sexta-feira, 3 de abril de 2009

Inaugurações: velhas receitas, novos resultados.


Ano de eleições é, já se sabe, ano de inaugurações.
O povo gosta de ter o ministro ou mesmo secretário de estado lá pela terra. Não interessa que seja para inaugurar uma passagem de peões, na incipiente cultura politica do eleitor tipo português, a mera proximidade física com o politico gera nele, como que por osmose, uma empatia que tem tido comprovados reflexos nas urnas locais.
Mesmo antes da internet, dos telemóveis, dos canais de noticias 24 horas, toda gente lá na aldeia sabia a que hora o ministro chegava, era dia feriado, era dia de festa. O dia da inauguração era um dia diferente, para o povo, e para o ministro. O dia seguinte era dia de trabalho, como outro qualquer, para povo e para o ministro, assim pensava o povo.
Hoje, com a internet, os telemóveis, os canais de notícias 24 horas, mesmo lá na aldeia, verdade crua de uma realidade de uma realidade distante entra “casa a dentro” mesmo na dos mais ingénuos e/ou ignorantes. O “day after” do “governante” em período pré-eleitoral é, até ao dia das eleições, uma contínua cornucópia de inaugurações e beberetes, com desbaratar de dinheiros públicos e alocação de “quadros” que noutras ocasiões, estariam a trabalhar para o bem comum. Para o povo o dia seguinte é, como sempre foi e será um dia de trabalho como os outros…
Se “o dia da inauguração” não é “especial e único” para ministro, então, não espere o ministro, o mesmo reconhecimento e admiração por parte do povo.
A romaria das inaugurações é uma componente folclórica de um modelo de pré-campanha que já fede.
Nos dias da sociedade de informações, não se pode fazer campanha como se fazia nos tempos da 1ª República! O eleitorado, ainda que muito lentamente, vai mudando. Poderá não estar bem informado, mas está mais informado.
Muito em breve, estudaremos os reais efeitos eleitorais que a campanha das inaugurações terá nos resultados eleitorais.
Andar a mostrar a todo o país dia após dia um governo a passear nunca deu nem dará um só voto a ninguém, e terá necessariamente efeito contrário.
É urgente reinventar as agendas da pré-campanha com a dos membros do Governo em funções. Compatibilizar um modelo de campanha de proximidade, que é essencial, com a campanha mediática feita a propósito para os mass media. Quem acertar na receita ficará com a maior fatia do bolo eleitoral. Uma coisa é certa, no futuro, as inaugurações tendem a ser um ingrediente cada vez mais dispensável e de frugal utilidade.

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