terça-feira, 28 de outubro de 2008

Spin Doctors de Obama e McCain: os verdadeiros antagonistas.



Os principais estrategas de John McCain e Barack Obama não podiam ser mais diferentes: um lembra um fuzileiro naval fanfarrão, o outro mantém um semblante cepticamente carregado - apesar de ter mais motivos para se alegrar, já que trabalha para o senador democrata, primeiro nas intenções de voto.
Mas David Axelrod, assessor político por trás da vertiginosa acensão de Obama, não transborda alegria. Com seus olhos baixos e seu vistoso bigode, assemelha-se mais a tímido catedrático.
A verdade é que as aparências enganam. Sem personalidade forte e senso de oportunidade, o ex-jornalista político não teria emergido como principal assessor da campanha democrata na feroz esfera pública de Chicago.
Axelrod, um branco de 53 anos, construiu o seu próprio “nicho de mercado”: ficou conhecido por ser especialista em ajudar candidatos negros a apresentarem-se ao eleitorado branco. Mas com Obama - que conhece há 17 anos - sua motivação parece ser pessoal.
Se Obama chegar à Casa Branca, será "algo do que alguém poderá orgulhar-se para o resto da vida", disse Axelrod ao jornal The New York Times em janeiro de 2007, quando o senador por Illinois de 47 anos se preparava para anunciar sua histórica candidatura.
Já o principal estratega do candidato John McCain, Steve Schmidt, com sua cabeça totalmente raspada, é apelidado frequentemente de: “maverick”, "a bala", ou o "míssil" (devido a seu comportamento muitas vezes explosivo).
Natural da Califórnia, Schmidt foi responsável por todas as acções políticas diárias de McCain em Julho, que incutiram na campanha a tão necessária disciplina e colocaram em prática as lições aprendidas com a vitória do presidente George W. Bush em 2004.
Schmidt, de 38 anos, não gosta muito que os media o retratem como o "protegido" do guru político de Bush, Karl Rove, mas as implacáveis tácticas de campanha que preconiza em muito se assemelham às utilizadas pelo assessor do actual presidente americano.
McCain recebeu de seu principal assessor instruções para atacar Obama sem tréguas, tentando rotulado como uma celebridade vazia, um radical de esquerda amigo de terroristas, que não tem condições para comandar os Estados Unidos.
Schmidt teve tudo a ver com a surpreendente decisão de McCain de escolher Sarah Palin, até então uma quase desconhecida Governadora do Alasca, como sua companheira no ticket, numa tentativa não apenas captar o eleitorado feminino frustrado com a derrota de Hillary Clinton nas primárias democratas, mas também de mexer radicalmente com as peças no tabuleiro da disputa eleitoral.
A escolha de Palin, no entanto, e depois de uma euforia inicial, parece ter sido contraproducente, e sob as orientações de Schmidt, pouco sobrou do McCain popular franco-atirador que enfrentou Bush em 2000 nas primárias republicanas.
Na opinião do ex-assessor da campanha republicana Mark McKinnon, esta era a única maneira de proceder num momento eleitoral tão desfavorável para os republicanos.
"Schmidt considerou todas as opções e estratégias disponíveis e escolheu a única via com algumas hipóteses de sucesso", afirmou McKinnon à revista Newsweek. "O seu trabalho é vencer, e não fazer a imprensa e os restantes assessores de McCain mais felizes”.
As estratégias de Schmidt e Axelrod – cuja keynote escolhida para a campanha de Obama foi, desde o início, a"mudança" - precisaram de ser reescritas por causa da crise financeira mundial.
Sob a batuta de Axelrod, Obama assumiu a imagem da transformação e da renovação, do líder incisivo e apaixonado capaz de manter a calma nos momentos difíceis. Schmidt, por sua vez, tentou apresentar McCain como um líder populista capaz de actuar em momentos de crise.
As pesquisas de intenção de voto, que a pouco mais de uma semana das eleições continuam a dar Obama bem destacado na frente, mostram que a estratégia do experiente e sisudo Axelrod, será aquela que vai dar mais alegrias ao seu candidato.

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