quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Já não bastava um, agora temos dois


Diz o Público que a renegociação do contrato de concessão à Lusoponte da gestão e exploração das travessias rodoviárias do rio Tejo vai ter na defesa dos interesses da empresa Jorge Coelho (presidente da Mota-Engil que passou agora a controlar a Lusoponte) e Ferreira do Amaral (presidente da Lusoponte), os dois ministros das obras públicas que negociaram em representação do Estado o contrato de concessão e os acordos de reequilíbrio com a empresa depois da decisão de construção da Terceira Travessia no eixo Chelas-Barreiro, ou seja, entre a Ponte Vasco da Gama e a Ponte 25 de Abril.

Não me choca que aqueles dois ministros tenham hoje responsabilidades em empresas ligadas à gestão das duas pontes sobre o Tejo em Lisboa, já que ninguém pode ficar impedido eternamente de desempenhar uma determinada actividade privada. Apenas existe a obrigação de, enquanto governantes, saberem fazer a melhor ponderação do interesse público e dos interesses privados e, como é óbvio, não tomarem qualquer decisão tendo por horizonte uma determinada situação futura. Julgo que ambos os casos, nenhum deles alguma vez pensou vir a ocupar os lugares que hoje ocupam.

O meu repúdio é outro. O referido contrato de concessão tem esta cláusula absolutamente leonina e fascinante:"A concessão é estabelecida em sistema de exclusivo no que respeita aos atravessamentos rodoviários a jusante da actual ponte de Vila Franca de Xira", ou seja, qualquer travessia do Tejo, abaixo de Vila Franca de Xira, tem de ser feita com a Lusoponte. O que me choca é como é que sabendo que, num longo prazo, duas pontes não seriam suficientes em Lisboa, Jorge Coelho e Ferreira do Amaral, enquanto governantes, puderam ser complacentes com uma cláusula daquele teor que só lesa o interesse público e prejudica todos aqueles que tenham de fazer o trânsito entre as duas margens do Tejo. Foi um negócio altamente lesivo para o Estado, como se verá agora nas avultadas compensações financeiras que a Lusoponte vai receber (a menos que receba por ajuste directo a gestão da travessia Chelas-Barreiro).

1 comentário:

Marcos Caldeira disse...

Caro Amigo, e ainda criticávamos o Paulo Futre, quando um dia disse, que era do Sporting desde pequenino e uns anos depois disse que nas veias lhe corria sangue vermelho como o Benfica. Este senhor era aquilo que hoje chamamos um profissional que transpirava a camisola que vestia. Ja os senhores referido no post, sofrem apenas do que se usa chamar, uma terrível coincidencia.