quarta-feira, 8 de abril de 2009

O controle da imprensa.


Se José Sócrates tivesse a acessória de imprensa da Pfizer, o Freeport só faria noticia lá para o ano 2018. Por essa altura, a maioria absoluta nas legislativas de 2009 teria sido favas contadas, e vídeo de Charles Smith mancharia a reputação do “Engenheiro”, como o episódio da expulsão dos vendilhões do templo manchou a fé em Jesus Cristo.
A farmacêutica americana vai pagar quase 55 milhões de euros em indemnizações ao estado nigeriano de Kano pela morte de 11 crianças que terá usado como cobaias involuntárias.
Em 1996, uma epidemia de meningite fez mais de 11.000 mortos na Nigéria. A Pfizer enviou médicos que recolheram 200 crianças para serem usadas como cobaias nos ensaios do Trovan, um novo medicamento.
Esta indemnização foi discretamente negociada pelo Ex-Presidente Jimmy Cárter, não foi resultado de qualquer processo judicial que curiosamente nunca deu entrada em qualquer tribunal do Mundo. E se hoje se escreve sobre este caso, tal não se deve ao carácter único desta brutal violação de todos e quaisquer princípios éticos. Durante mais de 10 anos, a farmacêutica conseguiu silenciar o caso, mas os resultados pateticamente trágicos da experiencia - 11 crianças morreram e 181 outras sofreram danos cerebrais entre outros efeitos secundários graves (de 200 safaram-se 8!!!), acabaram por falar mais alto.
O juramento de Hipócrates bateu mais fundo na consciência de um dos médicos que conduziu a “experiencia”. Denunciou o caso às autoridades? Não. Escreveu uma carta à direcção da sua entidade patronal. E o que fez a Pfizer? Após despedi-lo, ainda tentou apagar qualquer relação com o Dr. Juan Walterspiel.
Este drama tinha tudo para dar um bom romance policial, e deu, inspirou o bestseller de John Le Carre, “O Fiel Jardineiro”.
Apesar de tudo isto, na opinião pública mundial, a Pfizer ao longo de 13 anos, nunca apareceu associada a semelhante carnificina. Durante 13 anos, a Pfizer, comprou o silencio de tudo e todos, inclusive do Governo Nigeriano, de tribunais e das famílias das vitimas.
Agora vai pagar a construção de um hospital na Nigéria, e para o Mundo continuará como a benemérita instituição científica que salva vidas todos os dias.
Prof. Augusto Santos Silva ligue para Pfizer e pergunte à secretária o nome do director de comunicação, depois, contrate-o!

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