleo vegetal nos carros porque não paga ISP (imposto sobre produtos petrolíferos).
-Nas prisões são distribuídas gratuitamente seringas por causa do HIV, mas como entra droga nas prisões?
-No exame final de 12o ano és apanhado a copiar chumbas o ano, o primeiro-ministro fez o exame de inglês técnico em casa, mandou por fax e é engenheiro.·
-Um jovem de 14 anos mata um adulto, não tem idade para ir a tribunal,um jovem de 15 leva uma chapada do pai, por ter roubado dinheiro para a droga é violência doméstica.
-Começas a descontar em Janeiro o IRS e só vais receber o excesso em Agosto do ano que vem, não pagas às finanças a tempo e horas e passadoum dia já estás a pagar juros.
-Fechas a janela da tua varanda e estás a fazer uma obra ilegal, constrói-se um bairro de lata e ninguém vê.
-Se o teu filho não tem cabeça para a escola e com 14 anos o pões a trabalhar contigo num oficio respeitável, é exploração do trabalho infantil, se és artista e o teu filho com 7 anos participa em gravações de telenovelas 8 horas por dia ou mais, então a criança tem talento, sai ao pai ou à mãe.
-Paguei 50 cêntimos por uma seringa na farmácia para dar um medicamento ao meu filho, mas se fosse drogado, não pagava nada.
terça-feira, 8 de julho de 2008
Rock & Crítico
O nosso dilecto companheiro de blog, Mr. Count, padece de maleita comum que, nos dias correntes, assume carácter epidemiológico.
Depois de “trocas de argumento”(que para uns serão uma chatice mas para outros certamente uma delicia) o nosso prezado amigo, publica o texto com o titulo “Tentativa de entendimento…”.
O referido texto começa mal e acaba pior!
Passo a explicar.
O texto é correcto nas analises comerciais e de marketing que faz do evento. Tomo por fidedignos os dados em que se fundamenta, e só prova que se o Mundo não está melhor por causa do Rock & Rio, será certamente porque o clã Medina não consegue franchizar o negocio a cada família desfavorecida do hemisfério sul.
No que peca então o Mr. Count?
Nas intenções.
Creio estar certo, ao afirmar que o Mr. Count (ao contrario do que o cognome possa indiciar) utilizou uma estrutura de texto francesa dividida em 3 partes, na ordem classica de introdução, desenvolvimento, e conclusão. Partindo de uma introdução fundamentada na contextualização histórica do evento, o nosso Count desenvolve posteriormente para a exposição das humildes beneficências realizadas pelos Medina com os lucros fantásticos gerados pela organização do evento. Nada a dizer, concordo perfeitamente com o autor quando escreve, e cito: “pouco é melhor que nada”.
O Mr. Count denuncia-se, e começa mal logo no título “Tentativa de Entendimento…”. Sumariamente:
Uma tentativa não é significante de uma vontade.
Uma tentativa é muitas vezes a forma como nos referimos à posteriori a um fracasso.
O entendimento é, de facto, muitas vezes coisa inerte e chata.
As “…”(reticencias) usadas a despropósito, abrem a porta para tanta coisa, como por exemplo, ao último parágrafo do texto assim titulado.
É preciso chegar “aos finalmente” como se fala na terra dos Medina, para se perceber o quanto estava inquinada esta “tentativa” antes mesmo de começar a sua redacção.
Passo a transcrever: “Quem gosta vai (Eu Fui!), quem não gosta não vai e faz como eu em relação aos festivais a onde não vou, não digo bem nem mal”.
Um grande professor certo dia ensinou: “quando quiseres saber as reais motivações que levaram o escritor a produzir o texto, lê as suas ultimas alegações”.
O que o Mr.Count pretende, não é uma honesta rendição da minha consciência aos seus argumentos contabilísticos. O que o Mr. Count pretende, é que me cale, desqualificando a minha capacidade crítica, por não ter contribuído com a minha presença e investimento para ultima edição do evento.
Poderia ocupar mais 100 linhas deste texto, que já vai longo, a carpir no nosso prezado Count e na desprezível hipocrisia do marketing comercial contemporâneo mas descansem não o farei. Apenas apelo a que o Mr. Count não aplique à sua venerável pessoa o que sub-reptíciamente me sugere. Quero continuar a ler com todo o interesses e atenção, as suas opiniões mais ou menos dogmáticas, sobre o Partido Socialista, sobre o PCP ou sobre o Benfica. E até sobre o Partido Social Democrata, com quem o Sr. Count tanto se identifica mas onde também não comparece nem para o qual contribui.
Mr. Count, desafio-o a deixar as folhas de Excel e os copos de martini e a dedicar-se à reflexão sobre a importância da dialéctica no desenvolvimento social.
Eu já fui ao Rock $ Rio e não tenciono voltar a ir, mas quem sabe Mr. Count, se por força de outros argumentos não venha a reconsiderar a minha posição.
Àmen
P.s.: Aproveito para deixar aqui os meus agradecimentos pessoais ao Sr. Roberto Medina pelo “pouco” que fez pelo meu pais, porque é melhor que o nada que muitos compatriotas meus têm feito por Portugal (excluo todos os camaradas e amigos do cacalharas deste post scriptum)
segunda-feira, 7 de julho de 2008
Tentativa de entendimento...
Parece-me que teremos assuntos muito mais interessantes para debater do que o RIR...
Depois da troca de argumentos que temos tido, aqui deixo um post que não é da minha autoria, mas que creio ser um retrato bastante equilibrado (embora um pouco longo) e poder constituir um ponto de entendimento comum sobre o tema.
Afinal, com o campeonato à porta, uma verdadeira oposição e o RIR só em 2010...
Cito:
Em "defesa" do Rock in Rio
Objecto de elogios mas também de muita maledicência, este é sem dúvida o maior festival de música que se realiza no nosso país. Mas será este festival um “lobo” com pele de “cordeiro”? Uma “máquina capitalista” escondida por de trás de uma “instituição” de causas sociais? Eis o que é (a meu ver) o Rock in Rio Lisboa:
Passada já a “loucura” do Rock in Rio, passemos um outro olhar sobre este festival. Em primeiro, reavivemos um pouco as memórias sobre as origens deste. O Rock in Rio teve a sua primeira edição em 1985 no Rio de Janeiro, em 10 dias recebeu cerca de 1 milhão e 300 mil pessoas. Idealizado por Roberto Medina, viria a receber o título de “maior festival de música do mundo” por equivaler a 5 Woodstocks.
Em plenos anos 80, numa época de esplendor do Rock, o festival terá adquirido o nome de “Rock in Rio” por ser este o género musical que mais massas atraía, e divulgar para essas massas o objectivo (ou co-objectivo) de um mundo melhor. Com o passar das edições, o Rock perdeu massas para outros estilos, e as fronteiras do festival abriram-se sobretudo à POP, Britney Spears participou na edição de 2001. Sendo o Rock in Rio já uma referência importantíssima no universo dos festivais de música, não faria muito sentido mudar o nome, gerou-se então assim uma espécie de “marca”.
Em 2004, é dado o primeiro passo para o segundo “sonho” de Roberto Medina, a internacionalização do festival, a chegada a Lisboa. Com algumas reticências por parte da crítica o nome não muda para “Rock in Lisbon”, pelo facto de o nome do festival ser já uma marca, apenas se acrescenta Lisboa. Como é sabido, desde então tem-se realizado de dois em dois anos com elevado grau de sucesso. Agora sejamos realistas, ninguém acredita, nem é bandeira da organização que o festival SÓ se realiza “Por um mundo melhor” ou por puro amor à música.
O Rock in Rio, tal como a grande maioria dos festivais tem uma promotora por de trás, neste caso o “clã” Medina. E é óbvio que ninguém quer investir milhões para perder dinheiro. Um dos objectivos passa por chegar ao maior número de pessoas possível, para isso são propostos dias mais ou menos temáticos, com artistas e bandas de renome e bastante populares. Quanto mais gente, mais dinheiro entra, e quanto maior for o lucro maior é a ajuda para causas sociais. Uma das acusações mais frequentes ao RiR, é de que é um festival capitalista e de que é um centro comercial a céu aberto.
Mas… um festival desta magnitude organiza-se com que dinheiro? …com apoios do Ministério da Cultura não é de certeza. Tem publicidade excessiva? … talvez, mas os patrocinadores também têm de tirar contrapartidas, merecem publicidade adequada ao dinheiro que investem (e que não deve ser pouco). Mas o mais cómico da situação é que outros festivais que inclusive têm marcas implícitas no nome não recebem tão frequentemente críticas dessas. “ SUPER BOCK SUPER ROCK”, “ OPTIMUS ALIVE” ou “SUDOESTE TMN “, não são também estes festivais capitalistas? …não têm também promotoras por de trás a quem interessa lucrar? ..apoiam causas sociais? …ou são apenas feitos por “amor à música”?
Como não temos acesso ao orçamento do RiR não poderemos avaliar se o dinheiro e bens doados às causas sociais é pouco ou muito, mas pelo menos algo é. Segundo dados do site oficial, a edição de 2004 contou com um investimento de 25 milhões de euros.
Mas vejamos alguns dos resultados do projecto “Por um mundo melhor”: # abertura de 10 salas de estimulação sensorial para crianças em todo o país, cinco atribuídas à ACAPO para crianças invisuais e amblíopes e as outras cinco atribuídas a crianças com deficiência mental e stress pós-traumático de várias CERCIs. Luiz Felipe Scolari e Mercedes Balsemão da SIC Esperança, foram os responsáveis pela selecção das instituições, foram beneficiados os projectos "Crescer Sentindo" da ACAPO e "Snoloezelen" das Cercis de Pombal, Caldas da Rainha, Fafe, Corroios e Macedo de Cavaleiros. As salas foram foram inauguradas antes do Festival começar, mediante um adiantamento de 150 mil euros entregue pela Better World , produtora do evento e pela BP. #em 2004 o RiR recebeu o apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, através da Campanha "Teams to End Poverty", o RiR pôde doar mais de 660 mil euros para crianças de 45 países em vias de desenvolvimento através do trabalho da Plan International-Chilreach . # em Portugal, também pela mediação da SIC Esperança, os números apontam para 2700 crianças beneficiadas em todo o país. # em 2006, tendo em conta a campanha “Carbono Zero”, foram contabilizadas todas as emissões de carbono lançadas pelo festival, entre deslocações de artistas participantes e das cerca de 380 mil pessoas que visitaram o festival, que foram compensadas com a plantação de 18.900 árvores (choupos, pinheiros bravos e mansos) numa área de 18 hectares da Tapada Militar de Mafra, para repor a vegetação ardida em Setembro de 2003. #durante a edição deste ano o aquecimento global foi a principal causa invocada, durante o festival foram passadas várias mensagens de como travar as alterações climáticas.
Se isto é muito ou pouco tendo em conta os lucros do festival, isso não sabemos, mas que isto contribui para um mundo melhor, isso contribui. Fazendo ainda referência a outra crítica frequente, o preço dos bilhetes, 53 euros é caro? …acho que não. Que custa a dar? …à maioria custa. Mas se tivermos em conta de que pagamos em média 30 a 35 euros por um concerto, e que num dia assistimos a 4 concertos de artistas na maioria de nome internacional (embora não agrade a todos) e de elevados cachês, tenda electrónica com Djs de renome, palco secundário com bons artistas nacionais, as várias despesas, a segurança e a excelente organização (compare-se com o Creamfields no mesmo espaço e semelhante preço), é mesmo assim tão caro? Em suma, trata-se apenas de uma visão pessoal do Rock in Rio, que julgo correcta, não vejo este festival como um “santo” mas também não o vejo como um “lobo” com pele de “cordeiro”. Quem gosta vai (Eu Fui!), quem não gosta não vai e faz como eu em relação aos festivais a onde não vou, não digo bem nem mal.
Fontes: rockinrio-lisboa.sapo.pt
www.impresa.pt/esperanca/esperanca DN.sapo.pt
pipo_blitz Segunda, 16 de Junho às 15:46
domingo, 6 de julho de 2008
1+ 1 = 2
Que bom relê-lo Mrs. Count! A este blog plural já faltava o bafio dos “bons velhos tempos”. Ok, sei que o primeira reacção do Mrs. Count (Wanna be Sir Count?) a este texto será: "ressabiado!" A segunda reacção: "comuna!" A terceira: "ressabiado!" A quarta: "comuna!" E enfim… por ai até ao final da sua “página de Excel”.
Perante a típica amnésia selectiva de que enferma a generalidade da direita portuguesa, não resta outra alternativa que não a de afrontar os conservadores mais sensíveis, nos quais incluo a Dra. Ferreira Leite, o Dr. Paulo Portas e o Dr. Count (melhores que o trio Odemira).
Durante demasiados anos, o sistema educativo português, mais do que um sistema formativo, foi um sistema selectivo. Tinha como principal objectivo excluir do sistema a média, e apurar para dirigir essa mesma média (maioritária), uma elite de privilegiados que geracionalmente tendia (e ainda tente) para a autoperpetuação na vanguarda sistema social português.
Por ser a ferramenta operacional das “contas”, logo do dinheiro, a matemática sempre se quis como um saber de “quem conta”, por oposição aqueles que eram e devem ser “contados” (à entrada das fabricas, dos campos e das urnas).
50 anos de ditadura do “melhor ministro das finanças português do sec. XX”(perdoem-me os direitistas se "O" evoco em vão), e 21 anos de Ministério da Educação do PSD, legaram-nos uma aprendizagem da Matemática diabolizada pelo anacronismo existente entre as competências pedidas no processo de aprendizagem da disciplina, e as exigidas nos momentos de avaliação da mesma.
Tinha alguma lógica que alunos com aproveitamento à disciplina durante 12 anos de formação, fossem sistematicamente corridos a negativa nos exames de acesso ao ensino superior? Onde estava aqui a incompetência?
A quem servia esta vergonha, periodicamente feita publica?
Não defendo que o ensino da matemática em Portugal seja bom, ou que o tenha sido alguma vez. O que não aceito, é que num exame final de os alunos tenham que ter necessariamente piores notas do que os resultados que tiveram ao longo do processo de aprendizagem.
O que é importante num exame final que se quer avaliador da aprendizagem da generalidade dos conteúdos leccionados ao longo de 12 anos?
Umas rasteiras matreiras? Uns problemas muito criativos para complexizar ainda mais o raciocínio dos avaliados, já de si pressionados pela limitação temporal e pela pressão próprias da natureza de um exame final?
O que interessa avaliar num exame final, é se o aluno tem boas competências na generalidade da matéria, que perceba interligação dos conteúdos. Não interessava para nada, introduzir um factor “sorte” nos exames, como aqueles com que todos nos deparávamos “antes da reforma” , Quem esqueceu aquelas magnificas provas que nos pediam um domínio total de uma parte secundaria da matéria (negligenciando conhecimentos bem mais estruturais) de forma a criar à priori um factor de eliminação dos alunos mais incautos, ou que tiveram um acompanhamento mais irregular das matérias. Mesmo que com “uma boa média” de aprendizagem e razoável domínio dos conhecimentos propostos no programa, todos sabemos como eram comuns estas “surpresas”
Como era apanágio dos professores de matemática, sempre tive aqueles que entregavam as “negas” com um esgar de satisfação denunciado num oportuno e cinico sorriso. Parecia que avaliavam o seu sucesso como professores pelo insucesso relativo dos seus alunos.
Eram funcionários publicos, nada tinham de professores, e em muito contribuíram para a deterioração do interesse público pela matemática em Portugal.
Estes ditos professores não passavam de uns “saloios” que se consideravam a si mesmos os bastiões defensores do “sistema de educativo português” da escola da tabuada ou da reguada.
Foi através deste esforço particular que se formaram novas “elites” de origens trabalhadoras e com menor formação de base. O estado muito pouco ou nada fez para isso e por eles. O ensino da matemática, e em particular, as práticas de avaliação de conhecimentos associadas à disciplina em muito serviram os propósitos daqueles que queriam que os “doutores” continuassem a ser os filhos de “doutores” e que os filhos dos "trabalhadores" de "trabalhadores" não passassem. Lamentável é verificarmos hoje, que toda uma nova geração de “doutores privados” não reconhece as reais razões do seu sucesso e continua a prestar homenagem a um sistema conservador e retrógrado que nunca desejou nem possibilitou a sua recem conquistada e plenamente merecida ascensão à elite social e cultural do país pós-revolucionário.
O poder político em Portugal até 1995, nunca considerou a escola como o mecanismo de inclusão por excelência que é, mas sim como o útil mecanismo de selecção e exclusão que foi. Após 95, perdeu-se no caminho da mudança do sistema educativo e anacronicamente deformou-se no essencial, devido à ausência de uma verdadeira cultura de avaliação.
Parabéns ao 1º governo que num Portugal democrático, percebeu que para avaliar bem os alunos é necessário avaliar igualmente bem e primariamente quem os ensina (ainda que o tenha feito com seculos e atraso relactivamente a outros paises europeus). Parabéns pela visão e coragem.
Por fim parabéns ao júri que fez este exame de matemática. Que este seja o 1º de muitos.
Àmen.
sábado, 5 de julho de 2008
2 + 2 = ...
Em 2004 a média dos exames nacionais de matemática foi 8.8, em 2006 8.1 e em 2008 14...
Não conheço em pormenor o tema, mas pelo que tem sido dado a conhecer por uma série intervenientes directos no processo (professores e alunos) a Educação em Portugal vive tempos miseráveis...
Como é possível então que as médias subam para valores assim? Mais ainda, subam de 10.6 em 2007 para 14 em 2008?
A média é uma indicador que pode ser enganador (a célebre história de que se eu comer um frango e o estimado leitor não comer nada, em média cada um de nós comeu meio frango...) pelo que gostava de saber mais alguns dados sobre este valor...
Convido-o a numa folha de excel simular a distribuição das notas, inserindo valores em dez células (apenas uma pode ser menor do que dez dado apenas 7% terem sido negativas) e a ver os valores que têm de lá estar para originar uma média de 14...
The way I see it...
Com a famigerada Nova Reforma de que felizmente fugi em 1993/1994 iniciou-se um processo de calamidade pública no nosso sistema de ensino, sucessivamente agravado desde então. Quando os resultados se tornaram demasiado maus ao invés de os assumir e refletir sobre as suas causas... baixa-se a avaliação o que for preciso para que os resultados finais se tornem agradáveis...
E por não?
Everybody is happy...