quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Timor: à procura de um rumo

Foi hoje apresentado em Dili um relatório do Banco Mundial que revela que a pobreza "aumentou significativamente" em Timor-Leste entre 2001 e 2007.

De acordo com a notícia da Lusa, o relatório "Pobreza Numa Nação Jovem" conclui que metade da população timorense é pobre, vivendo com menos do equivalente a 60 cêntimos de euro por dia, e que um terço desses pobres vivem abaixo do limiar mínimo de pobreza, "ou seja, em situação de pobreza extrema". O nível da pobreza aumentou dos 36,3% indicados em 2001 para 49,9% da população.

"O aumento da pobreza é inteiramente devido ao declínio do consumo médio", explicou Gaurav Datt, da Unidade de Gestão da Redução de Pobreza no Sudeste Asiático do Banco Mundial. "Isto, por sua vez, está relacionado com o fraco desempenho do sector não-petrolífero da economia", adiantou o analista do Banco Mundial.

O Presidente da República, José Ramos-Horta, questionou na ocasião a metodologia e os resultados do relatório e defendeu a política de concessão de subsídios seguida pelo actual Governo. José Ramos-Horta, que assistiu à apresentação do relatório com a ministra das Finanças, Emília Pires, manifestou "algumas dúvidas" e teceu várias críticas aos "génios que têm e trazem todas as soluções" para Timor-Leste e outros países em desenvolvimento. "Algumas das críticas são absolutamente académicas e sem nenhuma ligação com a realidade", acusou o Presidente da República abordando a polémica em torno da concessão de subsídios pelo Estado. "Estou cansado dos génios que não se perguntam o que foi feito de errado ou se os conselhos não foram correctos", acrescentou o chefe de Estado.

Gaurav Datt referiu, a seguir, no início da sua apresentação, que "este relatório é tão bom como é possível obter em qualquer lado do mundo". "Só o próximo relatório poderá mostrar o impacto das medidas que o IV Governo Constitucional tem vindo a tomar na população de Timor-Leste", afirmou a ministra das Finanças.

Comentário: a comunidade internacional, e em especial Portugal, deve tomar atenção à forma como estão a apoiar a jovem nação timorense. Todos aqueles que em 1999 acreditaram e lutaram pela causa da independência devem ter presente que o esforço de mobilização da altura não chega. Um país não se ergue apenas com esperança e aspirações. Será preciso uma colaboração mais eficiente e menos assistencialista.

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