terça-feira, 28 de outubro de 2008

Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência

A propósito das matérias que ando a investigar deparo-me com algumas questões simples que me fazem reflectir e pensar se de facto a humanidade a troco de algum progresso, não tem cometido uma série de erros. Erros esses que levam comummente à geração de muitos outros, apontados como a solução dos primeiros. Ou seja como referia em post anterior, suspeito que temos andado a criar uma espiral de disfuncionalidades, cujo resultado só pode ser um – asneira.
Senão vejamos.
Conceito de Sustentabilidade:
De entre as várias definições de sustentabilidade, podemos limitar o conceito, estabelecendo que implica a manutenção de existências quantitativas e qualitativas dos recursos ambientais, utilizando tais recursos sem danificar as suas fontes, ou limitar a capacidade de suprimento no futuro, garantindo que tanto as necessidades actuais como futuras sejam de igual modo satisfeitas.
Tem-se verificado no entanto que, principalmente durante o século XX, os processos que têm suportado o desenvolvimento económico, também têm provocado sérios problemas de degradação ambiental.
Desta forma o conceito de sustentabilidade pode ser caracterizado como um processo de transformação no qual a exploração de recursos, a direcção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico, e a mudança institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades e aspirações humanas.
De acordo com o que podemos ler aqui (conceitos teóricos, é certo), qual é a parte que ainda não percebemos…? Mas será que alguém está disposto a abdicar de fazer valer as suas vantagens competitivas no mundo global, só para contribuir para um mundo melhor?? É aí que entra a velha desculpa, de que só contribuem para um mundo “sustentável” se todos o fizerem. E enquanto houver um que sirva desculpa, todos os outros permanecem impávidos e serenos, continuando a fazer merda. Também quando isto estoirar, ou seja tornar-se insustentável, já “eles” cá não estarão…
Enquanto este tipo de conduta, pois isto é mais uma questão de ética e conduta do que pensamento ideológico, prevalecer continuam a ser publicados livros com estes títulos pertinentes: “Sustentabilidade: Caminho ou Utopia?”, pois afinal somos humanos…

2 comentários:

André Miranda disse...

Excelente reflexão. No entanto, acho que faltam outras dimensões como sejam a sustentabilidade económica e a sustentabilidade social.
De qualquer forma o teu texto trata sobretudo do problema clássico de como passar da retórica à prática?
A meu ver, podemos começar por adoptar estratégias e políticas de sustentabilidade empresarial em códigos de conduta devidamente implementados que dêem corpo à dimensão económica, ambiental e social da sustentabilidade.
Podemos também proceder à definição de metas e ao controlo de resultados através de indicadores.
Podemos, por fim, fazer com que se divulgue publicamente informação sobre as boas práticas, permitindo que a sociedade plural dos dias de hoje possa escrutinar o respectivo desempenho.
Fui muito teórico?

Luís Viegas disse...

Meu caro, não foste nada muito teórico. O caminho é exactamente por aí! Quanto às outras dimensões (social e económica), estão implícitas. O paradigma do modelo de desenvolvimento é que tem de mudar. Como sabes existem alguns pilares potenciadores dos nossos comportamentos: 1)os incentivos morais, dependentes da nossa cultura, formação e porque não carácter; 2) os incentivos económicos, communmente conhecido por preço a pagar. Numa outra dimensão temos a lei. Ora, como bem sabemos, se tudo isto funcionasse como deveria ser, há muito que já tínhamos mudado certos comportamentos e modelos disfuncionais, mas que têm servido a muitos interesses instalados, logo é difícil e custoso mudar. Vamos deixando andar...