Agora que tanto se fala na crise da educação, seja porque, de um lado, os professores reclamam um sistema de avaliação menos burocrático, seja porque, do outro, os alunos reclamam um sistema de faltas mais justo e menos cego, há um filme nas salas que devia ser por visto por professores e por alunos, em especial por aqueles que frequentam as manifestações de rua.
Trata-se de "A Turma", de Laurent Cantet, premiado com a Palma de Ouro no conhecido Festival de Cinema de Cannes. É um excelente retrato da actual França multi-étnica e que nos mostra a densidade relacional que pode ser estabelecida entre professor e aluno. De um lado, um professor determinado em congregar os seus alunos para um ambiente de respeito e tolerância, sem perder a capacidade de impor a sua autoridade. Um professor que sabe que o sucesso escolar dos alunos depende da sua capacidade de motivação e da sua capacidade de comunicação com eles. Do outro, vários alunos, embora tão diferentes entre si, sempre prontos a por em causa a sua autoridade e em provocar um jogo de fogo cruzado com o professor. É aqui que o filme atinge o seu auge, mostrando-nos quão difícil é fazer da escola um espaço inclusivo.
O filme peca, no entanto, por não conseguir dar-nos o lado "extra-muros" da escola, ou seja, a escola como espaço próprio dentro da nossa sociedade. O próprio título original do filme diz-nos muito sobre a perspectiva que o realizador nos pretende dar: "Entre les murs". O filme mostra-nos ainda um lado menos bom do sistema educativo francês: conselhos de avaliação em que os alunos também estão representados; conselhos disciplinares em que os alunos acabam por ser expulsos da escola, sem a menor possibilidade de defesa; professores que acabam por não ser sancionados.
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