terça-feira, 21 de outubro de 2008

À espera de quê?




A Globalização necessita de regulamentação, forte, clara, e eficiente, e de instrumentos que a faça cumprir.
São hoje evidentes os excessos que o liberalismo congenitamente promove (por falar nisso alguém viu um liberal por aí?)
Querem mais ou melhores exemplos do que a tragédia que têm sido os sucessivos episódios desta Crise Royalle? E parece que ainda vamos na 1ª série…
Esqueçam o discurso da virgem, o que aconteceu foi sem surpresa (ver textos antigos de Luís Viegas neste blog).
Só talvez os ingénuos e os ignorantes podem lavar daqui as suas mãos. Todos temos sido, conscientemente e até pró-activamente, figurantes e protagonistas desta “triste peça”. Sabemos a quem servimos, motivados pelos nossos interesses mais primários e individualistas.
E para onde tem ido toda a riqueza que produzimos? E onde está o fruto do nosso trabalho?
A partir do momento, em que um qualquer operador mil eurista de call-center, com vinculo precário a uma agencia de trabalho temporário, pode aconselhar anonimamente e à distancia, um afortunado cliente bancário, a fugir com as suas economias para um paraíso fiscal, a sociedade que se permite a tamanha monstruosidade, vendeu a alma e cava a sua sepultura.
O Mundo Ocidental tropeçou na sua cova e caiu lá dentro. Não está enterrado, o céu continua azul, e com esforço e engenho, não está assim tão fundo que não consiga de lá saltar mais vigoroso e optimista. Mas as offshore são os coveiros que tudo tapam. Vivas ou mortas, sujas ou limpas, as riquezas que por lá passam são imensas. Os ditos paraísos fiscais rapidamente tudo tornam irreconhecível, e logo, irrecuperável para o bem comum. São riquezas que provavelmente já se fizeram de misérias, mas que com o contributo das offshore seguramente promoverão ainda mais pobreza a uma escala muito mais que proporcional à felicidade que hipoteticamente terá proporcionado aqueles meia dúzia que se recusaram a retribuir à sociedade uma pequena parte do que esta lhes deu.
Este é o momento para acabar com a pouca vergonha, ou não será assim?
Serão necessárias as filas sopa dos pobres da América da grande depressão?
Por muito, muito menos já fomos para a rua!
É nossa obrigação fazer-mos tudo o que está ao nosso alcance para acabarmos com os “paraísos fiscais” que são pedra angular dos nossos “infernos”.
Estou aqui à espera do fim da offshore que envergonha o nosso país.
Vamos dar o exemplo.

4 comentários:

André Ponte disse...

Parafraseando o grande Palma: a dependência é uma besta (tal como o Alberto João) que dá cabo do desejo e a liberdade é uma maluca que sabe quanto vale um beijo.

Dito isto, penso que o problema não está no liberalismo económico, mas sim na libertinagem económica.
Não podemos menosprezar o papel do Estado na economia, mas se por causa da actual crise começarmos a apontar a economia de mercado como a causa de todos os males, corremos o risco de regressar aos marxismos, leninismos, estalinismos e outros ismos que não deixaram saudades...

Abraço do Ponte

André Ponte disse...

Mas não deixo de concordar com a essência do teu post: está na altura de pôr ordem nas off-shores e impor controlos mais sérios e rigorosos na contabilidade das instituições financeiras e empresas, especialmente aquelas cotadas em bolsa.

Unknown disse...

Não confundo liberalismo com economia de mercado. O que é certo é que já temos prémios Nobel que cheguem a dizerem exactamente a mesma coisa: o liberalismo económico sem controlo descamba sempre na libertinagem de que falavas.
Se o meu post dá a entender um ataque à economia de mercado não era essa a minha intenção, bem pelo contrario. Só com ética e controle é q conseguimos proteger o único sistema que funciona de messianismos bem mais perigosos e comprovadamente ineficazes.

André Ponte disse...

Então... estamos de acordo! :)