quinta-feira, 4 de novembro de 2010

ANÍBAL CAVACO SILVA com este cadastro "porque non te callas?!"


Nascido a 15 de Julho de 1939, em Boliqueime, Loulé (Algarve), Aníbal Cavaco Silva é licenciado em Finanças pelo Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras, Lisboa, e doutorado em Economia (Estudos Africanos) pela Universidade de York, Reino Unido.

Foi investigador da Fundação Calouste Gulbenkian e dirigiu o Gabinete de Estudos do Banco de Portugal, instituição que tão bem tratou o seu antigo braço direito e Ministro da Administração Interna, e à qual regressou, posteriormente, como consultor. Cargo que lhe vale o usufruto de uma pensão que acumula com o ordenado de Presidente da República.

Cumpriu o serviço militar como oficial miliciano do Exército, entre 1962 e 1965, em Lourenço Marques (quanta saudade…), Moçambique. Foi durante a sua participação na Guerra Colonial que descobriu a sua grande paixão, os vídeos amadores com a sua mulher Maria (cuja tese de licenciatura versou sobre o Saudosismo Português de Teixeira de Pascoaes).

Quando voltou, foi docente do ISCEF, Professor Catedrático da Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa e Professor Catedrático na Universidade Católica Portuguesa.

Exerceu o cargo de ministro das Finanças e do Plano em 1980-81, no governo de Francisco Sá Carneiro, do qual se demitiu meses antes da intervenção do FMI na economia portuguesa, tornada inadiável após o seu consulado.

Foi presidente do Conselho Nacional do Plano entre 1981 e 1984, data em que se cruzou pela primeira vez com a segunda grande paixão da sua vida, o Citroen BX. Mas só um ano depois fez a rodagem ao veículo curiosamente até à Figueira da Foz onde decorria uma convenção partidária, veio de lá Presidente ao Partido Social Democrata (PSD) cargo que ocupou entre Maio de 1985 e Fevereiro de 1995 “apesar de não ser político”.

Único líder partidário a conquistar duas maiorias absolutas consecutivas, o que o tornou no Primeiro-Ministro português que mais tempo permaneceu em funções em democracia (1985- 1995), o que é um feito extraordinário “sem fazer política”.

Cavaco Silva deixou, nos seus mandatos como governante, uma marca de consumo dos fundos comunitários à troca dos quais vendeu o tecido produtivo nacional, e firmeza na aplicação de um vasto conjunto de regras formais, que promoveram a democratização e a liberalização da sociedade e da economia portuguesas, como são exemplos: a recusa em perder tempo com a leitura de jornais, a sublimação da evasão fiscal, a promoção de tabus políticos sempre que os assuntos não lhe convinham.

Apesar de nunca ter sido político, como Primeiro-ministro, Cavaco Silva tem o seu nome associado ao período da mais duradoura estabilidade política registado em Portugal nas últimas décadas e a um ciclo de grandes transformações económicas e sociais. Como o disse apropriadamente Dias Loureiro: “- Eu era pobre quando era Ministro da Administração Interna de Cavaco Silva e só ganhei o meus primeiros 10 Milhões de Euros um ano depois de deixar de ser Ministro de Cavaco Silva”.

Também modernizou o País. Durante o período em que Cavaco Silva foi Presidente do Conselho… Portugal viu nascer as Torres das Amoreiras, o respectivo Centro Comercial e o Centro Comercial de Belém e o respectivo Pedro Santana Lopes, as Olaias, os primeiros Continentes. Viu igualmente e crescer a colecção de Ferraris e namoradas do Dr. Talon, a reputação do Arquitecto Taveira através dos seus vídeos, e até o Marques Mendes.

Em 1995 recebeu o Freedom Prize, na Suíça, concedido pela Fundação Schmidheiny, pela sua acção como político e economista, mas deve ter devolvido 50% do prémio por não ser político.

Mais recentemente, foi distinguido com o Prémio Mediterrâneo Instituições (2009), atribuído pela Fundação Mediterrâneo, “em reconhecimento pelo seu empenho e acção no reforço da solidariedade e de uma activa cooperação entre os países mediterrânicos, em favor da promoção do desenvolvimento e da Paz, nessa região”. Terá sido pela pertinente ratificação do Tratado de Zamora?! Certo é que em troca o chefe de família da Casa de Borbón recebeu um GPS de fabrico nacional das mãos do antigo campeão dos 110 metros barreiras. Menos certa será a reciprocidade no afecto com que a nossa Primeira-dama se derrete de cada vez que toma chá com a Rainha Sofia da Grécia, nacionalizada em 75 pelos nuestros hermanos )é que essa coisa de encher a boca de bolo e mastigar de boca aberta tem as suas "externalidades" sociais).

Incompreendido pela Academia Nacional (Boliqueime tem saída na auto-estrada mas não houve tempo para construir um pólo de uma universidade privada que servisse os seus 200 habitantes), Cavaco Silva é Doutor Honoris Causa pelas Universidades de York (onde pagou propinas), La Coruña (Espanha), Goa (Índia), León (Espanha) e Heriot-Watt (Edimburgo, Escócia).
E é como figura maior da República Portuguesa que aceitou ser nomeado membro da Real Academia de Ciências Morais e Políticas de Espanha (a moral, os bons costumes, e a “Hola” da Maria oblige) e do Clube de Madrid para a Transição e Consolidação Democrática e da Global Leadership Foundation (queria igualmente ter entrado para a guest list do Clube Silk, mas à época ainda não tinha conta no Twitter).

Da vasta obra que publicou, há a referir os livros:
• O Mercado Financeiro Português em 1966 (escrito na guerra…?!);
• Economic Effects of Public Debt (baseado na experiencia enquanto Ministro das Finanças de Sá Carneiro que nos entregou às mãos do FMI);
• Política Orçamental e Estabilização Económica
• A Política Económica do Governo de Sá Carneiro (mini-micro-pequeno livro);
• Finanças Públicas e Política Macroeconómica (só é politico no contexto Macroeconómico, aliás, como se tem visto…);
• As Reformas da Década, Portugal e a Moeda Única (para quem gosta do estilo auto-elogio narcísico obsessivo);´
• União Monetária Europeia (se não quiserem dar por mal gasto o dinheiro consultem a página da EU)
• Autobiografia Política, Volumes I e II (quem consegue ler aquilo fica apenas com uma certeza: não foi escrita por ele, até porque ele não é político logo só poderá ter uma Aurobiografia enquanto docente universitário);
• E as Crónicas de Uma Crise Anunciada (tem sido um presente natalicio recorrente em Belém, quem levar 2 dúzias de pasteis leva também como oferta “As intervenções mais importantes produzidas como Primeiro-Ministro” em vários volumes, que apesar de numerosos, perdem-se com facilidade e frequência entre os pacotinhos de canela e de açúcar moído que acompanham as delicias do Restelo);
• No Inverno e quando falham as acendalhas, a Maria costuma pedir ao Aníbal umas páginas “emprestadas” aos: Cumprir a Esperança (1987), Construir a Modernidade (1989), Ganhar o Futuro (1991), Afirmar Portugal no Mundo (1993) e Manter o Rumo (1995). Sai mais barato que as folhas dos jornais que o marido não lê, mas cujo fumo convêm não inalar... são histórias que cheiram mesmo muito mal mesmo quando as tentam queimar.
Após ter sido afastado da vida política activa, primeiro por António Guterres, depois por Jorge Sampaio entre 1995 e 2005, período durante o qual retomou breve actividade académica, Aníbal Cavaco Silva manteve, todavia, uma marcante participação cívica, nomeadamente através de intervenções pontuais sobre questões nacionais sobre a boa e a má moeda e internacionais, sobre as offshores da SLN, caracterizadas por elevados padrões de rigor, exigência, que sempre renderam a quem o apoio na sua actuação pública, atenção, não confundir com politica.
Apesar de não ser político, já é o recordista de candidaturas a Presidente da República (um cargo muito técnico como se sabe) em democracia.
À segunda tentativa, Aníbal Cavaco Silva de mão dada com a mulher, os filhos, os netos, o periquito e o gato (Dias Loureiro teve que esperar pelo Conselho de Estado) lá subiu a rampa de acesso automóvel ao Palácio de Belém a 9 de Março de 2006.
Fora eleito, à primeira volta, no escrutínio presidencial de 22 de Janeiro desse ano, ao qual se apresentou com uma candidatura pessoal e independente, apenas com o apoio do PSD, do CDS, da Igreja Católica, da UCP, da Rádio Renascença e da CIP.
Considerando que os desafios que Portugal já então enfrentava exigiam uma magistratura presidencial que favorecesse consensos alargados em torno da realização de importantes objectivos nacionais, o Prof. Aníbal Cavaco Silva empenhou-se, desde o início do seu mandato, em contribuir para a criação de um clima de estabilidade política e de cooperação estratégica entre os vários poderes não abrindo a boca em quaisquer circunstâncias.
Terá sido porventura por isso que ninguém lhe deu ouvidos. Frustrado, e amesquinhado, interrompeu as férias dos portugueses por duas vezes em 5 anos para falar ao país sobre assuntos da maior pertinência como o foram o estatuto dos Açores e depois as escutas de José Manuel Fernandes a Fernando Lima.
As intervenções mais importantes como Presidente da República encontram-se reunidas nos livros Roteiros I - 2006/2007; Roteiros II - 2007/2008, Roteiros III - 2008/2009 e Roteiros IV – 2009/2010. Nestes interessantíssimos roteiros podemos saber onde se come o melhor Bolo Rei de Portugal, ou onde a Maria gosta mais de passear para “desmoer” o bacalhau com grão do jantar.
Difícil mesmo é encontrar as contas da Casa Civil da Presidência da República.
As contas da Assembleia da República estão no site da AR, as contas do Governo são públicas e escrutinadas em contínuo todos dias.
Quanto e como gasta o Presidente da República na sua magistratura de influência? Alguém sabe? Onde estão publicadas estas contas? É verdade que esta é a casa civil mais cara da presidência da República? O Presidente não gosta de viajar (o que nem tem mal nenhum, Salazar também só fez uma viagem de estado em 50 anos), mas há que combater o desemprego na São Domingos à Lapa. A transparência democrática de Cavaco Silva é muito boa mas é para os outros.
É casado com uma Professora de Português, mas não sabe quantos cantos tem os Lusíadas. Deste matrimónio heterossexual resultaram dois filhos e cinco netos e um genro que enriqueceu com a organização de comícios partidários e outras festividades promovidas à época pela rádio pública para a qual havia sido por coincidência nomeado. Resta o consolo de ter uma filha ajuizada, que aconselha o pai a fazer bons investimentos como retornos de mais de 100% ao ano em mais-valias da venda de acções curiosamente, da SLN à… SLN.

3 comentários:

Anónimo disse...

Voces deviam meter o rabinho entre as pernas e sair de fininho.
Tanto tempo sem abrir a boca...porquê?

Sofia disse...

Gostei da crónica. É engraçada e com espírito. Acho até que deveriam fazer uma na mesma linha para o Sócrates. Ficaria mais curta, com certeza, que não terá assim tanto para pôr na parte académica.

A Burra Nas Couves disse...

Permitam-me só uma pequena correção, que talvez possa contribuir à construção de carácter do senhor de quem se fala. O local de nascimento do referido senhor chamava-se Poço de Boliqueime. Curiosamente, um tempo depois do início dos seus sucessivos governos, a referida terra muda de misteriosamente de nome para Fonte de Boliqueime. Provavelmente "alguém" pensou que não seria de bom tom que uma pessoa desta craveira viesse de um poço. Uma fonte é mais poético e adequado.