segunda-feira, 21 de setembro de 2009

A Dúvida

Neste fim-de-semana, e para quem tinha dúvidas, elas foram desfeitas. Mário Soares veio a público dizer que a ideia de coligação com o Bloco de Esquerda não o repugna nada. Que é a mesma coisa de que dizer, venha de lá o Louçã, até porque devemos ter sempre os inimigos do nosso lado, independentemente de estarmos a dar forma àquele que pode ser o governo mais incoerente da história de Portugal – juntar um Trotskista com “pinta” de gestor de condomínio a um social-democrata (ou socialista de 3ª via), prémio sexy platina do Correio da Manhã. A melhor metáfora que me vem à cabeça é de que isto equivale a juntar numa qualquer arca de Noé apenas duas espécies completamente antagónicas tais como um cão de raça pitt-bull e uma cobra piton. Mas comparações à parte se dúvidas havia quanto à coligação que seria feita pelo PS caso ganhe as eleições (inicialmente falava-se que seria Paulo Portas a ter o passaporte para o governo no bolso, independentemente de quem ganhasse), elas foram desfeitas. Não tem nada que saber, junta-se o 1º com o 3º, e já está, temos governo. Mas o 3º é aquele partido anti-poder que defende básica e unicamente ideias românticas temperadas de soluções demagógicas. Não tem problema! É tudo em nome da estabilidade democrática. Vale tudo, até por partidos que não foram talhados para ser governo, no próprio governo. A dúvida vai sempre persistir, irá Portugal resistir a estas experiências?

PS – Não tenho nada contra nem a favor do Bloco de Esquerda. É um partido necessário à democracia portuguesa. Daí até poder ser governo, é um enorme passo, que penso que o Bloco não está talhado, nem tem capacidade de resposta para o fazer de uma forma capaz.

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