E por vezes nem é preciso esperar muito, mas lá chegaremos.
Se, por exemplo, quisermos saber se estamos na presença de algo oxidável o método pode ser bastante simples, é deixar ao ar (rico em oxigénio) e esperar que o tempo desempenhe o seu papel e a oxidação acontecerá.
No caso Moura Guedes/TVI nem foi preciso esperar muito. Após a demissão em bloco e voluntária da direcção de informação da TVI já começa a transpirar o que afinal se anda a passar entre portas da televisão líder de audiências.
Moura Guedes desde que foi recuperada pelo marido para o jornalismo (para os mais desmemoriados a ex-miss Torres Vedras teve um processo disciplinar na RTP ao que seguiu uma aprendizagem como deputada à Assembleia da Republica pelo CDS-PP), sempre foi a única e verdadeira directora de informação da estação de Queluz. Na passada quinta-feira desobrigou-se voluntariamente de quaisquer obrigações de direcção, apesar disso e à revelia da própria tomada de posição, enquanto lê este post, a jornalista continua a distribuir berros e ordens pela redacção, com o brado e histeria que é seu apanágio.
Os colegas, queixam-se a outros órgãos de comunicação social do ambiente pesado e insustentável que a ex directora adjunta está a promover. Moura Guedes por seu turno, anda sorridente, em nada alterou as suas rotinas de trabalho, e continua a desmandar a seu belo prazer, num total desrespeito pela posição que tomou na passada quinta-feira, pela sua entidade patronal e em última analise pelos seu colegas se profissão sobre quem deixou de ter qualquer autoridade hierárquica.
O esticar de corda até ao limite do sustentável parece ser a estratégia da truculenta comunicadora. E o que revela esta atitude?
1. Que o desrespeito total pela nova administração da TVI não radica no episódio da semana passada. A verdade é que José Eduardo Moniz como director da estação, sempre resistiu a acatar quaisquer indicações da nova estrutura accionista (consultar imprensa especializada à época), e teve como fiel ponta de lança da sua estratégia de acantonamento interno, um serviço noticioso, controlado pela sua mulher. Com orientação mais populista, festivaleira e maldizente, as notícias na TVI atingiram bons registos de share, e logo, de facturação comercial, argumento soberano para acalmar os accionistas.
2. Que a decisão da Prisa, em afastar a Manuela Moura Guedes da apresentação do Jornal Nacional, foi apenas o derradeiro episódio para mostrar a porta da rua ao Clã Moniz. Como a Prisa sabe bem, a TVI no modelo de Moniz estava esgotada e a bolsa de valores foi o melhor indicador disso mesmo, com a demissão da direcção de informação as acções da Mediacapital dispararam em flecha.
3. Que tudo isto nada tem a ver com alegadas pressões políticas do PS. Aliás, foi escudada nesse argumento que MMG conseguiu evitar ser embrulhada na mesma encomenda que já havia expedido o marido de lá para fora. Mas com o regresso de férias o clima voltou a aquecer. Ciente da sensibilidade que propicia este período em particular, Manuela Moura Guedes preparava-se para ser a grande vedeta da pré-campanha. Mesmo antes de ser afastada da apresentação do Jornal Nacional, desdobrava-se em entrevistas de perfil noutros meios e anunciava aos quatro ventos que ia intensificar a sua campanha contra o primeiro-ministro, mesmo contra todos os factos apurados pela investigação ministério público e que ilibam José Sócrates.
Manuela Moura Guedes queria que a corda partisse como partiu.
Ao ser afastada administrativamente do Jornal Nacional, tornou-se de um momento para o outro na vítima da história, deu-lhe a oportunidade de despir o capuz de carrasco e ofereceu-lhe o álibi perfeito para vir acenar com o fantasma do ataque à liberdade de imprensa em período eleitoral. Na sua guerra particular com a Prisa, colocou enorme pressão sobre a entidade patronal, que na pratica tentou evitar este problema enquanto pode.
O erro da Prisa foi exactamente esse. Os accionistas da MediaCapital, demoraram demasiado tempo a mandar o JEM embora, ele que até quase lhes fez a vontade quando pensou candidatar-se ao Benfica, mas e depois a indemnização…. Resultado, a Prisa por ter medo de decidir fez o jogo do adversário. Agora a coisa não se resolverá sem um processo disciplinar e/ou outra choruda indemnização para a “família”.
Assim o tempo revela que tudo não passa de um longo conflito entre trabalhadores que se têm como patrões, e patrões que querem ganhar mão no que é deles.
Se pelo meio José Sócrates não se tivesse queixado clara pública e justificadamente do tratamento de que era alvo no Jornal Nacional de sexta-feira, há muito que MMG já estaria na rua pois nada abonava a seu favor. Aquele estilo “jornalístico” era indefensável. Hoje constatamos que para além das lágrimas de crocodilo derramadas a quente pela redacção que ela contratou pessoalmente, e da virgens ofendidas da oposição ao governo, não existe um jornalista que seja que venha a terreiro defender Manuela Moura Guedes.
Contas feitas, perde a Prisa, perde a TVI, perde o PS (pelas suspeições sobre ele lançadas), mas a longo prazo ganha o jornalismo televisivo.
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