sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Parlamento digital - Os exemplos que (não) vêm de cima.

O sistema electrónico adoptado pelo Parlamento em 2008 para o envio de perguntas e requerimentos ao Governo foi raramente utilizado pelos deputados, que continuaram a preferir o papel em 97,6 por cento dos casos.
Quando foi instalado na Assembleia, há dois anos, estimava-se uma poupança anual de "mais de 60 mil ofícios" em papel, segundo disse na altura o então deputado socialista José Junqueiro, que coordenou a introdução daquele sistema.
De acordo com dados dos serviços da Assembleia da República, desde Outubro de 2009 apenas 3,2 por cento de um total de 10.626 perguntas e requerimentos ao Governo foram feitos por via electrónica.
A partir de Março do próximo ano os deputados vão ter que usar a via electrónica em exclusivo, de acordo com uma deliberação aprovada quarta-feira em plenário e que visa facilitar a conversação de texto para a grafia do novo acordo Ortográfico no Parlamento.
Na primeira sessão legislativa da actual legislatura, os deputados fizeram um total de 8.398 requerimentos e perguntas, das quais apenas 220 foram feitas por via electrónica.
Na segunda sessão, a percentagem subiu ligeiramente. Até terça-feira tinham sido entregues 2.228 ofícios de perguntas e requerimentos, dos quais 130, cerca de 5,8 por cento, pelo sistema electrónico.
É quase comovente ver o empenho com que os deputados se dedicam à adopção das novas ( com mais de 15 anos) tecnologias. É reconfortante verificar o excepcional utilização que os nossos representantes dão aos meios informáticos ao seu dispor (não me consigo lembrar de algo que lhes falte).
Felizmente que tiveram desde 2008 para adoptarem novos procedimentos e ainda terão mais uns meses até Março para abandonarem o papel, mas até lá sempre se encrenca um pouco mais a actividade do governo com milhares de resmas de papel impresso onde o control find, o copy paste ou o check changes de e para nada servem.

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