sábado, 4 de julho de 2009

Atrás de mim virá, quem de mim bem dirá


Manuel Pinho será na próxima 2.ª feira substituído por Teixeira dos Santos nas funções de Ministro da Economia e da Inovação. Hoje de manhã estive no Forum Novas Fronteiras dedicado à Economia e entre vários economistas reputados, nacionais e estrangeiros, havia claramente a sensação de que Pinho, estando ausente, era o mais presente de todos.

Efectivamente, Manuel Pinho pode ter sido o mais mal amado de todos os Ministros de José Sócrates e pode até ter contribuído para essa percepção com as sucessivas "gaffes" e falhas protocolares a que nos habituou. Mas há uma coisa que ninguém pode acusar Pinho: não ter tido uma visão estratégica e de futuro para a economia portuguesa.

É graças a Manuel Pinho que se começaram a traçar linhas orientadoras muito claras para o desenvolvimento económico de Portugal. Veja-se o caso da Estratégia Nacional para a Energia, fortemente apoiada na promoção massiva das energias renováveis, ou mais recentemente a aposta no carro eléctrico. Veja-se o caso da aposta na internacionalização e na consciência da importância em reforçar as exportações. Logo com sinais visíveis: a balança tecnológica passou a ter um saldo positivo. Veja-se ainda a aposta na competitividade das empresas portuguesas como o "driver" essencial para estas poderem resistir aos tempos difíceis da actual crise económica internacional. Veja-se, por fim, a solidariedade e o empenho demonstrados em dezenas e dezenas de contactos com trabalhadores de empresas em situação difícil (e não falo apenas da Qimonda ou da Autoeuropa).

Em tudo o que fez, Manuel Pinho não deixou de ser, sobretudo, um grande motivador e de ser uma fonte de inspiração para os empresários portugueses com um discurso conciliador e mobilizador ("os portugueses têm de acreditar em si próprios", "transformar um desafio numa oportunidade", "antecipar as mudanças, de maneira a transformá-las em oportunidades"). Aconselho, por isso, vivamente a leitura do testemunho que nos deixou hoje no jornal i (ver aqui).

1 comentário:

Anónimo disse...

Estou certo que Dan Kamen e Carla Peterman terão sentido de forma especial a falta de Pinho.
Ficou, como que a faltar um momento de humor lusitano.
Sei que na justiça qualquer acusado merece a melhor defesa... mas na política as regras são outras.