sexta-feira, 7 de novembro de 2008

O irredutível facho lusitano.


A direita portuguesa, como espécie apurada por padres e ladrões ajudada por uns “safanões a tempo”, está de saúde e recomenda-se.
O que seria insensato, iletrado, ou simplesmente autista em outros contextos, cá pelo rectângulo assume a figura de ponderado cepticismo.
Paulo Portas em certa campanha para o Parlamento Europeu declarou-se “euro calmo”, tentava compatibilizar o euro cepticismo do reinventado PP com um discurso de ortodoxia institucional, mas este recurso semântico mais não fazia do que esconder o mote que intimamente o animava: o “Orgulhosamente sós!”
Por estes dias, as colunas dos jornais e a blog esfera nacional, a propósito da vitória de Obama nas eleições mais importantes da história do Sec. XXI estão cheias de comentaristas reaccionários que se dizem liberais (não há maior contra-senso), que, de forma mais ou menos explicita, tentam minorar a vitória desse “african socialist”.
Para quem esteve acordado na madrugada de 4 para 5 deste mês, sabe o que mais o surpreendeu, não foi o brilhantismo do discurso do herói improvável que ganhou a disputa eleitoral, mas sim o discurso de derrota de McCain.
A direita portuguesa, no poder ou na oposição é pudica e sonsa, ressacada com a revolução do 25 de Abril e com o milhão de retornados que não voltaram todos brancos.
É pudica por pudor em afrontar toda a história e valores em que radica, renegar o fascismo racista e elitista português só quando obrigada.
É sonsa, porque diz ser aquilo que não é nunca foi, e a que de facto o é, encontra melhor abrigo no PS de Sócrates do que no PPD de Santana ou no PP de Portas. A direita portuguesa é conservadora e oligárquica. O partido das bases “que não é de direita” como o diz Pacheco Pereira, não é o PPD-PSD liberal de Santana tanto fala. O PSD é o partido da “Senhora” que não quer empregar cabo-verdianos e ucranianos e a quem não se ouviu uma única palavra sobre a eleição do candidato democrata para a Casa Branca.
O PSD é o partido da Madeira de Alberto João e da Administração do BPN. O PSD, nada tem da social-democracia europeia, nem do liberalismo responsável de Obama. O PSD é o partido do Presidente de Câmara de Santa Comba Dão que quer um museu-memorial a Salazar. É o partido e que recusou a reforma à viúva de Salgueiro Maia.
A direita portuguesa é sonsa, porque nem no PP, alguém tem a coragem de se colocar à direita de McCain no seu ideiario político, quando na verdade McCain está bem à esquerda de quaisquer militantes do partido azul e amarelo.
É neste umos social e acultural, que proliferam como cogumelos, “livres” pensadores de direita, que escrevem precipitadamente de Obama o que nunca foram capazes de dizer com provas irrefutáveis sobre Durão “Yellow Chiken” Barroso, Cavaco “Cake King” Silva, ou Ferreira “Alvesbarrota Baker Woman” Leite.
E como se houvesse comparação possível…
Obama, aos 47 anos de idade, tem um percurso imaculado, marcado pela inspiração e pelo mérito. Obama, já estudou, já escreveu, já serviu, já lutou, já sofreu, e resistiu, cresceu, mobilizou e venceu.
E o que venceu Obama? Venceu um país destroçado pelos chamados liberais que nem a uma teoria mais que provada com 200 anos foram capazes de aceitar (evolucionismo). E como venceu Obama?
Pela força da consistência da sua pessoa e dos seus argumentos, onde esteve o jogo sujo dos trocadilhos com o nome e coisas que tais na campanha de Obama contra McCain.
Todas as dúvidas, que os comentadores “liberais” portugueses continuam a ter sobre ele, são essencialmente fundamentadas, não numa salutar dúvida metódica, mas sim na mais pura má fé.
Ou será que também não tem qualquer mérito, um African American com nome e pai muçulmanos, que publicamente luta contra uma guerra mentirosa e ilegal no Iraque no ceio vitimizado de uma América pós 11 de Setembro. 7 Anos depois, este homem é eleito como o 1º negro da história da democracia mais importante do Planeta a assumir a sua presidência e isto é “mais do mesmo”!!!
Fê-lo como nunca ninguém antes dele o havia tentado fazer, sem gastar um tostão os cofres do estado, sem pedir um petrodolar que fosse, só com os seus iguais a ajuda-lo como nunca ajudaram nenhum antecessor seu branco ou negro.

Esta é a vitória de uma América que não passou a ser socialista, mas que é profundamente liberal.
De uma coisa estou certo Vasco`s Pulido`s Valente`s e Pedro`s Alb`s podem não ser fascistas, mas são tudo menos liberais ou sociais-democratas, e servem bem os interesses dos poderosos a quem Bush não cobrava impostos. Os mesmos que historicamente radicaram o seu poder, na presunção de, entre outras, que o homem preto “não pode ser assim tão bom!”
Assim tão bom como o é Barak Hussein Obama, aquele que tem todas as condições para ser o líder que a América precisava, que o Mundo esperava.

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