quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Manuel Alegre e o BPP


Descobri isto hoje no blogue Câmara Corporativa. Quem costuma ler a revista do Expressa, reconhecerá a publicidade institucional que o BPP faz há anos. Tomo agora conhecimento de que Manuel Alegre também lá escreveu e recolheu os seus devidos tostões, o que é bem revelador da incoerência de Manuel Alegre. Afinal aquilo que prega nos foruns da esquerda não têm correspondência com nenhum desprendimento em aceitar fazer publicidade a um "banco para fortunas".

Recordemos aquilo que disse há tempos no Parlamento:
"Estou em desacordo e [sinto] até indignação", acrescentou o deputado, lamentando que haja dinheiro dos contribuintes para salvar o BPP "e não haja uns trocos" para salvar o espólio do poeta Fernando Pessoa."Isso é que prejudica a imagem de Portugal", declarou.

Recordemos aquilo que disse no domingo passado na Aula Magna:
“Dante reservou os lugares mais quentes do Inferno para aqueles que em tempo de crise moral se mantivessem neutros. Suponho que há neste momento muitos lugares reservados. Para os neutros e para os cúmplices. E sobretudo para os que andaram a apregoar as delícias da mão invisível e da auto-regulação do mercado e agora recorrem à intervenção do Estado para socializar as perdas e preservar os seus bancos, as suas fortunas e os seus privilégios.”

“Coragem para estar ao lado dos desempregados e desfavorecidos e não para, à custa dos dinheiros públicos, salvar um banco privado que administra grandes fortunas.”

“Um grande português chamado Antero de Quental falou do socialismo como protesto moral contra a injustiça e a exploração. Foi há muito. Mas continua a ser uma boa inspiração para todos nós. Os explorados, os oprimidos, os deserdados da vida foram e são a razão de ser da esquerda. É por eles que estamos aqui, não pelas grandes fortunas, desculpem-me a insistência, do Banco Privado Português.”

Coerente, não é? Respeito Manuel Alegre, o seu percurso e o seu contributo para a democracia. Mas são este tipo de coisas que me fazem desconfiar de Manuel Alegre e da consistência da mensagem política que pretende fazer passar para a sociedade portuguesa.

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