terça-feira, 5 de maio de 2009

Um luto aos quadradinhos.


"Olá Amigos,"
Infelizmente não vos escrevo sobre o Boavista.
Todos nós, que esperávamos religiosamente pelas 17h, sentados em frente ao televisor a preto e branco, hipnotizados pela indecifrável e enigmática mira técnica da Radiotelevisão Portuguesa, estamos a partir de hoje um pouco mais órfãos.
A ansiedade que sentíamos por volta das 16.50h era perfeitamente razoável e justificava que se suspendesse o jogo da bola ou a construção da torre de Lego. No tempo em sabíamos com o que podíamos contar, sabíamos que aquela espera augurava necessariamente algo de inesperado… mas mágico. O “senhor Vasco do boné” servia-nos a seguir ao lanche um sortido telegenico de ilusões, por vezes mudas, às vezes dramáticas, tantas vezes cómicas.
Podíamos nem perceber tudo o que ele dizia mas acabávamos sempre por entende-lo, mesmo que recorrendo a rabiscos animados, o “senhor Vasco do boné” ensinava-nos que havia muito mais Mundo para alem dos amigos da escola, para alem da nossa rua ou da casa dos nossos avós.
O “senhor Vasco do boné” dizia muitos nomes acabados em “ev” e em “ov”, o que por vezes, fazia desconfiar se a bondade do seu sorriso ou a simpatia permanentes também eram uma criação de leste. Mas após cada história contada com bonecos de plasticina, vinha sempre o Bugs Bunny ou o Papa-léguas e paz estava refeita, a Guerra-fria tinha acabado.
Com os nossos sonhos, com a nossa imaginação mas sem Vasco Granja, poderíamos ser os mesmos adultos que somos hoje, mas nunca teríamos sido as mesmas crianças.
Obrigado Senhor Vasco do Boné, fui muito feliz consigo.

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