quarta-feira, 25 de março de 2009

O que quer o PS?



Sair da crise, certamente. Ganhar as próximas eleições com certeza.
Para atingir estes objectivos, cada hora de governação importa. Cada desilusão para o eleitorado, é uma maioria absoluta alguns milhares de votos mais longínqua.
A concentração de forças, e a eficiência na resolução dos problemas, são, obviamente, os princípios basilares da estratégia a seguir daqui até Outubro. Depois dos fortes sinais emitidos neste sentido, logo após o Congresso de Espinho, inclusive com um adormecimento do vulcão Alegre, não se percebe agora o que é que o PS tem a ganhar com o agudizar da crise em torno da nomeação do novo Provedor da República. Certo é, que destes 8 meses de atraso na indicação do sucessor de Nascimento Rodrigues, mais haverão a creditar na conta do PSD do que na do PS (Laborinho Lúcio afinal nunca foi convidado e Maria da Glória Garcia só apareceu em Dezembro sendo um nome francamente modesto para a função). Tal não desculpa o PS da miopia e insensibilidade politica com que tem vindo a gerir este dossier.
Porque não foi Jorge Miranda a 1ª escolha do PS para a Provedoria?
Com a enorme simpatia e respeito que nos merecem os nomes de Rui Alarcão e António Arnaut, era certo que jamais seriam aceites por este PSD suspeitoso e truculento. O PS perante a inaptidão do PSD para encontrar uma personalidade com perfil para o cargo, não resistiu também ele a lançar o barro à parede, com candidatos claramente da sua família politica.
O PS, e bem, não quer consentir por mais 8 anos na dinastia de19 anos que PSD já leva na Provedoria. Mas se são necessários 2/3 da Assembleia, e o acordo com o PSD será sempre mais que desejável até no interesse do próprio PS, porque é que não apresentou o um nome como o do Professor Jorge Miranda mais cedo?
Águas passadas, diz-se, não movem moinhos. Mas estas, parecem ter pura e simplesmente congelado, de tão frias que estão as relações entre os dois principais partidos.
É transparente, da direita à esquerda, que hoje será impossível encontrar melhor cidadão para o desempenho do cargo do que Jorge Miranda.
É impossível crer, nem ao mais delirante dos fabuladores, que o Professor, uma vez no desempenho do cargo de Provedor, alguma vez venha a fazer um frete sequer, e a quem quer que seja. Se é independência e isenção no desempenho do cargo que se pretende, hipoteticamente poderá haver escolha similar (assim de repente… não estou a ver), mas melhor é impossível!
Mas o que quer afinal o PS?
É que se nos últimos dias, têm havido factos políticos que em nada ajudam à aceitação de Jorge Miranda por parte do PSD, e os seus agentes provocadores têm sido exactamente os mesmos que transportam a bandeira da sua candidatura.
Se as qualidades diferenciadoras do candidato são precisamente as supra referidas isenção e independência, porque faz o PS imposições e ultimatos usando o nome do Professor de Direito? É incompreensível!
É que depois de tanta trapalhada, até tem sido o PSD o partido a demonstrar alguma sensatez neste epilogo de processo, ao não avançar com a confirmação publica de Maria da Glória Garcia como sua candidata, e deixando ainda a porta semi-aberta (como o fez hoje mesmo Miguel Relvas) a um possível apoio ao nome apresentado pelo PS.
O objectivo deste braço de ferro em torno da nomeação de tão apolítica figura de Estado, era provocar desgaste no partido oponente, tanto o PS como o PSD o conseguiram plenamente muito para alem do espectável e desejável.
É chegada a hora do PS agir em conformidade com aquilo que diz querer.
O PS quer o Professor Jorge Miranda como próximo Provedor Geral da Republica? Então tem que deixar de lado os seus pequenos interesses parlamentares e pôr os orgulhos políticos à margem. Isto, independentemente da acção que o PSD também tem tido neste e em outros processos.
O PS, tem que vir a publico dizer ao país, apenas e só, aquilo que o país quer ouvir sobre este assunto:
- Encontrámos o cidadão mais indicado para o desempenho do cargo de Provedor Geral da Republica, não é o nosso candidato nem é o candidato de ninguém, se o objectivo é termos as melhor pessoa para o lugar, o PS não impõe quaisquer condições previas para assegurar a escolha de Jorge Miranda por parte da Assembleia da Republica.
Isto é o que o eleitorado quer ouvir da boca dos senhores Alberto Martins, Vitalino Canas ou Augusto Santos Silva!
É essencial, que o PS e o PSD acabem com estas altercações negociais em torno deste problema, sob pena de virem as sofrer trágicas consequências decorrentes da mais que justificada perda de paciência dos cidadãos, e do próprio Professor Jorge Miranda. E se no primeiro caso quem perde são os 2 principais Partidos, no segundo quem perderá somos todos nós.
Aqui, não há vitimas nem culpados. Mas há uma entidade que tem mais responsabilidade na resolução deste problema do que qualquer outra. Essa entidade é o Partido do Governo, o Partido que tem mais de metade dos deputados na Assembleia da República.
O Partido Socialista tem que saber o que quer, porque nem todas as batalhas têm que ser ganhas ou sequer travadas para se ganhar a guerra. A guerra pela confiança do Povo Português, que dificilmente compreenderá a actuação do PS, caso o Professor Jorge Miranda não venha a ser o escolhido para próximo Provedor Geral da Republica e por maioria abrangentíssima.

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