terça-feira, 29 de dezembro de 2009
E se as finanças fossem para o ebay?
Quem diz as finanças, diz a PSP, GNR, PJ, Correios, Alfândegas, Tribunais, etc. Quase todos os dias existem vendas em hasta pública ou leilões. Regra geral a ideia que me fica é que estas são sempre pouco divulgadas, pouco transparentes e para "connaisseurs".
O Estado de Rhode Island nos Estados Unidos teve a brilhante ideia de colocar recentemente à venda no ebay alguns dos artigos mais valiosos armazenados no seu "lost and found"... No ano anterior tinham já organizado um leilão online com 900 artigos que foram vendidos por um total de 370000 USD.
Mas pioneiro foi mesmo o Estado do Texas que desde 1999 já vendeu 475 000 itens, num total de 4.4 milhões de USD!
Mais detalhes podem ser lidos aqui
E que tal organizar algo de semelhante em Portugal? Não digo usar o ebay, mas sim um portal público que podesse concentrar toda a oferta.
Eu seria certamente cliente!
Para quem andar em transito pelo Ano Novo.
O vídeo que chegou ao YouTube resulta da primeira de três 'concentrações instantâneas' que tiveram lugar no dia 23. A Tap e a Ana pretendem repetir esta animação no final do ano.
Organizado pelo departamento de marketing da TAP, o evento foi gravado no dia 23 de Dezembro, às 06.45 e foi colocado no YouTube pelas próprias companhias, juntamente com outras gravações de pessoas que assistiram à flashmob. O resultado está no youtube e, nos primeiros três dias, tinha já sido visto 100 mil vezes. Hoje, tem mais de 200 mil visualizações. Mais barato e mais eficiente que qualquer anúncio de televisão. São os novos tempos... habituem-se!
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
Relembrar Prado Coelho
Precisa-se de matéria-prima para construir um País
Eduardo Prado Coelho - in Público
A crença geral anterior era de que Santana Lopes não servia, bem como Cavaco, Durão e Guterres. Agora dizemos que Sócrates não serve. E o que vier depois de Sócrates também não servirá para nada. Por isso começo a suspeitar que o problema não está no trapalhão que foi Santana Lopes ou na farsa que é o Sócrates.
O problema está em nós. Nós como povo. Nós como matéria-prima de um país.
Porque pertenço a um país onde a esperteza é a moeda sempre valorizada, tanto ou mais do que o euro.
Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família baseada em valores e respeito aos demais.
Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nos passeios onde se paga por um só jornal e se tira um jornal, deixando os outros onde estão.
Pertenço ao país onde as empresas privadas são fornecedoras particulares dos seus empregados pouco honestos, que levam para casa, como se fosse correcto, folhas de papel, lápis, canetas, clips e tudo o que possa ser útil para os trabalhos de escola dos filhos... e para eles mesmos.
Pertenço a um país onde as pessoas se sentem espertas porque conseguiram comprar um descodificador falso da TV Cabo, onde se frauda a declaração de IRS para não pagar ou pagar menos impostos.
Pertenço a um país:
-Onde a falta de pontualidade é um hábito;
-Onde os directores das empresas não valorizam o capital humano.
-Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e, depois, reclamam do governo por não limpar os esgotos.
-Onde pessoas se queixam que a luz e a água são serviços caros.
-Onde não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens dizem que é 'muito chato ter que ler') e não há consciência nem memória política, histórica nem económica.
-Onde os nossos políticos trabalham dois dias por semana para aprovar projectos e leis que só servem para caçar os pobres, arreliar a classe média e beneficiar alguns.
Pertenço a um país onde as cartas de condução e as declarações médicas podem ser 'compradas', sem se fazer qualquer exame.
-Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no autocarro, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não lhe dar o lugar.
-Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o peão.
-Um país onde fazemos muitas coisas erradas, mas estamos sempre a criticar os nossos governantes.
Quanto mais analiso os defeitos de Santana Lopes e de Sócrates, melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem corrompi um guarda de trânsito para não ser multado.
Quanto mais digo o quanto o Cavaco é culpado, melhor sou eu como português, apesar de que ainda hoje pela manhã explorei um cliente que confiava em mim, o que me ajudou a pagar algumas dívidas.
Não. Não. Não. Já basta.
Como 'matéria prima' de um país, temos muitas coisas boas, mas falta muito para sermos os homens e as mulheres que o nosso país precisa.
Esses defeitos, essa “Chico-Espertice Portuguesa” congénita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até se converter em casos escandalosos na política, essa falta de qualidade humana, mais do que Santana, Guterres, Cavaco ou Sócrates, é que é real e honestamente má, porque todos eles são portugueses como nós, eleitos por nós. Nascidos aqui, não noutra parte...
Fico triste.
Porque, ainda que Sócrates se fosse embora hoje, o próximo que o suceder terá que continuar a trabalhar com a mesma matéria-prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos.
E não poderá fazer nada...
Não tenho nenhuma garantia de que alguém possa fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá.
Nem serviu Santana, nem serviu Guterres, não serviu Cavaco, nem serve Sócrates e nem servirá o que vier.
Qual é a alternativa?
Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror?
Aqui faz falta outra coisa. E enquanto essa 'outra coisa' não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados... igualmente abusados!
É muito bom ser português. Mas quando essa portugalidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, então tudo muda...
Não esperemos acender uma vela a todos os santos, a ver se nos mandam um messias.
Nós temos que mudar. Um novo governante com os mesmos portugueses nada poderá fazer.
Está muito claro... Somos nós que temos que mudar.
Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda a acontecer-nos:
Desculpamos a mediocridade de programas de televisão nefastos e, francamente, somos tolerantes com o fracasso.
É a indústria da desculpa e da estupidez.
Agora, depois desta mensagem, francamente, decidi procurar o responsável, não para o castigar, mas para lhe exigir (sim, exigir) que melhore o seu comportamento e que não se faça de mouco, de desentendido.
Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO DE QUE O ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO.
AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO NOUTRO LADO.
sábado, 26 de dezembro de 2009
Músicas que levo de 2009 para 2010
quinta-feira, 24 de dezembro de 2009
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
Tempos difíceis
Mão amiga fez-me chegar algumas das nada meigas medidas urgentes que o novo Primeiro-Ministro Papandreou apresentou. Para além de medidas fiscais e de reforço da transparência e reestruturação do Estado, assinalo algumas das medidas adoptadas no plano da despesa:
- Corte de 10% no orçamento de funcionamento do Estado;
- Corte de 10% no orçamento da Seguranaça Social;
- Congelamento das admissões para o sector público em 2010 e a adopção a partir de 2011 da regra 5:1 (para 5 saídas, 1 entrada);
- Redução em 1/3 dos contratos a prazo no sector público;
- Congelamento dos salários acima de 2.000 euros e corte de 10% nos salários de todo o sector público;
- Encerramento de 1/3 dos postos de turismo no estrangeiro;
- Redução das despesas nas Forças Armadas;
- Redução de 50% dos salários dos gestores das empresas públicas.
- Extinção de serviços e organismos públicos;
- Supressão dos prémios para os administradores de bancos com capital público;
- Tributação dos prémios dos administradores da banca privada em 90%.
A vida não está nada fácil para os lados da península helénica... até porque apesar do esforço do novo Governo, os mercados financeiros continuam descrentes no plano apresentado para salvar a Grécia da bancarrota.
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
Nesta luta somos todos camaradas!
Nesta luta e nesta indignação somos todos “camaradas” porque “esta é uma atitude que deve indignar qualquer democrata”.
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
Mais um exemplo de uma oposição responsável
Apesar de o Supremo Tribunal Administrativo ter decidido que a co-incineração de resíduos pode ser retomada em Souselas (Coimbra) porque não foi feita qualquer prova sobre os concretos prejuízos decorrentes na queima de resíduos perigosos naquela unidade industrial da Cimpor, eis senão quando surge o Bloco de Esquerda a ultrapassar esta decisão judicial.
Pois é, o Bloco de Esquerda vai apresentar uma iniciativa parlamentar para suspender definitivamente a co-incineração em Portugal e chega ao ponto de dizer: «Não é uma decisão do tribunal que nos vai fazer rever a nossa posição de oposição à co-incineração» (Rita Calvário à TSF).
Pior: o Bloco de Esquerda aponta o dedo ao Governo, que acusa de «teimosia em manter esta solução que é tão lesiva para as populações», ou seja, precisamente aquilo que o Supremo Tribunal Administrativo veio demonstrar não existir.
Realmente, o estado actual da oposição chegou a este ponto. Demagogia e oportunismo sem limites.
domingo, 6 de dezembro de 2009
Esta Legislatura...
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
Cidadão ou sujeito de protecção da Polis?
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Novo recorde de autonomia para um eléctrico
Entre os patrocinadores da iniciativa encontra-se a Sanyo, que cedeu um conjunto de baterias de 74kWh de iões-lítio, e a Toyo, que forneceu os pneus de baixa resistência ao rolamento.
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
meeeeeega-Bomba
Outra-BOMBA
Fonte nao identificada revela também que pacto envolve free-pass, no Victoria, Vilamoura Golf Club.
Contra-BOMBA
Hoje lembrei-me desta, amanha talvez tenha consciencia que é uma barbaridade, mas quem sabe na segunda serei um grande do jornalismo nacional.
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
Ainda a propósito do Colégio Militar
Colégio Militar como te quero
Agora, mais que nunca que estou velho;
E como lembro ainda o tom severo
Do teu valiosíssimo conselho.
Quando te conheci era um fedelho
E tu um Centenário digno austero.
E hoje te vejo como espelho
Das mais nobres virtudes que venero.
Não tenho pergaminhos. Se os tivera,
Havia de trocá-los, quem me dera...
Apenas só por este que me apraz:
Quando baixar à terra, mudo e frio
Escrevam-me na campa este elogio:
"Menino foi da Luz. Descanse em Paz".
Joao Braz de Oliveira 206/1897
Nota: 206 era o número de JBO no CM, e 1897 o seu ano de entrada na instituição (geralmente com 10 anos de idade).
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
Solidariedade: um passo de gigante??
Era notícia hoje da Lusa a criação da bolsa de valores sociais. Somos, segundo a peça da Lusa, o primeiro país da Europa a ter este mecanismo em funcionamento. É uma excelente iniciativa (pelo menos idilicamente), independentemente do momento socio-económico que se vive. Parabéns aos Promotores!! Agora é só perceber o seu funcionamento, participar, e aguardar por resultados.
Lisboa, 02 Nov (Lusa) - Portugal torna-se hoje o segundo país no mundo e o primeiro na Europa a lançar uma Bolsa de Valores Sociais, um conceito criado em 2003 no Brasil para financiar projectos de luta contra a pobreza e a exclusão.
Apoiada pela Euronext Lisboa e as Fundações Gulbenkian e EDP, a Bolsa de Valores Sociais (BVS) arranca com a emissão de acções de quatro organizações e pretende alcançar outras instituições que desenvolvam projectos de carácter social.
Empresas ou cidadãos a título particular podem aceder ao site www.bvs.org.pt e escolher o projecto que pretendem apoiar com 10 euros ou mais, sendo que o registo de investidor lhes dá a possibilidade de acompanhar o desenvolvimento da iniciativa que escolherem, bem como as contas relacionadas com a respectiva actividade.
domingo, 1 de novembro de 2009
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
Dra. Rauni Kilde ex-ministra da sáude da Finlândia e a Gripe A
O depoimento da ex-Ministra da Saúde da Finlândia, Dra. Rauni Kilde, é muito claro e corajoso. Será verdade ou pura teoria da conspiração? Os iluminados que se pronunciem...
Nota: desculpem a tradução em espanhol, mas era o que havia.
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
Acreditar
Servir
Andei lá 10 anos, e ainda hoje os recordo como dos melhores da minha vida. Se me perguntarem se lá poria o meu filho daqui a 5 anos, pela minha vontade sim, sem qualquer tipo de hesitação...
sábado, 24 de outubro de 2009
Às vezes a Lusa também traz estes tesourinhos
Vejam o que relatou a Lusa no passado dia 21:
«A Assembleia Legislativa, com os votos da maioria do PSD-Madeira e a abstenção da oposição, chumbou o projecto de resolução do Partido da Nova Democracia-Madeira que pretendia erigir "uma estátua ao dr. Alberto João Jardim", em "bronze ou outro metal nobre, com cerca de 50 metros de altura, que represente o amado e líder da Madeira Nova".
O projecto de resolução recomendava que a estátua fosse colocada no cimo do antigo Forte de São José, na entrada da Pontinha e que fosse concebida com uma escada interior que permitisse aos visitantes "a subida até à altura da cabeça dessa obra de arte, de onde poderão observar a baia e a mui nobre cidade do Funchal, através dos olhos do seu amado líder".
Recomendava ainda que na base do pedestal fossem colocadas pequenas rodas em aço ligadas por correias transmissoras "a um mecanismo propulsor interno" que permitisse que a estátua acompanhasse o movimento do Sol "como fazem os girassóis" e que, "na altura do zénite do astro rei", a obra escultórica emitisse "um forte silvo" como símbolo para as gerações vindouras dos "imortais dotes oratórios de Alberto João Jardim»
Lusa, usa e abusa.
A letra de Rui Reininho não é bem assim (no original é USA), mas bem que poderia ser, caso o conhecido artista pop a tivesse escrito depois de ler atentamente um qualquer newsfeed do google sobre um assunto nacional e escrito em português.
É que chega a ser deprimente verificar, a desfaçatez com que tantos jornalistas têm o desplante de assinar como peças suas meras transcrições, por vezes 100% literais, dos takes da Lusa!
E onde está a consulta às fontes? A rectificação da notícia por meios próprios? A simples criatividade individual? O mais singelo pudor e reserva em evitar o plágio?
“Deontologia jornalística foi vista algures perto de nenhures procurando quem do sindicato a reconheça, e a acolha de novo em sua casa.”
Dava um bom titulo para uma notícia, não dava? Mas se calhar é muito extenso para um take da Lusa. E depois, “se não há take da Lusa é porque não aconteceu”.
O fim da era do jornais, novas ameaças.
Para alguns, esta época de escrutínio popular virtual, é a quinta-essência da democracia. Toda a gente comunica com toda a gente sobre tudo, e tudo é razão para comunicar com toda a gente (vide “Caso Maitê”). Acontece que o tempo não estica, nem a nossa memória ou capacidade de concentração. Assim perdemos tempos infinitos com o imenso lixo informativo com que literalmente somos submersos no quotidiano digital.
Paul Starr, num extensíssimo artigo que publicou a 4 Março no The New Republic, alerta para os perigos decorrentes desta alteração de comportamentos.
Apesar de longo, recomendo vivamente a sua leitura principalmente aos profissionais da comunicação.
Na prática, por maiores que sejam as tentativas de adaptação dos meios de informação tradicionais às novas plataformas de partilha de conhecimento, a lei da substituição já se faz sentir, e com ela, um enfraquecimento das empresas que sustentam os projectos de comunicação mais consistentes. Neste texto intitulado: Goodbye to the Age of Newspapers (Hello to a New Era of Corruption), o autor associa o “downfall” dos grandes jornais a uma maior incapacidade destes de perscrutarem a verdade para lá da opacidade burocrática dos Estados e das suas decisões. Que não existam ilusões, só muito dificilmente, comodamente sentados no nosso sofá da sala, vamos conseguir deslindar um novo Watergate. O autor vai mais longe ao crer que há quem aproveite com o “fim da era dos jornais”, e contribua activamente para um crepúsculo prematuro da dita.
A democracia contemporânea e a imprensa, principalmente a escrita, cooperaram e dirimiram competências que provaram ser correspondentes. Assim fizeram o seu caminho, ambas prosperando até à era digital. É inegável que ambas se alimentaram e disciplinaram. A democracia aprofundou-se nos jornais, e os jornais atingiram a sua plenitude nas democracias mais avançadas.
Chegados à era do digital, da internet, dos blogues do Twitter, de todo um mundo literalmente na palma da mão (palmtop), assistimos à mudança de paradigma naquele que foi durante a segunda metade do século XX o mecanismo de auto regulação por excelência das democracias modernas: o jornalismo profissional e independente. Alicerçado economicamente em fortes grupos de media, os jornais que davam garantias de coerência, ética, e profundidade na reportagem da realidade, foram paulatinamente, sendo substituídos por uma espécie de “faça você mesmo”. Hoje, pela acessibilidade com que está à disposição do cidadão comum a acuidade dos motores de busca que, qual alegoria, cada um de nós tem a ilusão do acesso a todas as fontes de informação world wide (…web). Assim, criadas as devidas condições, nasceu em cada cidadão um repórter X que se auto-recria nas noites de insónias pesquisando e opinando (virtualmente) sobre o que lhe dá na real gana. Como um treinador de bancada, após algumas horas de navegação e uns poucos milhares de caracteres publicados no Facebook, o cidadão/repórter X acha-se mais ciente dos problemas do planeta e primus inter pares no apontamento das soluções para Mundo, e tem para si, que se fosse director do Expresso fazia melhor trabalho do que o Henrique Monteiro…
Sem jornais, sem jornalismo de investigação, a sociedade será consideravelmente mais oculta aos seus próprios olhos. Promotores de comportamentos ilegais ou socialmente censuráveis, como o da corrupção, podem desse modo, e com um muito maior sentimento de impunidade, grassar silenciosamente a coberto do escrutínio de um pretenso jornalismo popular que nada descobre e que pouco denuncia.
O que seria do processo Casa Pia sem jornalismo de investigação e grandes jornais que o suportem?
A esta hora o Bibí ainda andava a transportar alunos da Casa Pia para actividades extra-curriculares.
A ver vamos.
Não é cientificamente, que podemos afirmar o que quer que seja sobre o que os novos comportamentos informáticos podem influir definitivamente na imprensa, e muito menos na qualidade da democracia.
Mas os primeiros indicadores estão aí:
Menos leitores/consumidores - Desequilíbrio na balança entre os proveitos de venda em banca e as receitas de publicidade - Maior dependência do poder económico.
Enfraquecimento das empresas de comunicação social - Piores condições de trabalho/remunerações para os seus profissionais - Menor liberdade destes no exercício de quaisquer funções, quanto mais no exercício da crítica pública...
Empresas de media mais fracas - Mais aglutinações e junções entre estas - Menos títulos - Menor diversidade de projectos e de linhas editoriais.
A democracia como a conhecemos necessita dos jornais. A democracia do futuro como a não conseguimos adivinhar, a ser construída sem jornais, não augura nada de bom.
“Tenho mais medo de três jornais do que de cem baionetas”
Napoleão Bonaparte
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
Visita os melhores restaurantes sem saíres de casa.
No bom caminho, e coerente com uma estratégia que não é de agora, a Impresa reforça com as mais avançadas tecnologias digitais, uma verdadeira excelência de conteúdos num segmento onde ainda existem muitas oportunidades de negócio por explorar.
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
Sobre o 5º poder asfixiado
Por coincidência, o ano passado tive a oportunidade de fazer um trabalho aprofundado sobre a liberdade de imprensa na Lituânia (parece excêntrico mas é verdade), e o principal indicador que utilizei foi exactamente este barómetro da Organização Repórteres sem Fronteiras.
Na Lituânia os jornalistas, e restantes profissionais dos media, gozam de uma imensa reputação social, pois foram eles que, em grande medida, mantiveram viva a língua nativa assim como alguns espaços de crítica e de liberdade durante a ocupação soviética. Os hábitos de consumo de media sobreviveram à democratização do país e até floresceram com a entrada de grandes grupos de comunicação internacionais no mercado lituano. Para quem não sabe, a Lituânia tem uma tiragem de jornais diários equivalente a 1/3 da sua população total, e em várias línguas (lituano, russo e sueco). Com uma alfabetização superior a 99%, toda a gente lê tudo sobre tudo.
Ao ler alguns textos locais traduzidos para inglês, verifiquei que o que por lá é corriqueiro de se escrever sobre os assuntos mais sérios, aqui nem no pasquim "Fala Barato" seria admissível. Qual rigor e imparcialidade? Qual código de conduta profissional? Qual mero cuidado estético e de linguagem no tratamento das mais nobres instituições nacionais e internacionais? Lá, cada jornalista faz da sua página o seu púlpito e vale tudo: insultos, insinuações, realidades virtuais e até noticias inventadas. Com o desmantelamento da União Soviética, a Lituânia teve que criar o seu próprio ordenamento jurídico constitucional (mais próximo dos das democracias europeias ocidentais). Por lapso, ou nem por isso, mais por receio do poder que detêm os media na Lituânia, a legislação local era absolutamente omissa sobre a prática do jornalismo. Não existiam quaisquer crimes, e logo, quaisquer contra-ordenações associadas, sobre o que quer que se escrevesse ou se dissesse sob as vestes de jornalista. Então porque é que a RSF colocava a Lituânia mais de 40 lugares abaixo de Portugal no ranking de 2006?
Não era absolutamente livre a pratica do jornalismo naquele país?
A resposta é tão simples quanto isto. À época, e perante as inúmeras calúnias, injúrias e mentiras que quotidianamente eram propaladas pelos media locais, o governo lituano tentava aprovar uma lei que regulamentasse a prática do jornalismo no seu país, à luz do que acontece em qualquer país livre. Uma das formas de retaliação da corporação jornalística Lituana foi envenenar a opinião pública internacional contra o poder político local, também através de uma resposta extremamente negativa ao inquérito que a RSF lhes enviou. Um case study que talvez ajude a explicar a súbita queda de Portugal no ranking dos países com maior liberdade de imprensa.
A classe jornalística, à escala planetária, lida bem com uma liberdade (e ainda bem que a defende), mas é avessa à responsabilização, e em algumas das democracias mais liberais, coopera involuntariamente na asfixia social que as transforma em sociedades carentes de verdadeira informação.
terça-feira, 20 de outubro de 2009
Liberdade de Imprensa, ou talvez não
Neste momento estamos ao nível do Mali..
Mas se bem calha, daqui a quatro anos já estamos ao nível de Cuba...
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
A política de verdade de Manuela Ferreira Leite
Deus Pinheiro renuncia ao cargo de deputado
"Foi uma renúncia em tempo recorde. João de Deus Pinheiro, cabeça-de-lista do PSD por Braga, foi deputado pouco mais de meia hora. Logo após a posse dos novos deputados, depois das 10h00, reuniu-se a comissão de verificação de mandatos onde foi aprovada a renúncia ao mandato do ex-ministro dos Negócios Estrangeiros por “motivos pessoais”.
A saída de Deus Pinheiro apanhou de surpresa a direcção da bancada ainda em funções, que, apurou o PÚBLICO, chegou a sugerir que suspendesse por algumas semanas o mandato. Em vão. Para o lugar do deputado entra agora o presidente da JSD, Pedro Rodrigues, que não foi eleito directamente nas legislativas de 27 de Setembro."
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
Escrutinar os Outdoors Autárquicos - Best Of Edition
Categoria "Suspense"
Categoria "Sem Espinhas" I
Categoria "Sem Espinhas" II
Categoria Padre José Luís Borga - Põe tua mão na mão do meu Senhor, da Galileia...
Categoria "Figurantes"
Categoria "Mão na Massa"
Categoria "Die Hard"
Categoria "Madre Teresa de Calcutá"
Categoria "Prémio Carreira" - Edição dupla
Finalmente Categoria "Sinceridade e Transparência"
Foi este o melhor do nosso marketing político (mais caricato) nestas autárquicas 09
terça-feira, 13 de outubro de 2009
Maitêgate
Esta senhora bem conhecida de todos os Portugueses tem estado na ordem do dia de hoje por causa de um vídeo polémico (aqui) já divulgado há 2 anos em que retrata Portugal e os Portugueses de uma forma não muito agradável.
Não me vou pronunciar sobre o que Maitê Proença disse no programa Saia Justa. Acho mais interessante o facto de estarmos numa época em que os buzzes do dia-a-dia podem ter já acontecido há 2 anos (como aconteceu com o programa em que aparece Maitê). Acho mais interessante perceber como é que este video só muito mais tarde teve a sua projecção quando é inegável a imensidão do mundo ligado em rede.
Uma história dos tempos modernos
Transcrito do The London Times
«No exterior do England 's Bristol Zoo existe um parque de estacionamento para 150 carros e 8 autocarros. Durante 25 anos, a cobrança do estacionamento foi efectuada por um muito simpático cobrador. As taxas eram o correspondente a 1.40 € para carros e 7.00 € para os autocarros.
Um dia, após 25 sólidos anos de nenhuma falta ao trabalho, o cobrador simplesmente não apareceu. A administração do Zoo, então, ligou para a Câmara Municipal e solicitou que enviassem um outro cobrador. A Câmara fez uma pequena pesquisa e respondeu que o estacionamento do Zoo era da responsabilidade do próprio Zoo, não dela. A administração do Zoo respondeu que o cobrador era um empregado da Câmara. A Câmara, por sua vez, respondeu que o cobrador do estacionamento jamais fizera parte dos seus quadros e que nunca lhe tinha pago ordenado.
Enquanto isso, descansando na sua bela residência nalgum lugar da costa da Espanha (ou algo parecido), existe um homem que, aparentemente, instalou a máquina de cobrança por sua conta e então, simplesmente começou a aparecer, todos os dias, cobrando e guardando as taxas de estacionamento, estimadas em 560 € por dia... durante 25 anos!!! Assumindo que ele trabalhava os 7 dias da semana, arrecadou algo em torno de 7 milhões de Euros.»