terça-feira, 9 de junho de 2009

A caminho do Presidencialismo

E já está! Apesar do voto (quase) unânime da Assembleia da República o Presidente da República veta (e muito bem) a nova lei de financiamento dos partidos políticos.
A AR põe-se a jeito e Cavaco Silva não perdoa. A falsa lentidão de Belém promete uma ponta final ao sprint fortíssima. Se Manuela Ferreira Leite não lhe estragar os planos, ganhando as eleições legislativas e forçando o PR a propor-lhe uma coligação de direita com o PP, Cavaco Silva tem as eleições Presidenciais virtualmente ganhas. É um cenário pouco provável, mas mesmo que o país decida colocar todos os ovos do poder no cesto da direita, o segundo mandato de Cavaco Silva em Belém promete ser o regresso do Cavaquismo parte 2.
A AR trabalha mal e pouco, não decide o que importa ao país (ex:Provedoria de Justiça), mas entendesse para o que lhe interessa (Lei do financiamento dos Partidos Políticos). Neste cenário de total descrédito da instituição parlamentar, mesmo os mais impertenidos anti-cavaquistas viram-se para Belém. É preciso por ordem naquilo (leia-se AR)!
Cavaco Silva não tem perfil presidencial. É um tecnocrata com poucos dotes de oratória, que gosta pouco de falar e menos ainda de ouvir. O Professor de Finanças nasceu para ser ministro e disso ninguém tem duvidas.
Com uma maioria absoluta socialista no parlamento, o primeiro mandato presidencial teve que ser cauteloso, mas a partir de agora, e com a fragmentação partidária entramos numa nova fase.
Alguém duvida que o Presidente da República de hoje é a mesmíssima pessoa que foi Primeiro Ministro há 16 anos atrás? Para Cavaco Silva a coisa é simples, só um pode mandar. Quando era Governo, o Presidente era força de bloqueio, agora que é Presidente a força a bloquear é a Assembleia da República. E vamos deixar cair abordagens mais ideologias e normativas, o assomar de poder por parte de Belém será positivo ou não para o País?
A Assembleia da Republica é a casa da democracia, só em situações absolutamente limite é que é admissível uma mitigação ou subalternização do seu papel relativamente ao escrutínio e decisão de um único cidadão. Mas será que estamos perto desse limite? Estamos. Junta-se a fome com a vontade de comer. A necessidade que os cidadãos têm de ver trabalho e seriedade politica na Assembleia da Republica e o desejo incontido de Cavaco Silva por mais poder e influencia. Cabe-nos agora estarmos vigilantes. Devemos começar desde já a enquadrarmos o nosso voto nas legislativas naquele que pretendemos ter nas presidenciais. Duas coisas são certas, o PS não terá maioria absoluta, Cavaco Silva vai ser muito mais interventivo num segundo mandato. Que país politico vamos querer ter a partir de 2010?

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