segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Just Do it!


Pegando num artigo (editorial para ser mais preciso) do Bruno Proença, subdirector do Diário Económico, dá para perceber que afinal as pessoas não se dão bem com a mudança. Pois perante grandes ameaças e desafios, trocamos sempre a ousadia pelas “receitas da avozinha”. Não sei se por mera incapacidade, se por afinal sermos todos mais conservadores do que afinal apregoamos.

Frases como – “é o fim do mundo tal como o conhecemos” por Manuel Pinho; “it’s the end of the world as we knew it” por R.E.M.; ou “change we need” por Barack Obama e “Yes We Can” by the american people – que comummente temos ouvido nos últimos tempos, são afinal jargão de uma ala que se diz reformista, mas que ousa pouco (pelo menos não o suficiente)… Até porque podemos fazer asneira e perder o nosso "poleiro". Ou seja são sinais de uma evidência, que todos assumem como necessária, mas que ninguém quer assumir a "despesa".

É difícil tirar os sistemas e as pessoas da sua área de conforto, dos seus paradigmas mais que estudados…

“Depois da excitação global à volta da vitória de Barack Obama, ontem ocorreram três acontecimentos que resgataram o mundo do sonho e trouxeram-no de volta à realidade.E esta não é bonita: a crise está para durar. O Fundo Monetário Internacional veio dizer oficialmente aquilo que todos suspeitavam: a economia mundial vai entrar em recessão, arrastada pelo mundo desenvolvido. O Fundo reviu novamente em baixo as suas previsões e diz agora que Estados Unidos, Japão e Europa vão ter uma quebra no PIB no próximo ano.As bolsas continuam no vermelho. Desde o início da semana estão com quedas na ordem dos 5%. Os investidores continuam nervosos com os maus resultados das empresas e não vislumbram nada que os tranquilize. Nem sequer a agressividade dos banqueiros centrais. O Banco Central Europeu e o Banco de Inglaterra cortaram as suas taxas directoras, tentando injectar confiança e energia na economia. Os mercados nem mexeram. Os gráficos dos índices mantiveram a linha descendente. Agora que estão livres do colete-de-forças da inflação – o preço do crude e dos alimentos continua a cair –, os banqueiros centrais estão focados em tentar segurar a economia. E bem. Estão a baixar as taxas directoras a todo o gás, com o objectivo de aliviar o fardo de empresas e famílias endividadas. E estimular o consumo e investimento. Ironia do destino, estão a fazer aquilo que criticaram em Alan Greenspan. Com a actual crise, Greenspan passou de bestial a besta. Deixou de ser o grande responsável pelo maior período consecutivo de prosperidade nos Estados Unidos, para ser o criador das bolhas e dos desequilíbrios globais que agora implodiram. Mas que fez o antigo presidente do Fed? No início da década, depois do rebentar da bolha das ‘dotcom’, baixou as taxas de juro para tentar aguentar a economia. A pressão do dinheiro barato levou os norte-americanos a investirem fortemente no imobiliário, originando o fenómeno do ‘subprime’. Qual foi o valor mínimo que a taxa atingiu na altura nos Estados Unidos? 1%. E qual é o valor agora? 1%. Ou seja, nem Alan Greenspan era doido, nem Ben Bernanke, o actual presidente do Fed, é distraído. De facto, um banqueiro central não pode fazer muito para tentar combater uma crise. O seu trunfo é baixar os juros. E corre o perigo de curar uma bolha criando novas bolhas na economia que rebentarão no futuro, originando novas crises. Contudo, houve uma asneira que Greenspan cometeu e que convém não repetir. O mercado não pode ficar à solta. Precisa de trela. Não podem existir partes do sistema financeiro fora do chapéu da supervisão. Não podem existir terras de ninguém. Foi aí que nasceu e cresceu o monstro de sete cabeças dos produtos tóxicos que contaminaram o sistema. Alan Greenspan já reconheceu o seu erro. Agora é preciso que políticos e banqueiros o consigam resolver, criando um sistema de regulação global. E ainda falta muito para lá chegar. Enquanto isso não acontecer, o FMI continuará a dar más notícias e as bolsas na rua da amargura.”

Afinal, pergunto eu, quem é que tem “balls” para começar a mudar coisas nas suas vidas, na organização onde trabalham, no bairro onde vivem, …? Ou vão-me dizer que está tudo bem pelo vosso “burgo”!?

Não há Barack nenhum no mundo que consiga imprimir mudança se as próprias pessoas não a quiserem fazer. E atenção que mudar exige sacrifícios e custa. Sendo necessário, na maior parte das vezes ter visão para identificar o que está mal, operar a mudança, e obter resultados somente no longo prazo. Exige muita auto-disciplina, mas sobretudo determinação e força.

Logo, chega de “parlapié” e tocar a pôr as mãos na massa. Este mundo não é para velhos de espírito. Just do it!

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