O paradigma da comunicação em abstracto, aplicado ao fenómeno político, ainda é abordado pela generalidade da nossa classe politica de forma amadora e ortodoxa.
O problema na maioria dos casos está mesmo o conteúdo das mensagens, e talvez com excepção para as primeiras legislativas de Guterres, nunca até hoje um partido ou movimento politico foi realmente capaz de inovar na forma de comunicar com o todo do eleitorado.
Podemos então falar no Bloco? Sim e não. De facto para uma pequena fatia do eleitorado, aquela de quem o BE na prática se alimenta (classe média/alta, 20/40 anos, urbana e literata), as mensagens do Bloco têm sido diferentes e por vezes até bastante eficientes. Mas, uma vez mais, quando falamos de comunicar para a mole eleitoral, quando se quer chegar a todas as faixas mais significativas do eleitorado, o Bloco acaba por cair inevitavelmente nos clichés das marchas e das manifestações de protesto contra os patrões e o capital, tão datadas como os bigodes de Trotsky.
O panorama político português tem o tal hábito velho como a nação. Somos intrinsecamente conservadores no que respeita aos nossos hábitos sociais, às formas como nos relacionamos, às categorias que aplicamos aos outros e a nós.
E o que é a politica senão o conjunto de actos supremos do nós enquanto gregários e inexoravelmente sociais?
Vivemos ainda no país dos doutores e engenheiros, dos tios e das tias, dos deputados preguiçosos e das deputadas que subiram na horizontal. São esses os nossos preconceitos. Como o que essencialmente diferencia os políticos dos seus eleitores, é a superior plasticidade dos primeiros em relação aos segundos, os segundos não se podem queixar dos políticos que apenas lhes dão aquilo que eles pedem. E é isso que eles (eleitores) fazem, não se queixam de todo, não se envolvem, nem se vinculam. Vão para a praia em dia de eleições porque nada de novo os surpreendeu.
Aqui, aplicando as leis que o mercado nos ensina, nesta crise de participação, aparecem grandes oportunidades.
É errado pensar todo dos cidadãos como estatística, como tantas vezes conseguimos descodificar nos discursos dos “nossos” políticos. Mas é igualmente errado pensarmos o cidadão como elemento meramente individual movido por processos particulares e predeterminado por contextos formais.
O homem aspira sempre à sua liberdade e só se revê como livre quando toma poder sobre a sua viva. Isto é igual para todos e cada um de nós. O sucesso da democracia está exactamente na correspondência a este desejo de poder sobre o destino colectivo.
Os nossos políticos, principalmente os nossos novos políticos, têm que se questionar sobre até que ponto, as suas praticas, o seu discurso, estão de facto abertos aos contributos e participação dos eleitores. A esses que eles querem que vão “pelo menos” votar.
Partam de um princípio: as pessoas não vão votar por que sim, ou porque votar não lhes interesse, as pessoas não vão votar por que apenas isso já não lhes chega, já não as satisfaz. As pessoas querem participar mais e mais eficientemente no seu futuro individual e colectivo.
Se isso lhes é permitido em todas as restantes dimensões da sua vida (familiar, laboral, de lazer) porque querem que as pessoas apenas votem a dias e horas certas e se sintam realizadas politicamente com apenas isso?
A democracia 2.0 urge e vai chegar.
Ganhará quem estiver mais preparado para essa nova era.
No fim ganhará a democracia e todos nós.
P.s.: vão dar uma espreitadela à campanha de Obama. Parte dos instrumentos de mobilização de um eleitorado cada vez mais exigente e participativo estão lá.
O problema na maioria dos casos está mesmo o conteúdo das mensagens, e talvez com excepção para as primeiras legislativas de Guterres, nunca até hoje um partido ou movimento politico foi realmente capaz de inovar na forma de comunicar com o todo do eleitorado.
Podemos então falar no Bloco? Sim e não. De facto para uma pequena fatia do eleitorado, aquela de quem o BE na prática se alimenta (classe média/alta, 20/40 anos, urbana e literata), as mensagens do Bloco têm sido diferentes e por vezes até bastante eficientes. Mas, uma vez mais, quando falamos de comunicar para a mole eleitoral, quando se quer chegar a todas as faixas mais significativas do eleitorado, o Bloco acaba por cair inevitavelmente nos clichés das marchas e das manifestações de protesto contra os patrões e o capital, tão datadas como os bigodes de Trotsky.
O panorama político português tem o tal hábito velho como a nação. Somos intrinsecamente conservadores no que respeita aos nossos hábitos sociais, às formas como nos relacionamos, às categorias que aplicamos aos outros e a nós.
E o que é a politica senão o conjunto de actos supremos do nós enquanto gregários e inexoravelmente sociais?
Vivemos ainda no país dos doutores e engenheiros, dos tios e das tias, dos deputados preguiçosos e das deputadas que subiram na horizontal. São esses os nossos preconceitos. Como o que essencialmente diferencia os políticos dos seus eleitores, é a superior plasticidade dos primeiros em relação aos segundos, os segundos não se podem queixar dos políticos que apenas lhes dão aquilo que eles pedem. E é isso que eles (eleitores) fazem, não se queixam de todo, não se envolvem, nem se vinculam. Vão para a praia em dia de eleições porque nada de novo os surpreendeu.
Aqui, aplicando as leis que o mercado nos ensina, nesta crise de participação, aparecem grandes oportunidades.
É errado pensar todo dos cidadãos como estatística, como tantas vezes conseguimos descodificar nos discursos dos “nossos” políticos. Mas é igualmente errado pensarmos o cidadão como elemento meramente individual movido por processos particulares e predeterminado por contextos formais.
O homem aspira sempre à sua liberdade e só se revê como livre quando toma poder sobre a sua viva. Isto é igual para todos e cada um de nós. O sucesso da democracia está exactamente na correspondência a este desejo de poder sobre o destino colectivo.
Os nossos políticos, principalmente os nossos novos políticos, têm que se questionar sobre até que ponto, as suas praticas, o seu discurso, estão de facto abertos aos contributos e participação dos eleitores. A esses que eles querem que vão “pelo menos” votar.
Partam de um princípio: as pessoas não vão votar por que sim, ou porque votar não lhes interesse, as pessoas não vão votar por que apenas isso já não lhes chega, já não as satisfaz. As pessoas querem participar mais e mais eficientemente no seu futuro individual e colectivo.
Se isso lhes é permitido em todas as restantes dimensões da sua vida (familiar, laboral, de lazer) porque querem que as pessoas apenas votem a dias e horas certas e se sintam realizadas politicamente com apenas isso?
A democracia 2.0 urge e vai chegar.
Ganhará quem estiver mais preparado para essa nova era.
No fim ganhará a democracia e todos nós.
P.s.: vão dar uma espreitadela à campanha de Obama. Parte dos instrumentos de mobilização de um eleitorado cada vez mais exigente e participativo estão lá.
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