"Encontro das esquerdas", tanto espalhafato para quê?
1. Manuel Alegre quer criar um novo partido.
2. Manuel Alegre quer ser presidente da República.
3. Manuel Alegre quer aparecer na televisão.
A terceira hipótese, aceito-a como motivação supletiva de um ego que não cabe dentro do homem, um homem à imagem dos seus livros: grandes em alma, parcos em trabalho.
Apesar dos pesares, não se daria então a tanto labor, só para "aparecer", o seu "mais de um milhão de votos" fazem-no sonhar mais alto.
A primeira hipótese, anda ele a tentar convencer toda a gente, que é o que de facto pretende. Bluff de um velho jogador. Quereria o Bloco um Bloco geriatrico à compita? E seria para isso que havia patrocinado estes badalados "encontros das esquerdas"? Estaria o camarada Carvalho da Silva presente no germinar de semelhante organização? Temo bem que a esta hora, tanto o secretário-geral da CGTP como Francisco Louçã, saibam bem mais das reais intenções do deputado poeta do que o próprio PS, do qual o Manuel Alegre se vai afastando por questões "sanitário-politicas".
Mas será assim mesmo, ou estaremos nós a assistir a uma gigantesca encenação?
Onde está o perigo para a maioria absoluta do Partido Socialista, à esquerda ou à direita?
Afrontamento do governo com Belém por causa dos Açores, tanto espalhafato para quê?
E se um PS aparentemente esquizofrénico conseguisse ser em si mesmo e para o eleitorado de esquerda, o seu tutor e o seu carrasco?
Reparem:
Pode o PS de Sócrates estar contra Alegre?
- Pode, mas não deve.
Pode o PS de Sócrates estar contra Cavaco?
- Pode, mas não deve.
E se o PS de Soares estiver, como está, com Alegre e geneticamente contra Cavaco? Deve o PS de Sócrates estar contra Cavaco, agradar "discretamente" a Alegre e apontar já às Presidenciais de 2011 com as legislativas de 2009 sempre em "ponto de mira"?
- Deve estar, pode estar, e desconfio que está.
Os efeitos positivos, à esquerda, que um afrontamento com Belém pode trazer para o PS já no cenário das legislativas, são o efeito cénico que faltava para conforto dos corações mais à esquerda. Algumas medidas de carácter mais social, e uma pequena perseguição à alta finança à boca das eleições, serão os últimos retoques no "virar à esquerda" exigido por Alegre e acalentado pelo verdadeiro eleitorado PS.
Sócrates, Rui Pereira e Augusto Santos Silva, por vezes roçam a genialidade na estratégia politica, e Manuel Alegre será o candidato de todas as "esquerdas", PS incluído, às Presidenciais de 2011.
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