Cantora americana actua no Santiago Alquimista esta Quarta-feira. Português Tiago Sousa faz a primeira parte. A BLITZ falou com ambos.
A cantora americana Shannon Wright e o português Tiago Sousa actuam esta Quarta-feira, 18 de Junho, no Santiago Alquimista, em Lisboa.
Esta é a segunda vez que a colaboradora de Yann Tiersen e amiga dos Calexico toca em Portugal; a primeira foi há sete anos, na primeira parte do concerto daquela banda no Super Bock Super Rock, em Lisboa e Porto.
Em conversa com a BLITZ, Shannon Wright garante lembrar-se bem dessa passagem por Portugal (tragicamente coincidente com a queda da ponte de Entre-os-Rios). «Nem acredito que já passaram sete anos», comenta.
Quando lhe perguntamos se o seu espectáculo ao vivo – então muito visceral, apesar de a artista se encontrar sozinha em palco, geralmente ao piano – se alterou muito, responde: «É difícil dizer, porque continuo a ser eu, mas o mais certo é que em sete anos tenha mudado».
«Vou voltar a tocar sozinha. Nos últimos anos tenho andado em digressão com banda, talvez da próxima vez a possa levar comigo a Portugal», afiançou.
Conhecida pela entrega em palco , Shannon Wright conta, entre risos, que muitas vezes os espectadores ficam surpreendidos quando a abordam no final dos espectáculos e encontram, afinal, uma mulher simpática. «Isso continua a acontecer!», diz divertida.
O álbum que Shannon Wright vem promover, Let In The Light , vem sendo apresentado como o mais luminoso e feliz da sua carreira. A cantora, que chegou a militar na cena punk do seu estado natal da Flórida, acha que esse «é o tipo de coisa que as pessoas escrevem quando sai um disco. Agora já toco há mais tempo, por isso é normal que tenha melhorado, mas não acho que seja um disco mais bem feito que os outros».
Let In The Light é também o primeiro disco de Shannon Wright depois da colaboração com Yann Tiersen , fixada em disco em 2006. «Quando decidimos fazer o disco não pensámos na parte do negócio, só pensámos no lado musical, criativo. Gostamos muito da música um do outro e foi uma experiência natural... duas pessoas, dois corpos a fazer música».
O quinto disco de Shannon Wright encontra-a num momento de serenidade. «Sinto que tudo o que queria fazer, fiz», garante-nos. «O meu grande propósito é expressar-me, da forma o mais honesta possível, e criar música como uma forma de arte».
«Nos concertos as músicas ganham toda uma nova vida. Muitas vezes as pessoas julgam-te por aquele momento que foi a gravação do disco, mas isso não diz tudo sobre aquilo que tu és enquanto músico», explica, confirmando que o palco é o seu habitat natural: «Os concertos são uma experiência aparte. Para mim, é onde o círculo se completa».
Na primeira parte estará Tiago Sousa . Apreciador da música de Shannon Wright, o português tomou a iniciativa para abrir o concerto: «Quando soube que ela viria e qual a promotora, decidi propor-lhes fazer a primeira parte, pois seria uma imensa honra para mim».
Tiago Sousa, que edita pela independente Merzbau , está entusiasmado com a noite de Quarta-feira - «até porque acho que a minha música tem bastante a ver com a dela» - e promete aproveitar a ocasião para apresentar a sua mais recente edição, The Western Lands .
Neste álbum, Tiago Sousa opta sobretudo pela guitarra, mas até agora distinguira-se por privilegiar, à semelhança de Shannon Wright, o piano.
«Tenho contacto com o piano desde que nasci, praticamente. A minha avó dá aulas de piano e sempre fui muito incentivado para tocar. Na adolescência abandonei-o um pouco mas em 2006 voltei a recuperá-lo, gravando então Crepúsculo , o meu disco de estreia», recorda. «Não sou um músico muito técnico, gosto de manter uma abordagem mais intuitiva».
The Western Lands inspira-se no livro do mesmo título de William S. Burroughs , sobre «a caminhada de diferentes peregrinos em busca desse lugar, numa abordagem onírica, surreal e subversiva. Tentei acima de tudo passar algumas ideias e imagens que me ficaram das várias leituras que dediquei ao livro, mais do que tentar servir a sua estranha narrativa».
O concerto começa às 22h00 e os bilhetes custam 20 euros.
Entrevista publicada no BLITZ a 15 de Junho de 2005