sexta-feira, 6 de junho de 2008

Um “Better World” para Miguel Lara e Catarina Cristino.


A 29 de Maio de 2004, como noticiado no jornal Público de hoje, Miguel Lara sofreu um acidente grave enquanto utilizava o slide do Rock in Rio (R€R*) no Parque da Bela Vista**. Como admitido pela própria organização do evento, o acidente (embate violento contra um dos postes de sustentação do slide) deveu-se a avaria no sistema de travagem do mecanismo. Miguel Lara, que havia pago o seu bilhete para assistir a Paul MacCartney, não conseguiu assistir ao pisar de palco do ex-Beatle. A essa hora já havia sido evacuado de emergência para o Hospital de São José. Quatro anos, muitos tratamentos e duas cirurgias depois, anda e fala normalmente. Perdeu a capacidade para qualquer pratica desportiva e as dores acompanham-no diariamente. Mesmo intimada judicialmente para tal, a organização do evento Better World (BW)*** não assume quaisquer responsabilidades sobre o sucedido, nem a companhia seguradora Axa****, nem a empresa Oxigen***** que operava o equipamento de slide e que entretanto desapareceu...
Catarina Cristino não teve tanta sorte.
Voluntária em 2006 para o R€R “da paz e da solidariedade”. Numa zona anteriormente interditada pela própria Câmara Municipal de Lisboa, a organização do R€R instalou parte da produção do evento. Como muitas(os) outros voluntários que solidariamente ajudavam à realização do evento, Catarina passava naquele local desconhecendo o perigo que corria. A queda de um pilar entregou-a à luta pela própria vida. Vários meses de convalescença e internamento no Centro de Reabilitação de Alcoitão. Catarina, hoje com 29 anos, sabe agora o quanto a BW é de facto solidária com aqueles que compram o seu produto e até com aqueles que a ajudam a vende-lo. Com uma incapacidade permanente, Catarina ainda corre o risco de ficar paraplégica e teria morrido caso não fosse operada no próprio dia do acidente. Hoje em dia já recebeu €70.000 de comparticipação nos gastos com a sua recuperação física desde o dia do acidente mas o montante da indemnização a que tem direito ainda está por apurar.
Após muita pressão mediática e pressão judicial, a BW e a seguradora Allianz nas vésperas da edição do festival deste ano, acordaram sentarem-se à mesa das negociações com o advogado da sinistrada, no entanto, este admite ainda vir a recorrer aos tribunais, pois não é de boa vontade que as entidades promotoras do evento assumem responsabilidade pelo sucedido. Não sendo de excluir, que após o dia de hoje com o encerramento do festival, as empresas acima mencionadas retomem a sua posição inicial de em nada contribuírem para minorar o sofrimento da voluntariosa e ex-apta Catarina.
Atenção amigos, o R€R é um evento cultural de fabulosa dimensão e incontornável encanto popular. O parque da Bela Vista parece ter sido construído de raiz para o efeito e a família Medida nasceu para produzir festivais com níveis de espectáculo e de rentabilidade absolutamente fantásticos. Dai que, e ao contrario de alguns, muito me regozijo com o anuncio de mais um R€R em Lisboa para 2010 (até porque isso representa uns trocos para amigos que muito prezo).
Por isso e entre outras sugestões, deixaria uma para reflexão espiritual do Roberto, da Roberta e restante Clã Medina. Que tal engraxarem os vossos patrocinadores com um festival cujo lema será:

“Por um mundo melhor para os inválidos do R€R!”

Ámen,

* Não é um erro de digitação.
** Imagino a Bela Vista com que o Miguel e a Catarina devem ter ficado do poste e do pilar respectivamente.
*** BW, não confundir com BMW (isso é para tuga saloio dirigir), a família Medina prefere os Porsches e os Maseratis.
**** Axa, não confundir com Axe, esta empresa cheira mesmo, mesmo, muito mal.
***** Oxigen, empresa entretanto sedeada em parte incerta, o que obrigou a comarca de Lisboa a notificar os seus responsáveis através do jornal. Será que colocaram anúncios na “Folha de São Paulo” ou no “Globo” do Rio de Janeiro?

1 comentário:

Luís Viegas disse...

Dá-lhes Falâncio!!!