O ministro das finanças anunciava ontem, a descida do crescimento do PIB previsional para este ano. Revendo o indicador em baixa de 2,2% para 1,5%.
Vou convidar-vos agora a fazer o seguinte raciocínio comigo:
1) Na maioria dos países, e até nos desenvolvidos, há a chamada economia subterrânea. Que vamos assumir em Portugal represente cerca de 20% do PIB. Ou seja é a economia que não é facturada, não passa pelo crivo da contabilidade oficial das empresas, nem do estado.
1.1) Nos últimos anos tem havido um esforço enorme por parte da máquina fiscal do estado em contrariar a evasão fiscal, através de políticas e sistemas, que promovem moral, e por vezes coercivamente, que os cidadãos e empresas declarem os seus rendimentos na totalidade. Quem não se lembra de Paulo Macedo, que quase saiu da DGI em braços, e só saiu porque não podia auferir o rendimento que mensalmente recebia. Era contra a lei. Agora, e num estilo mais discreto, Azevedo Pereira segue-lhe as políticas…
Ou seja vamos assumir que como resultado destas políticas entre para o PIB cerca de 10% do valor que não era contabilizado:
Logo temos: 10%×20%=2% (parece-me razoável esta ponderação)
Se o ministro Teixeira dos Santos diz que afinal vamos crescer 1,5%, e se considerarmos que pela via das políticas contra a evasão fiscal o PIB sobe 2%, temos que afinal estamos a decrescer 0,5%. Na prática estamos em recessão.
Alguma falha no raciocínio? – Lamento desiludir-vos, mas nenhuma.
2) Para aquelas pessoas que seguem os números, como se duma religião se tratasse, mais um desafio: sentem que o rendimento é distribuído de uma forma mais equitativa pelos portugueses? Pois o PIB pode estar a crescer, como já vimos anteriormente duvido, mas as famílias e empresas sentem esse crescimento. Ou por contrário o rendimento está ao que os observatórios internacionais indicam, cada vez mais concentrado, sendo os efeitos do crescimento sentido cada vez por menos agentes económicos. É a mesma coisa que numa amostra de duas pessoas, elas comerem um frango, significando que comem meio frango cada um. Quando na realidade houve um que comeu o frango e o outro nem vê-lo…
Mais uma vez, alguma falha no raciocínio? – Mais uma vez,… nenhuma.
Resumindo, os números nem sempre são um indicador fiel da realidade, mas por isso mesmo são utilizados por quem sabe, para “pintar” um cenário menos mau da realidade. Quem sabe se não é para motivar, ainda assim as massas. Se for esse o objectivo espero que seja atingido. Caso contrário lá diz o ditado: “a verdade á como o azeite, vem sempre acima”
sexta-feira, 16 de maio de 2008
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