quarta-feira, 9 de julho de 2008

O Estado (a)crítico da Nação.


Primeiro vieram buscar os judeus, não era judeu, era-me indiferente.
Depois vieram buscar os ciganos, não era cigano, era-me indiferente.
Depois vieram pelos comunistas, não era comunista, era-me indiferente.
Depois levaram os doentes e deficientes, era saudável, era-me indiferente.

Depois levaram os velhos, ainda era jovem, era-me indiferente.

Depois levaram as crianças, era adulto, era-me indiferente.

Depois levaram as mulheres, era homem, era-me indiferente.

Certo dia vieram buscar-me a mim, gritei por ajuda e ninguém me ouviu.

Por estes dias haverá algum sinal de alarme que estejamos a ignorar? Alguns convites ao silêncio que não sejam desejáveis aceitar?
Portugal, pais anémico e expropriado, em divergência com quase todos os parâmetros de desenvolvimento que dizemos perseguir sobe 3 lugares, quase que incompreensivelmente, no ranking dos países mais pacíficos do mundo. Paulos Portas deste pais, calema as vossas sirenes, deixem os vossos milicianismos em casa, porque Portugal é o 7º país mais pacifico do mundo e entre os países da UE aquele que melhor acolhe os estrangeiros e imigrantes.
Será este indicador motivo de orgulho?
Sim e não.
Não é necessário fundamentar opinião, no optimismo matemático de Paulo Teixeira Pinto, nem no cepticismo catedrático de Vítor Bento, para sentir o odor necrótico de uma sociedade civil inerte, sem espaço público que permita a critica bondosa e a síntese de soluções diversas para os mesmos problemas, que todos conhecemos, que persistem, e teimamos em inventaria sem resolver. Aqui cito PTP, a matemática ensina-nos que para cada problema existe pelo menos uma solução, simplesmente muitas vezes é mais fácil para nós convivermos com o problema do que com a solução.
O que é necessário para se encontrar a solução? Experimenta-la, pô-la à prova, correndo o risco de falhar. E aqui é que a “porca troce o rabo” como diz o povo. Seremos mesmo a “forte nação de fraca gente” que cantava Camões?
O risco, a incerteza, uhhhhhhh que medo!!! É melhor estar quieto, como sempre nos ensinaram desde os bancos da escola primária.
Quando apareceu a televisão em Portugal, um bloco noticioso batia recordes de audiência e até ao advento das televisões privadas foi sempre o momento televisivo mais apetecido, ele era “O tempo que faz amanhã” (assim se chamava o espaço da meteorologia no então “Primeiro canal”). O “português médio”, esse ente místico que todos os indígenas tentam mimetizar, prefere andar o dia todo carregado com um chapéu de chuva e encafuado dentro de um automóvel, a apanhar com umas gotinhas de chuva no nariz. É o popular “pelo sim pelo não é melhor não arriscar”.
O que Portugal precisa não é de meteorologistas é de quem faça chover!
Quem arrisque a feitiçaria de fazer mais e diferente do que já foi feito, mesmo arriscando o fracasso. Uma coisa terá como certa: a chacota dos medíocres.
Infelizmente essa chacota, é o desabafo que alivia o corpo do “português médio” das dores do seu imobilismo e da sua cobardia. E assim, pacificamente, convivemos bem a dizer que tudo está mal. E enquanto nos afastamos cada vez mais da Europa (esse continente distante) vamos acalmando com uma mão na “Super Bock” e outra no telemóvel para ligar para a Cetelem.
Triste pais este que só vê na rua o PC a reivindicar a manutenção dos chamados “direitos adquiridos”, quando deveria sair todo à rua a exigir a abolição das heranças que PREC`s (processos reactivos em curso) vários nos foram legando ao longo dos anos.
Pobre pais este, que mais rapidamente diz mal de quem faz alguma coisa por todos, do que de quem nada faz nem por si mesmo.
Empreendedorismo ensinado nas escolas por funcionários públicos?! Deixemo-nos de tretas. Acabem-se com os QREN`s e com os IAPMEIS. Fechem-se os notários, fechem-se os tribunais se for preciso (para abrir outros nos dia a seguir) mas acabe-se com imobilismo judicial que sufoca empresas e cidadãos, não se promova a dependência do estado.
Os funcionários públicos saem à rua por causa de décimas de aumento, e o que fazem os pequenos e médios empresários que têm 20 e 30% de crédito mal parado porque também ninguém lhes paga e não existe uma Justiça que os obrigue a pagar? Esses trabalham, e andam para a frente, porque parar é inevitavelmente morrer.
Na conferência da SEDES (Fórum Económico e Social) sobre o estado da Nação, PTP avançou com várias medidas para a resolução dos nossos problemas, umas mais inovadoras do que outras, mas são contributos validos para discussão. Para referir algumas: cheque-ensino; seguro nacional de saúde; criação de raiz de uma universidade de excelência em Portugal; fecho imediato das ESE`s (com reforma compulsiva da Ana Benavente); fortalecimento do papel do Estado mas redução das suas áreas de actuação nomeadamente ao nível da economia.
Concorde-se ou não, para o que já não há pachorra, é para ouvir a Maria Filomena Mónica falar do sucesso escolar das netas e de como foi ser professora da actual ministra da educação em 74. O que é que isso interessa para o estado da nação?
Ainda menos toleráveis, são os bombeiros que despeitosamente viram incendiários.
Ateiam fogachos em papeluchos alcunhados de relatórios, e sem fundamentação pratica e teórica (porque isso dá trabalho), que servem sound bytes à hora de jantar, para televisão aparecer. A quem serve então este ditos “relatórios da SEDES”? Servem apenas e só os interesses pessoais de Campos e Cunha`s que querem mostrar que ainda estão politicamente vivos… infelizmente.

Num país em que ninguem arrisca, quem risca arrisca sempre... petiscar.

Portugal segue dentro de momentos.

Ámen.

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