sábado, 14 de fevereiro de 2009

O estado de (des)informação

Caso não saibam, existe uma definição legal de jornalista. Assim, de acordo com o Estatuto do Jornalista, "são considerados jornalistas aqueles que, como ocupação principal, permanente e remunerada, exercem com capacidade editorial funções de pesquisa, recolha, selecção e tratamento de factos, notícias ou opiniões, através de texto, imagem ou som, destinados a divulgação, com fins informativos, pela imprensa, por agência noticiosa, pela rádio, pela televisão ou por qualquer outro meio electrónico de difusão".

Pois, nos dias que correm, o jornalismo não se cinge apenas à divulgação de factos, notícias ou opiniões com fins informativos. São tantos os exemplos de factos falsos e meras suspeições infundadas repetidos até à exaustão, mesmo depois de terem sido claramente desmentidos ou esclarecidos. E são tantos os exemplos de factos desmentidos que não têm o mesmo espaço informativo que a notícia da sua denúncia. É tão fácil dizer que alguém roubou mas já é mais difícil dizer que essa pessoa afinal estava inocente. É tão fácil dizer que alguém é mentiroso mas já não interessa divulgar uma notícia dizendo que afinal essa pessoa falou a verdade. É o vale tudo, em nome do sensacionalismo e do alarmismo social.

No fundo, há um sentimento de impunidade dos jornalistas (e não me venham com exemplos de processos judiciais por difamação porque não conheço um caso de um jornalista que tenha ficado sem poder exercer a sua profissão por condenação) que não sabem perante o público assumir que também erram no exercício das suas funções de pesquisa, recolha, selecção e tratamento de factos e notícias. É esse rigor deontológico que falta na comunicação social portuguesa. Não basta saber denunciar os factos, também há que se saber repor a verdade dos factos.

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