quarta-feira, 24 de junho de 2009

Este PS não aprende.

Gestão de expectativas!
Sócrates arrisca ser o "Pedro" da fábula "Pedro e o Lobo". Para quem anda mais enevoado pelo cínico nevoeiro do quotidiano passo a recordar. Pedro era o pequeno pastor que tantas vezes gritou que vinha aí o lobo, sem que o lobo viesse, que quando o lobo veio ninguém o acudiu. Ora, o nosso PM evita o discurso da tanga e nesse ponto todos concordamos, mas de nada nos vale, a nós e a ele, um discurso pautado por um infundado optimismo, fundado em ilusórios anúncios boas novas. Na conjuntura económica mundial, Portugal não está pior nem melhor do que era suposto estar. Somos uma economia periférica, altamente exposta ao exterior onde por norma tudo chega mais tarde e mais tarde costuma partir. Com esta crise assim será. Teria dado imenso jeito ao PS ter tido as legislativas no inicio do presente ano, conjunturalmente Sócrates ainda podia dizer que não estávamos tão mal como outros, mas ao que tudo indica as legislativas serão mesmo muito mais tarde, quando "os outros" já começaram a estar bastante melhor que nós.
As vitórias de Sócrates contra a crise foram vitórias de Pirro e os Brutos cá do burgo preparam as facas para cravarem as costas daquele que se pôs a jeito.
2010 será o ano do pico da crise para Portugal. Essa é a evidencia, e assim seria qualquer que fosse o governo em funções.
Já era tempo do PS ter virado a mesa, Manuela Ferreira Leite viu a oportunidade, e preparasse para capitalizar com a amargura de uma realidade que parece cada vez mais desfasada do tom optimista do Primeiro-Ministro.
A "politica de verdade" é a politica deste governo ao longo dos últimos 4 anos e meio, se o discurso também fosso o discurso da verdade não restaria espaço para uma oposição à direita do PS. Sócrates obrigaria o PSD a fazer um discurso de auto-elogio no qual ninguém acreditaria porque mais evidente seria o vergonhoso currículo que a Dra. Ferreira Leite tem como ex-governante em diversas ocasiões.
Há poucos dias José Sócrates regozijava com um abrandamento 0,5% na recessão revelado pelo relatório semestral do INE, hoje tem que engolir com os dados do Outlook da OCDE que prevê um recuo económico de 4,5% em 2009 e uma taxa de desemprego de 11,2% em 2010.
Hoje o que virá dizer o Primeiro-Ministro? A resposta é fácil de adivinhar: nada!
O PS está a entregar de borla o trabalho ímpar que fez enquanto governo, não pelos resultados da sua governação, mas pela forma como não sabe ser humilde em reconhecer que não pode fazer mais no combate à crise da mesma forma que nem tudo de bom que nos tem acontecido terá sido da sua responsabilidade (é recordar as afirmações ridículas sobre a queda da taxa Euribor).
A "politica de verdade" é a do PS, mas infelizmente o discurso da verdade é o do PSD. No momento do voto haverá muitos eleitores que não saberão distinguir o trigo do joio, ou que não perdoarão as inúmeras vezes em que o PS os terá induzido numa forte frustração de expectativas. O PS quis dourar a pílula em busca da maioria absoluta, vamos ver agora se não terá que engolir em seco por não ter aprendido a seu tempo que à ilusão sucede sempre a desilusão. Oxalá que o povo português não escolha substituir um governo de ilusões (PS) por uma desilusão de governo (PSD/PP) porque nesse caso os resultados para o país (como já vimos) serão bem mais graves.

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