terça-feira, 3 de junho de 2008

Liberdade - de commodity a bem escasso...

Em resposta aos posts de Tio Franco e Sir Humphrey, muito pertinentes, e como sempre bem escritos, apraz-me dizer o seguinte:

•Sem saber como um responde indirectamente ao outro

Passo a explicar. A pergunta de Sir Humphey tinha a ver com qual dos Manueis (elas) é que tiraria a maioria (absoluta ou relativa) ao Primeiro-ministro Sócrates. A resposta é simples o próprio José Sócrates, e todos os “Manueis” e “Manuelas” com direito de voto. Pois essa coisa muito portuguesa, de que a culpa é sempre dos outros, desresponsabilizando-nos a nós próprios é sintoma de uma país sem autocrítica, e consequentemente sem capacidade de regeneração.
Mas voltemos ao pilar das coisas, pelos menos sociais e económicas – Liberdade. Valor sem o qual não podemos decidir coisas fundamentais da nossa vida. Por bem ou mal que sejam decididas. A autonomia exige responsabilização. A Liberdade exige educação e formação para a podermos exercer conscientes dos nossos direitos e obrigações. O caminho escolhido pelos políticos e civilizações dominantes foi o da liberdade política e económica. O Capitalismo com 1) livre concorrência 2) globalização dos mercados 3) liberalização do comércio e blocos económicos 4) desregulamentação foi o sistema escolhido como pilar da democracia. Não que concorde em pleno com esta evidência, e havendo excepções à regra. Contudo, para as pessoas, empresas, e países terem a chamada liberdade económica, necessitam de não estar endividados ou comprometidos financeiramente até ao pescoço. Ou nalguns casos, infelizmente crescentes, acima disso.
Resumindo, 1) endividamento excessivo é limitador da liberdade 2) o que condiciona e muito a nossa escolha e 3) compromete por vezes uma atitude positiva e proactiva sobre a vida. Indicador comummente chamado de “Indicador de Confiança”.
Significa isto que as coisas estão todas directa ou indirectamente interligadas. O Mundo foi, ou está “aldeizado”. A sobrevivência da democracia requererá uma mudança do sistema político mundial, que adapte as políticas às novas realidades económicas. De outra forma o capitalismo poderá vir a ser o filicide da democracia.

Em relação ao nosso quintal, ainda no outro dia ouvia os meus pais (sociais democratas de “gema”, perdão PSD) – agora com a Manuela é que vai ser… O que me deixa algo preocupado. Não pela Manuela, mas por eles. Em vez de procurarem arranjar alternativas para melhorarem o seu estilo de vida, estão à espera que seja a Manuela ou um outro qualquer que o faça por eles próprios. Por ventura já se esqueceram dos ensinamentos que transmitiam aos filhos – se estás à espera que algo te aconteça, tens de ser tu a fazê-lo. Obviamente que os políticos e as suas políticas podem e devem ser facilitadores de determinadas dinâmicas, de incentivar determinados comportamentos. Mas só isso não chega. É preciso bem mais… Também, e ainda a propósito, se diz – não é preciso ser muito bom, basta ser melhor que os demais. Infelizmente para o país é a posição por ora confortável em que o Eng. Sócrates se encontra… Não me parece é que seja de todo sustentável. Lá diz o povo – “não há mal que sempre dure, nem bem que nunca acabe”

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