terça-feira, 19 de maio de 2009

Ainda o Acordo Ortográfico, do qual sou um adepto

Hoje recebi no meu e-mail um apelo de uma ex-colega da primária, agora uma investigadora da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UNL para assinar um denominado "MANIFESTO DE DEFESA DA LÍNGUA PORTUGUESA". Esse manifesto simplifica tudo a este exemplo:

«De *fato*, este meu *ato* refere-se à não-aceitação deste *pato* com vista a assassinar a Língua Portuguesa. Por isso... por não aceitar este *pato*... também não vou aceitar ir a esse almoço para comer um arroz de pato... A esta *ora* está *úmido* lá fora... por isso, de *fato* lá terei de vestir um fato...»

A minha posição já a conhecem: estou a favor do Acordo Ortográfico. Por mais que se procurem aparentes "absurdos" linguísticos, alguns deles errados (por exemplo, pacto continuará a escrever-se p-a-c-t-o), o mais importante de tudo é assegurar a unidade da língua portuguesa à escala global.

Veja-se o caso de quem trabalha e investiga nos domínios das ciências, como a minha ex-colega da primária. Sei bem que a língua inglesa é a linguagem universal no meio científico, de tal maneira que é perfeitamente aceite que se apresentem teses de mestrado e doutoramento em inglês. Não estará esta minha ex-colega a ser incoerente?

Com o Acordo Ortográfico pretende-se, também, à semelhança da linguagem científica, que se tenha um único dicionário para todos os "falantes" e "escrevedores" da língua portuguesa. A defesa da língua não se faz estando contra o Acordo. Há muitas outras práticas invasivas que põem a nossa língua em causa e que não contribuem para que a mesma seja um instrumento privilegiado de promoção e defesa da nossa cultura.

1 comentário:

Ricardo Mexia disse...

Eu discordo do acordo ortográfico.
Não acho que a homegeneidade do Português praticado seja uma condição para o progresso.
Se tomarmos o caso do Inglês, é notório que há diferenças significativas entre o Inglês Britânico e o Inglês Americano (Centre e Center, analized e analised e por aí fora.. )
As diferenças são na redacção, com escassa diferença na comunicação.
Não é verdade que não nos entendamos todos em português, ainda antes do Acordo em vigor?

O que parece que acontece é que se pretende simplificar, "normalizando" imediatamente algo que a evolução linguística faz com naturalidade, mas demorando o seu tempo.
Mais, trata-se, na minha opinião, de uma riqueza cultural a variabilidade que o Português oferece nos seus vários contextos.

A lei é para cumprir, e portanto assim faremos todos, mas o Acordo não é bem uma Lei.. e a liberdade de expressão deverá imperar.

Não me parece que alguem pondere traduzir os Lusíadas ao abrigo do Novo Acordo Ortográfico (e também não para o Português anterior ao Acordo)....Não possuo os dotes linguísticos de Camões, mas penso continuar a escrever em Português de Portugal, sem imposições que nenhum sentido fazem.