domingo, 26 de outubro de 2008

Que rumo para "o interior"?

Cavaco Silva veio hoje - na abertura da Biblioteca José Cardoso Pires em Vila de Rei - afirmar que "o interior do país está despovoado como nunca esteve". Disse ainda que "a coesão territorial e a defesa da nossa identidade exigem uma atenção acrescida dos poderes públicos ao grave problema do despovoamento do interior".

É verdade que o problema das assimetrias regionais é um assunto sério.
É também verdade que as regiões do interior têm grandes dificuldades em atrair investimentos, em desenvolver a sua actividade económica ou em criar emprego que permita fixar as suas populações, em particular as mais jovens.
É ainda verdade que, sem a referida capacidade económica e sem as pessoas, o interior tem e terá grandes dificuldades para aproveitar os recursos naturais e ambientais ou para promover o seu património arquitectónico.

Dito isto e concentrando-me agora no problema específico do despovoamento, há uma reflexão que venho fazendo e que passa pela seguinte provocação: fará sentido pensar que Portugal pode manter um modelo de desenvolvimento territorial que continue a acreditar que temos de criar as condições para a manutenção (artificial) de algumas vilas e aldeias? O problema da desertificação populacional do interior deve ser corrigido através da criação de núcleos urbanos consolidados e não pela sustentação de um modelo de dispersão populacional verdadeiramente insustentável, por exemplo, no que diz respeito à localização de serviços públicos (tribunais, estabelecimentos de saúde, serviços de finanças, escolas, etc)? O que temos é de promover a constituição no interior de cidades médias com estruturas socioeconómicas sólidas e não de promover políticas bondosamente voluntaristas dirigidas à "litoralização" do interior...

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