Acompanhei hoje de manhã mais uma cerimónia do 10 de Junho, desta vez na capital da Beira Interior, Castelo Branco.
No meio do tédio que tem marcado estas cerimónias (a mesma mise-en-scène, o mesmo excesso nas condecorações), surgiu António Barreto, sociólogo com um discurso pessimista sobre a classe política e inoportuno sobre a urgência de uma revisão constitucional. Prezo pessoalmente António Barreto, de quem fui aluno, mas já cansa a falta de esperança nos Portugueses e a constante dramatização à volta dos falhanços e do futuro negro do nosso País.
Surgiu, depois, Cavaco, que desde 2006, desde que é Presidente da República, tem aproveitado os discursos do 25 de Abril, do 10 de Junho e do 5 de Outubro, para apontar críticas e deixar recados à governação. Mas hoje o político Cavaco vestiu a pele do sociólogo Barreto e utilizou todo o seu discurso para ensaiar uma prosa sobre os problemas da interioridade. Um discurso redondo e com nada de novo sobre o velho problema da desertificação. Mais do que citar Orlando Ribeiro, importaria saber o que acha Cavaco da introdução de portagens nas auto-estradas que ligam o litoral ao interior, ou que acha Cavaco do encerramento de escolas com poucos alunos ou de maternidades sem condições para funcionar. Mas o que fica é o novo registo de Cavaco nos discursos neste tipo de cerimónias: dissertações sobre temas importantes para a nossa sociedade mas laterais aos temas mais actuais dos nossos dias. E, claro, nem uma pitada de confronto com a acção do governo de direita que tomará conta de Portugal até 2015. Veremos já no próximo 5 de Outubro.
sexta-feira, 10 de junho de 2011
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